Monday, October 31, 2005

Artigo do Financial Times sobre Hedge Funds

Hedge funds reject tougher regulation
By James Drummond
Published: October 28 2005 03:00 Last updated: October 28 2005 03:00

A trade body representing British and European hedge funds has rejected any suggestion of tougher regulation by the Financial Services Authority.
Today sees the end of a four-month consultation period in which interested parties could respond to two discussion papers on hedge funds issued by the City regulator in June.
The FSA said then that unless persuaded otherwise it would supervise up to 25 "high-impact" hedge funds more closely. Last month, it named its former head of asset management as the chief of a six-strong unit to monitor hedge fund activity.
But the Alternative Investment Management Association, which has 270 corporate members, said yesterday that the FSA's perception of undue risk to markets from hedge funds was misplaced.
"In AIMA's view, no evidence has been offered to suggest that hedge fund managers are likely to cause any more disruption to the market than other players," the trade body said yesterday.
Perfil da Geração Futuro que saiu hoje no Valor Econômico.

O sucesso do gestor à moda antiga
Mara Luquet

Edmundo Valadão, sócio da corretora Geração Futuro, é um homem à moda antiga. Nascido e criado em Guaratinguetá, interior de São Paulo, ele sempre fez sucesso com as moças porque gastava um bom dinheiro comprando votos para as colegas que queriam vencer o concurso de miss no colégio. Nesses concursos o que vale não é a beleza, mas a capacidade da moça de vender votos para amigos e familiares. Assim ficou popular no interior.
Muitos anos se passaram e ele fez carreira no mercado de capitais. Hoje é bastante popular nesta seara também e conta alguns feitos. Ao contrário da corrente do mercado que prefere a gestão de fundos de investimento, a Geração Futuro tem em suas prateleiras 140 clubes de investimento em ações e apenas dois fundos, ambos premiados com cinco estrelas pela Standard & Poor's. "No clube de investimento os custos de administração são menores e você está mais próximo do cliente", diz.
Este é um expediente que ele gosta bastante, conversar com cotistas. Faz reuniões periódicas para explicar investimentos em determinadas empresas e mostrar a performance dos clubes. A partir do próximo dia 9, reservará toda quarta-feira, das 16 às 20 horas, para receber pessoalmente cotistas. Sem redes de distribuição, essa proximidade do cliente foi a via que a Geração encontrou para furar o bloqueio dos grandes bancos varejistas e hoje administra um total de R$ 600 milhões em clubes. Há clubes de todos os tipos, de familiares, amigos de faculdade, amigos de trabalho etc. "Para criar um clube é necessário ter três pessoas e no máximo 150", diz. "Por isso, tem clubes que é o pai, a mãe e os filhos.". Há também 27 clubes abertos a qualquer investidor com uma quantia inicial de R$ 100.
Nesta semana o primeiro clube de investimento da Geração Futuro, o Programado I, completa cinco anos. Nesse período o clube acumula um ganho de 488%, excepcional se comparado ao Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, que subiu 99,71%. Nem mesmo a renda fixa, a melhor aplicação dos últimos anos dado a elevada taxa de juro, bateu a performance do Programado I. Nesse período o ganho do CDI (taxa de juro do mercado interbancário) foi de 136%.
A receita do sucesso desse clube é simples, diz Valadão: comprar empresas que tenham valor e mantê-las em carteira. Estão na carteira do clube desde o início de sua existência, por exemplo, as ações da Randon, empresa de auto peças e implementos rodoviários, uma das cinco maiores do setor no mundo. Valadão conta que, quando comprou as ações da empresa para o Clube Programado I, pagou R$ 1,35. Hoje, os mesmos papéis valem R$ 6,20. Do total do patrimônio do clube, 14% estão aplicado em ações da Randon.
Mas este não é um caso isolado. A regra é não ficar trocando de ações. As ações da Guararapes, empresa do setor têxtil, é outro bom exemplo. Valadão conta que comprou os papéis por R$ 18, hoje a ação é cotada a R$ 50 e ele diz que só vende se enxergar algum sinal de redução no lucro da empresa. Caso contrário, enquanto ela estiver com bons administradores, dando lucro e em expansão, ele mantém o papel e não está nem aí para o humor do mercado.
Definitivamente, Valadão não é o tipo de investidor que acompanha mercado. Seu negócio é acompanhar empresas. Por isso, os clubes da Geração possuem hoje participação relevante no capital de algumas empresas. Estão ainda nas carteiras ações da Weg, da Gerdau, da Caemi, da Perdigão, da Usiminas e também da Forjas Taurus.
Artigo do Valor Econômico de hoje (31/10/05)

Uma avaliação do regime de metas de inflação no Brasil
Por Luiz Fernando de Paula

Em estudo recente, escrito em co-autoria com Philip Arestis (Universidade de Cambridge) e Fernando Ferrari (UFRGS), procuramos comparar - usando dados do FMI - a experiência brasileira com metas de inflação com a de outros países emergentes, dividindo-os em dois grupos: 1) países que adotaram metas de inflação; e 2) países que não adotaram. Além disso, buscamos avaliar algumas especificidades do caso brasileiro (o artigo intitulado "Inflation Targeting in Emerging Countries: the case of Brazil" está disponível no sítio: http://paginas.terra.com.br/educacao/luizfpaula/home.htm ).
Uma primeira avaliação comparativa feita a partir de dados relativos ao comportamento da taxa de inflação e da taxa de crescimento do PIB, desde a década de 1980, mostra que a queda na taxa de inflação é uma tendência geral entre os países emergentes, tanto para países que adotaram metas de inflação, quanto para aqueles que não adotaram. De fato, alguns países emergentes que não adotaram metas de inflação, como China, Índia, Egito e Malásia, tiveram taxas de inflação média abaixo de 4% ao ano nos últimos anos.
Tampouco há evidências de que países emergentes que adotaram metas de inflação tiveram nos últimos anos um desempenho melhor em termos do PIB do que os países que não adotaram. De novo, China, Índia, Malásia e Egito estão entre os países que tiveram o melhor desempenho em termos do crescimento do PIB, com média de 9,8%, 6,1%, 6,0% e 4,6%, respectivamente, em 1992/2003, enquanto há países que adotaram metas de inflação e tiveram um crescimento bem mais baixo no período - República Checa (2,2%), México (2,7%) e Israel (3,9%).
Os dados acima referidos parecem sugerir que os melhores resultados econômicos podem resultar de outros fatores não relacionados à adoção de um regime de metas de inflação. Alguém poderia sugerir que estes resultados são específicos dos países emergentes, e que não seria o caso dos países desenvolvidos, onde o regime de metas de inflação seria mais adequado. Tampouco há evidências para isto. Um estudo recente feito por Ball e Sheridan, analisando os países do OCDE, conclui que "os aspectos formais e institucionais do regime - anúncio público das metas, relatórios de inflação e independência dos bancos centrais - não são importantes. Nada nos dados sugere que metas convertidas iriam se beneficiar de adotar metas explícitas".
Dentro deste panorama geral, Brasil é um caso interessante: a inflação tem se mantido elevada quando comparada a outros países emergentes no período recente (IPCA médio de 8,7% em 1999/2004), apesar de o país praticar uma das maiores taxas de juros do mundo (média de 19,8% em 1999/2004). Ao mesmo tempo, em boa parte devido às elevadíssimas taxas de juros, o crescimento do PIB real (média de 2,3% no mesmo período) tem se mantido claramente abaixo das necessidades de crescimento do país.
Para sair do impasse econômico, o país precisa criar condições para reduzir os juros e a volatilidade do câmbio
No Brasil, a volatilidade da taxa de câmbio tem sido considerável a partir da adoção de um regime de câmbio flutuante, em 1999. De fato, como a experiência brasileira recente atesta, em países emergentes com elevado nível de dívida externa e conta de capital totalmente liberalizada, fluxos de capitais externos podem causar períodos de intensa instabilidade na taxa de câmbio. Estudos empíricos têm mostrado que as autoridades monetárias brasileiras usam a taxa de juros não somente para controlar diretamente a inflação, mas também para influenciar a taxa de câmbio, buscando controlar em alguma medida as pressões sobre a taxa de câmbio nominal.
Como mostra o gráfico, os índices de preços no Brasil acompanham, com alguma defasagem, o movimento da taxa de câmbio. Em outras palavras, a elevação ou diminuição da inflação no Brasil resulta, em boa medida, da depreciação ou apreciação cambial. Portanto, a taxa de câmbio é uma variável-chave para entender o movimento da inflação no Brasil. Em particular, em momentos de saídas mais significativas de capitais do país, o Banco Central é obrigado a responder à maior depreciação cambial elevando a taxa de juros para evitar o aumento da inflação.
No caso do IGP-DI, dada a sua maior sensibilidade à taxa de câmbio (já que é composto em 60% pelo índice de preço de atacado), a influência do câmbio é ainda mais marcante do que no IPCA. Já no caso do IPCA, que é o índice oficial da inflação, a taxa de câmbio influencia direta e indiretamente: diretamente pelo efeito causado pela apreciação ou depreciação cambial sobre os custos de produção das empresas (em função do barateamento ou encarecimento dos bens importados); e indiretamente via IGP, já que este índice é usado como referência para reajustar alguns preços administrados, como eletricidade.
Segundo nossos cálculos, o peso dos preços administrados no IPCA foi de cerca de 28% em média no período de abril de 2003 a março de 2005. Portanto, ainda há um componente inercial significativo na taxa de inflação brasileira. Considerando que esses preços são insensíveis ao movimento da taxa de juros, o Banco Central é "obrigado" a praticar taxas maiores do que seriam necessárias para controlar a inflação que resulta dos preços livres.
Em conclusão, a experiência do funcionamento do regime de metas de inflação no Brasil tem resultado em uma performance econômica pobre com taxas de inflação relativamente elevadas. Torna-se necessário, portanto, discutir alternativas para a superação desta situação, o que passa não somente pela necessidade de criar condições para a redução da taxa de juros como também de criar instrumentos para reduzir a volatilidade excessiva da taxa de câmbio no país.