Monday, October 31, 2005

Perfil da Geração Futuro que saiu hoje no Valor Econômico.

O sucesso do gestor à moda antiga
Mara Luquet

Edmundo Valadão, sócio da corretora Geração Futuro, é um homem à moda antiga. Nascido e criado em Guaratinguetá, interior de São Paulo, ele sempre fez sucesso com as moças porque gastava um bom dinheiro comprando votos para as colegas que queriam vencer o concurso de miss no colégio. Nesses concursos o que vale não é a beleza, mas a capacidade da moça de vender votos para amigos e familiares. Assim ficou popular no interior.
Muitos anos se passaram e ele fez carreira no mercado de capitais. Hoje é bastante popular nesta seara também e conta alguns feitos. Ao contrário da corrente do mercado que prefere a gestão de fundos de investimento, a Geração Futuro tem em suas prateleiras 140 clubes de investimento em ações e apenas dois fundos, ambos premiados com cinco estrelas pela Standard & Poor's. "No clube de investimento os custos de administração são menores e você está mais próximo do cliente", diz.
Este é um expediente que ele gosta bastante, conversar com cotistas. Faz reuniões periódicas para explicar investimentos em determinadas empresas e mostrar a performance dos clubes. A partir do próximo dia 9, reservará toda quarta-feira, das 16 às 20 horas, para receber pessoalmente cotistas. Sem redes de distribuição, essa proximidade do cliente foi a via que a Geração encontrou para furar o bloqueio dos grandes bancos varejistas e hoje administra um total de R$ 600 milhões em clubes. Há clubes de todos os tipos, de familiares, amigos de faculdade, amigos de trabalho etc. "Para criar um clube é necessário ter três pessoas e no máximo 150", diz. "Por isso, tem clubes que é o pai, a mãe e os filhos.". Há também 27 clubes abertos a qualquer investidor com uma quantia inicial de R$ 100.
Nesta semana o primeiro clube de investimento da Geração Futuro, o Programado I, completa cinco anos. Nesse período o clube acumula um ganho de 488%, excepcional se comparado ao Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, que subiu 99,71%. Nem mesmo a renda fixa, a melhor aplicação dos últimos anos dado a elevada taxa de juro, bateu a performance do Programado I. Nesse período o ganho do CDI (taxa de juro do mercado interbancário) foi de 136%.
A receita do sucesso desse clube é simples, diz Valadão: comprar empresas que tenham valor e mantê-las em carteira. Estão na carteira do clube desde o início de sua existência, por exemplo, as ações da Randon, empresa de auto peças e implementos rodoviários, uma das cinco maiores do setor no mundo. Valadão conta que, quando comprou as ações da empresa para o Clube Programado I, pagou R$ 1,35. Hoje, os mesmos papéis valem R$ 6,20. Do total do patrimônio do clube, 14% estão aplicado em ações da Randon.
Mas este não é um caso isolado. A regra é não ficar trocando de ações. As ações da Guararapes, empresa do setor têxtil, é outro bom exemplo. Valadão conta que comprou os papéis por R$ 18, hoje a ação é cotada a R$ 50 e ele diz que só vende se enxergar algum sinal de redução no lucro da empresa. Caso contrário, enquanto ela estiver com bons administradores, dando lucro e em expansão, ele mantém o papel e não está nem aí para o humor do mercado.
Definitivamente, Valadão não é o tipo de investidor que acompanha mercado. Seu negócio é acompanhar empresas. Por isso, os clubes da Geração possuem hoje participação relevante no capital de algumas empresas. Estão ainda nas carteiras ações da Weg, da Gerdau, da Caemi, da Perdigão, da Usiminas e também da Forjas Taurus.

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