Monday, March 13, 2006

Hedging - Griffo

Matéria de 13 de Março do Valor Econômico.

Hedging-Griffo abre fundo que seguirá o legendário Verde
Mara Luquet

Hoje, o fundo HG Verde, da Hedging-Griffo, um dos mais antigos e bem sucedidos "hedge funds" brasileiros, abre para captação. Na verdade, trata-se do HG Verde 90, uma carteira que replicará a original, mas os resgates serão feitos em D+90, ou seja, três meses depois do pedido.
Desde 2002, o Verde não aceitava novas aplicações. Na ocasião, o sócio da Hedging-Griffo Luis Stuhlberger explicou que o mercado brasileiro não tinha liquidez e ativos suficientes para comportar fundos hedge com patrimônios muito grandes. "Mas o Brasil melhorou, o volume da bolsa dobrou e aumentou a liquidez das opções", diz ele. Assim, foi possível criar mais uma carteira dentro da família Verde, que hoje já soma R$ 4 bilhões em patrimônio.
De qualquer forma, o espaço para crescimento é limitado. Assim, Stuhlberger explica que o fundo ficará aberto até o dia 21 e apenas para uma captação limitada a R$ 300 milhões. Deste volume, R$ 100 milhões serão destinados aos parceiros da Griffo que distribuem o Verde e os outros R$ 200 milhões para os clientes da corretora. Se a demanda superar essa tranche, haverá um rateio.
O Verde é um caso de sucesso, com ganho acumulado de 2.130% desde seu início, há pouco mais de nove anos. No mesmo período, o ganho do CDI foi de 473,39%. O fundo teve início em 1997, num momento em que gestores independentes começavam a aparecer no Brasil. No entanto, naquele mesmo ano, esse movimento foi freado pela crise devastadora que assolou os mercados emergentes entre o fim de 1997 e início de 1999. Poucos fundos de independentes conseguiram sobreviver.
O Verde atravessou o período com um desempenho espetacular. Não apenas sobreviveu como exibiu uma performance que construiu sua fama. A filosofia do seu gestor, que permanece até hoje, é: buscar oportunidades na contramão do mercado. Um exemplo pode ser visto este ano, em que a carteira acumula ganho de 9,04%, para um CDI de 2,58%.
Uma das razões desse ganho, Stuhlberger credita à operação com bônus do Banco do Brasil.
"Entre 1999 e 2004 fui colecionando os bônus do banco", conta Stuhlberger. Esses bônus foram emitidos quando as ações do Banco do Brasil valiam em mercado cerca de R$ 6 e os papéis traziam um preço de subscrição de R$ 9. Ou seja, quem pagaria mais para comprar ações que em mercado valiam bem menos? Stuhlberger pagou. Ele comprou os bônus a R$ 2. Agora, valem R$ 27. E as ações do BB eram negociadas na sexta-feira a R$ 56,19.
O Verde chamou a atenção do mercado pela primeira vez em outubro de 1997. O fundo ainda não tinha sequer completado seu primeiro ano de vida e experimentou naquele mês um ganho de 5%. Mas o que mais despertou o interesse do mercado foi que essa performance excepcional ocorreu num momento em que a maior parte das carteiras sofria horrores com o auge da crise iniciada na Tailândia.
A operação que gerou tal ganho foi no mercado de juros e começou a ser montada no dia 24 daquele mês. "Lembro perfeitamente porque era o dia do meu aniversário", conta Stuhlberger. Durante um almoço com os sócios, no restaurante Charlô, em São Paulo, ele conta que passava por telefone as ordens de compra para o pessoal da mesa de operações na Hedging-Griffo.
Stuhlberger montou a operação com contratos de derivativos de juros que simulavam um financiamento. Ele tomou dinheiro a 19% ao ano. Ocorre que, quatro dias depois, o governo, por conta da crise, puxou a taxa de juro básica da economia para 40%. Ou seja, o Verde tinha um dinheiro extremamente barato que passara a valer muito no mercado e ele poderia emprestar a taxas bem mais altas.
Stuhlberger tem muitas outras histórias para contar. Em agosto de 2002, por exemplo, o fundo chegou a perder 2,17%. Ele conta que a carteira tinha um "hedge" com contratos de câmbio que não funcionou naquele momento, quando o dólar chegou a ser cotado a R$ 3,4 no mercado à vista. "Não tinha muito o que fazer porque eu não queria vender as ações, então era só esperar", conta.
Mas o mais importante, diz, é que, durante esse tempo, ele construiu uma relação de confiança com os cotistas que o permite manter a calma mesmo em momentos de adversidades.

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