Fundo ISE do HSBC
Matéria publicada em 29/12/05 no Valor Econômico
HSBC cria fundo de ações atrelado ao ISE
Por Angelo Pavini De São Paulo
Antes de completar um mês da criação do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), que leva em conta questões sócio-ambientais e de governança na seleção das empresas que o compõem, a HSBC Investments lança um fundo atrelado ao indicador. O HSBC Fundo de Investimento em Ações ISE começa a receber aplicações na segunda-feira e reproduzirá em sua carteira os papéis do índice. A aplicação mínima é de R$ 1 mil e a movimentação, de R$ 100. A taxa de administração será de 2,5% ao ano.
Este é o segundo fundo criado com base no ISE. O primeiro foi o BB Ações ISE, do Banco do Brasil, que acumula captação de R$ 1,845 milhão. Apenas dois outros bancos possuem fundos que levam em conta a sustentabilidade, o ABN Amro, com o Ethical, e o Itaú, com o Excelência Social.
O ISE foi criado no fim de novembro a partir de um acordo entre a Bolsa de Valores de São Paulo, o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces) e o International Finance Corporation (IFC), braço de investimentos do Banco Mundial (Bird). O índice começou a ser calculado no dia 1º de dezembro.
A idéia de criar um fundo de sustentabilidade já era antiga, diz Fernando Meibak de Oliveira, responsável pela HSBC Investments. Por isso, ele acompanhou atentamente a estruturação do ISE, até porque um dos principais gestores da HSBC Investments, Luiz Ribeiro, era do IFC e participou da elaboração do índice.
Meibak acredita que é importante oferecer esse tipo de fundo para os clientes e, por isso, o banco decidiu fazer no primeiro trimestre de 2006 vários eventos nas principais cidades do país em parceria com o GVces. "Queremos divulgar o conceito da sustentabilidade para investidores institucionais, do private bank e do varejo", diz. A proposta é aproveitar o período em que os investidores, especialmente os institucionais, estão revendo suas estratégias de aplicação para o ano. Meibak lembra que hoje a maioria desses investidores usa como referencial para os ganhos de suas carteiras os índices Ibovespa e o Índice Brasil (IBrX) 100 ou 50. "Primeiro temos de convencer os investidores da importância de usar o ISE como referencial também", explica.
Um dos problemas do ISE é que hoje, ele é muito concentrado no setor financeiro, admite Luiz Ribeiro. Mas ele lembra que é um efeito inevitável uma vez que o setor de serviços tem um impacto muito menor no meio ambiente do que o industrial, por exemplo. "Mas acredito que isso será minimizado no futuro, com o ISE ganhando força e mais empresas respondendo aos questionários da GVces para entrar no índice", afirma. Ele diz que a criação de mais fundos como o HSBC ISE e a procura dos investidores por esse tipo de aplicação vai incentivar a mudança. E lembra que, no exterior, o HSBC lançou dois fundos globais de sustentabilidade, o Global Equity SRI, com sede em Luxemburgo, e o Life Global SRI, para fundos de pensão, em Londres.
Ribeiro lembra que a sustentabilidade é observada pelo IFC na hora de conceder empréstimos para empresas, critério que vem sendo adotado também pelos bancos privados. Segundo ele, empresas que seguem os três pilares da sustentabilidade - respeito aos critérios sociais e ambientais, governança corporativa e baixo endividamento em relação à estrutura de capital - representam menor risco para o credor ou investidor e tendem a garantir o sucesso da empresa por um período mais longo.
Ribeiro diz ainda que, olhando o histórico de desempenho dos diversos índices e fundos internacionais, o que se vê é que não se consegue provar que os investimentos em sustentabilidade têm melhor desempenho que os demais. Mas também não têm performance menor. "Isso já é uma grande vantagem em fazer a opção pela sustentabilidade", diz Ribeiro.
Indicador supera Ibovespa
Daniele Camba De São Paulo
Às vésperas de completar um mês, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) revela que o investidor já valoriza as ações de empresas que praticam responsabilidade social e ambiental. Desde a sua estréia, no dia 1º de dezembro até o dia 27, o ISE acumula valorização de 4,73% frente 4,55% do Índice Bovespa.
Para os especialistas, muito mais que o desempenho de um mês, será no longo prazo que os índices que reúnem as empresas com boas práticas devem se destacar frente índices mais técnicos, como o Ibovespa, cujo critério de escolha é a liquidez das ações.
O comportamento de índices na linha do ISE e que já existem a mais tempo comprovam essa tese. O mais velho deles é o Índice de Governança Corporativa (IGC), composto pelas empresas que fazem parte dos Níveis 1, 2 e Novo Mercado de governança corporativa. Desde a sua criação, em junho de 2001, o IGC acumula rentabilidade de 267,20%, muito acima dos 129,52% do Ibovespa, até dia 27. "É isso que deve ocorrer com os índices seletivos frente aos técnicos", diz o especialista em sustentabilidade Roberto Gonzalez.
O Índice de Tag Along (Itag) - que reúne as empresas que oferecem aos minoritários o mesmo valor ou um percentual acima de 70% do que foi pago ao controlador em caso de troca de controle -, apesar de ser mais novo (começou em junho), também mostra essa superioridade. Desde a sua criação, o Itag acumula alta de 48,17% frente a 33,21% do Ibovespa, até dia 27.
Além da sustentabilidade, Gonzalez acredita que a grande participação de ações de bancos pode contribuir para o desempenho do ISE em 2006. Com o crescimento do consumo, os bancos devem dar continuidade ao processo de aumento de crédito.
Há empresas que estão em todos os índices de boas práticas. Das 28 companhias que compõem o ISE, apenas seis não estão em nenhum dos níveis de governança da Bovespa - Eletrobrás, Banco do Brasil, Copel, Cesp, Embraer e Copesul. Para o superintendente de operações da Bovespa, Ricardo Pinto Nogueira, isso não é coincidência. "O empresário que se compromete com sustentabilidade geralmente também está engajado em outros tipos de boas práticas."
Thursday, December 29, 2005
Tuesday, December 27, 2005
Fides Asset Management
Matéria sobre a Fides que saiu hoje (27 de Dezembro) no Valor Econômico.
Fides muda estratégia e lança uma carteira long/short
Daniele Camba De São Paulo
A administradora de recursos independente Fides Asset Management - uma das precursoras dos fundos de arbitragem de ações (os long/short) - está se reestruturando e a partir de agora vai se especializar na gestão de carteiras com foco em renda variável e seus derivativos. Uma das conseqüências desse novo rumo foi a saída de um dos sócios, César Trotte, que montou sua própria asset, a Mandarim, levando junto o fundo multimercado Fides Advanced, que foi o primeiro produto lançado pela asset, em 2002, e que atua nos diversos mercados - câmbio, juros e bolsa. Dentro da nova estratégia, a Fides acaba de lançar um fundo de arbitragem de ações, o Fides Long Short Plus.
Um dos estímulos para essa mudança de rota foi a movimentação do setor este ano, quando várias assets que possuem fundos multimercados que atuam com diversos ativos registraram quedas significativas de retorno e uma onda de resgates. Já os multimercados mais focados em um determinado tipo de ativo, como os long/short, foram os que sofreram menos arranhões. Não por acaso, esta foi uma das categorias de fundos que mais cresceu este ano.
O exemplo do mercado americano, que se desenvolveu muito calcado em empresas de gestão especializada, também influenciou na decisão. "O Brasil ainda está longe dos EUA, mas caminha para a mesma linha da especialização", diz um dos sócios da Fides Mário Van Erven. Ele acredita que, cada vez mais, o investidor está percebendo que uma gestão especializada geralmente oferece resultados melhores e, por isso, está disposto a pagar mais por ela.
O cenário macroeconômico brasileiro, com o processo de queda dos juros, foi o empurrão final na decisão da asset. Para Van Erven, o corte da taxa Selic, somado aos bons fundamentos da economia, devem deflagrar uma valorização das ações.
Para essa nova fase, a asset está reforçando a equipe, contratando dois analistas de ações, dois gestores e uma pessoa para a área comercial. Também acaba de lançar o fundo Fides Long Short Plus, que irá buscar as melhores oportunidades com arbitragem de ações e no mercado futuro. O próximo passo deve ser o lançamento de outro fundo de arbitragem, com uma estratégia mais específica, mas que Van Erven não detalha.
O fundo Plus vai replicar o modelo de investimento do Fides Long Short (o primeiro da asset nessa categoria), que atingiu o patrimônio de R$ 120 milhões, que era a meta. A estratégia se divide em quatro grupos: um de apostas direcionais, um de ações de baixa liquidez ("small caps"), um de arbitragem pura entre os papéis e um de opções.
Diferente do Fides Long Short, que não usa alavancagem - assumir posições além de seu patrimônio -, o Plus poderá alavancar o seu patrimônio entre duas e três vezes, ou seja, é mais arriscado, mas os ganhos também podem ser maiores. A aposta da asset é que, com os juros em queda, o investidor estará disposto a correr mais risco em troca de retorno. Isso deve aumentar a oferta de multimercados com alavancagem, que atualmente ainda é pequena.
Exatamente pelo risco, o novo fundo tem carência de 40 dias (o saque ocorre 40 dias após o pedido) e a meta é atingir um patrimônio entre R$ 60 milhões e R$ 80 milhões, a metade do primeiro. A aplicação mínima é de R$ 30 mil, com taxa de administração de 2% ao ano e a de performance de 20% do que exceder o CDI. No ano, até o dia 15, o Fides Long Short (o antigo) acumula retorno de 23,86%, ou 131% do CDI.
A especialização já deu frutos. A asset aumentou de 8 para 25 o número de instituições que distribuem seus fundos e o patrimônio do Fides Long Short saltou de R$ 30 milhões, em julho, para os atuais R$ 120 milhões.
Matéria sobre a Fides que saiu hoje (27 de Dezembro) no Valor Econômico.
Fides muda estratégia e lança uma carteira long/short
Daniele Camba De São Paulo
A administradora de recursos independente Fides Asset Management - uma das precursoras dos fundos de arbitragem de ações (os long/short) - está se reestruturando e a partir de agora vai se especializar na gestão de carteiras com foco em renda variável e seus derivativos. Uma das conseqüências desse novo rumo foi a saída de um dos sócios, César Trotte, que montou sua própria asset, a Mandarim, levando junto o fundo multimercado Fides Advanced, que foi o primeiro produto lançado pela asset, em 2002, e que atua nos diversos mercados - câmbio, juros e bolsa. Dentro da nova estratégia, a Fides acaba de lançar um fundo de arbitragem de ações, o Fides Long Short Plus.
Um dos estímulos para essa mudança de rota foi a movimentação do setor este ano, quando várias assets que possuem fundos multimercados que atuam com diversos ativos registraram quedas significativas de retorno e uma onda de resgates. Já os multimercados mais focados em um determinado tipo de ativo, como os long/short, foram os que sofreram menos arranhões. Não por acaso, esta foi uma das categorias de fundos que mais cresceu este ano.
O exemplo do mercado americano, que se desenvolveu muito calcado em empresas de gestão especializada, também influenciou na decisão. "O Brasil ainda está longe dos EUA, mas caminha para a mesma linha da especialização", diz um dos sócios da Fides Mário Van Erven. Ele acredita que, cada vez mais, o investidor está percebendo que uma gestão especializada geralmente oferece resultados melhores e, por isso, está disposto a pagar mais por ela.
O cenário macroeconômico brasileiro, com o processo de queda dos juros, foi o empurrão final na decisão da asset. Para Van Erven, o corte da taxa Selic, somado aos bons fundamentos da economia, devem deflagrar uma valorização das ações.
Para essa nova fase, a asset está reforçando a equipe, contratando dois analistas de ações, dois gestores e uma pessoa para a área comercial. Também acaba de lançar o fundo Fides Long Short Plus, que irá buscar as melhores oportunidades com arbitragem de ações e no mercado futuro. O próximo passo deve ser o lançamento de outro fundo de arbitragem, com uma estratégia mais específica, mas que Van Erven não detalha.
O fundo Plus vai replicar o modelo de investimento do Fides Long Short (o primeiro da asset nessa categoria), que atingiu o patrimônio de R$ 120 milhões, que era a meta. A estratégia se divide em quatro grupos: um de apostas direcionais, um de ações de baixa liquidez ("small caps"), um de arbitragem pura entre os papéis e um de opções.
Diferente do Fides Long Short, que não usa alavancagem - assumir posições além de seu patrimônio -, o Plus poderá alavancar o seu patrimônio entre duas e três vezes, ou seja, é mais arriscado, mas os ganhos também podem ser maiores. A aposta da asset é que, com os juros em queda, o investidor estará disposto a correr mais risco em troca de retorno. Isso deve aumentar a oferta de multimercados com alavancagem, que atualmente ainda é pequena.
Exatamente pelo risco, o novo fundo tem carência de 40 dias (o saque ocorre 40 dias após o pedido) e a meta é atingir um patrimônio entre R$ 60 milhões e R$ 80 milhões, a metade do primeiro. A aplicação mínima é de R$ 30 mil, com taxa de administração de 2% ao ano e a de performance de 20% do que exceder o CDI. No ano, até o dia 15, o Fides Long Short (o antigo) acumula retorno de 23,86%, ou 131% do CDI.
A especialização já deu frutos. A asset aumentou de 8 para 25 o número de instituições que distribuem seus fundos e o patrimônio do Fides Long Short saltou de R$ 30 milhões, em julho, para os atuais R$ 120 milhões.
Wednesday, December 21, 2005
Guggenheim Alternative Asset Management
O braço de asset management da Guggenheim foi vendida para o Bank of Ireland.
Bank of Ireland buys U.S. fund of hedge funds firm
DUBLIN (Reuters) - Bank of Ireland said on Tuesday it had agreed to pay $184 million (104 million pounds) for 71.5 percent of Guggenheim Alternative Asset Management, a U.S. fund of hedge funds manager focused on institutional and high net-worth clients.
The New York-based company, with around $2.8 billion under management, is part of leading private wealth and investment management firm Guggenheim Partners, Bank of Ireland said.
Ireland's second-biggest company by market value, Bank of Ireland said the acquisition was part of its strategy to expand its portfolio of niche skill-based businesses internationally.
"We believe their sophisticated fund of hedge funds platform will be an attractive option for our institutional clients," the bank's chief executive, Brian Goggin, said in a statement.
Dominic Curcio, managing partner of Guggenheim Partners, said the deal would help the firm to grow by harnessing Bank of Ireland's international distribution capability.
Under the deal, due to close at the end of January, the management of Guggenheim Alternative Asset Management will retain 11 percent and Guggenheim Partners 17.5 percent.
O braço de asset management da Guggenheim foi vendida para o Bank of Ireland.
Bank of Ireland buys U.S. fund of hedge funds firm
DUBLIN (Reuters) - Bank of Ireland said on Tuesday it had agreed to pay $184 million (104 million pounds) for 71.5 percent of Guggenheim Alternative Asset Management, a U.S. fund of hedge funds manager focused on institutional and high net-worth clients.
The New York-based company, with around $2.8 billion under management, is part of leading private wealth and investment management firm Guggenheim Partners, Bank of Ireland said.
Ireland's second-biggest company by market value, Bank of Ireland said the acquisition was part of its strategy to expand its portfolio of niche skill-based businesses internationally.
"We believe their sophisticated fund of hedge funds platform will be an attractive option for our institutional clients," the bank's chief executive, Brian Goggin, said in a statement.
Dominic Curcio, managing partner of Guggenheim Partners, said the deal would help the firm to grow by harnessing Bank of Ireland's international distribution capability.
Under the deal, due to close at the end of January, the management of Guggenheim Alternative Asset Management will retain 11 percent and Guggenheim Partners 17.5 percent.
HG Selic 2040
Segue matéria sobre o novo fundo da Hedging-Griffo que saiu no Valor Econômico de 20 de Dezembro.
Gestora cria carteira com dívida e sem risco cambial
Por Angelo Pavini De São Paulo
Que os papéis da dívida externa brasileira têm sido um bom negócio, isso ninguém duvida. Basta verificar a alta que o preço do Global 40, papel com vencimento em 2040, teve de dezembro de 2002 até sexta-feira: 102,6%. A expectativa de que a situação externa brasileira continue melhorando e que o país pague suas dívidas lá fora com tranqüilidade - reforçada pela decisão de quitar o débito com o Fundo Monetário Internacional e pelo crescimento das reservas - faz com que analistas prevejam ganhos também para o futuro. O problema é como o investidor local pode aplicar nesses papéis.
A alternativa até agora eram os Fundos de Investimento no Exterior (Fiex), que compram dólares e depois os usam para adquirir os papéis no mercado internacional. O problema é que, com o dólar em queda, esses fundos acabaram perdendo na variação cambial tudo o que ganharam com os títulos. Além disso, o investidor abre mão do juro local, de 18% ao ano, para ficar com um retorno próximo de 7% ao ano lá fora. No ano, esses fundos apresentam perda de 4,62% até 14 de dezembro, segundo dados do site Fortuna. No mês, o ganho é de 2,44%, graças à alta dos papéis e à melhora do dólar.
De olho nessa oportunidade, a Hedging-Griffo criou um fundo que vai buscar o melhor dos dois mundos: garantir os ganhos futuros desses papéis e ao mesmo tempo o CDI. O fundo HG Selic 2040 será um multimercado que terá sua carteira 100% aplicada em títulos corrigidos pelo CDI e, ao mesmo tempo, uma parcela de 51% alavancados em contratos futuros de Global 40, na BM&F. Isso significa que não haverá risco cambial.
Outra novidade é que ele terá o ganho extra do aluguel dos títulos da dívida no exterior. Isso porque o banco que vende o contrato futuro de Global 40 na BM&F para o fundo compra o papel lá fora e, em vez de guardá-lo no cofre, o aluga para um fundo hedge ou um investidor, que vai usá-lo para especular no mercado internacional. E, do aluguel recebido, 85% ficam com o fundo brasileiro.
"É uma vantagem sobre um investidor que vai sozinho comprar o papel no exterior e não tem poder de barganha para negociar uma parte do aluguel com o banco", explica Ricardo Campos, sócio gestor da Hedging-Griffo. "A idéia é ter uma rentabilidade equivalente ao CDI, acrescida da taxa de juros do papel brasileiro 2040 lá fora e ainda com o adicional do aluguel, sem correr o risco do dólar", afirma Campos. Esse ganho extra girava em torno de 5% ao ano na semana passada. Como o fundo tem 51% aplicados no Global 40, receberia a metade, ou seja, 2,5%, além do ganho com o CDI.
O fundo chega em um momento em que os juros pagos pelos papéis brasileiros já caíram bastante, reconhece Campos. Mas isso reforça a característica de longo prazo da aplicação. "Este fundo é para quem está olhando o Brasil para daqui dez anos, quando os juros estiverem menores tanto aqui quanto no exterior", explica. Já Luis Stuhlberger, sócio da Hedging-Griffo, compara o fundo à compra de um apartamento na planta. "Você está comprando um ótimo imóvel em um bairro que vai se valorizar em cinco, dez anos", diz. A taxa de administração do fundo, voltado para investidores qualificados, com mais de R$ 300 mil para aplicar, é de 0,7% ao ano e a aplicação mínima é de R$ 50 mil.
O Global 40 é hoje o título da dívida com maior volume de negócios, substituindo os C-Bonds. Com isso, seu aluguel subiu de 1% ao ano para 3% ao ano em média. "E em momentos de crise, esse percentual sobe pois mais gente quer alugar o papel para vender apostando na baixa", explica Campos.
A aposta é na melhora do risco-Brasil. Portanto, o investidor tem de estar consciente que, se o risco subir, haverá perdas, que podem ser amenizadas pelo aluguel e pelo rendimento do CDI da carteira, mas vão impactar o resultado. "Para cada ponto percentual de alta no risco, o preço do Global 40 cai 6,5%", diz Campos. Como o fundo tem metade da carteira nesses papéis, a perda cai pela metade, para 3,25%. Esse percentual acaba sendo reduzido também pelo aluguel, e no final o investidor poderia ter um ganho em torno de 95% do CDI, diz Campos. "Mas isso só vale para quem sair antes do vencimento do papel e o vender a preço de mercado", lembra ele. "Quem ficar terá garantido o retorno acertado no ato da compra", diz.
Na visão da Hedging-Griffo, porém, os fundamentos da dívida brasileira são bastante sólidos e sua volatilidade deve ser menor do que a da bolsa brasileira, diz Stuhlberger. Ele lembra que o país conta com um volume de reservas internacionais de US$ 60 bilhões, para uma dívida do governo em torno de US$ 80 bilhões. "Só não paga se não quiser", afirma, lembrando que a situação é mais confortável até que a da dívida interna.
A tendência também é de que o governo reduza ainda mais essa dívida, para facilitar a vida do próximo governo. Até 2010, vencem cerca de US$ 20 bilhões em papéis do governo, que em boa parte devem ser pagos. "Trata-se de um processo, primeiro o governo reduziu a dívida interna em dólar a quase zero, depois passou a comprar dólar e reforçar as reservas e agora a próxima fase deve ser recomprar dívida de curto prazo no mercado internacional", afirma Stuhlberger. E, com menos papéis, o preço sobe e o investidor ganha.
Não se trata de um fundo de curto prazo. "Se na primeira turbulência o cliente sacar vai perder." E faz as contas: "se o Global 40 pagar 5% ao ano entre juros e aluguel, ganhando metade, ou seja, 2,5%, correspondentes à parcela do fundo aplicada, o investidor poderia ter 35% de ganho além do CDI em 15 anos, um terço a mais do capital investido, fora os juros".
Segue matéria sobre o novo fundo da Hedging-Griffo que saiu no Valor Econômico de 20 de Dezembro.
Gestora cria carteira com dívida e sem risco cambial
Por Angelo Pavini De São Paulo
Que os papéis da dívida externa brasileira têm sido um bom negócio, isso ninguém duvida. Basta verificar a alta que o preço do Global 40, papel com vencimento em 2040, teve de dezembro de 2002 até sexta-feira: 102,6%. A expectativa de que a situação externa brasileira continue melhorando e que o país pague suas dívidas lá fora com tranqüilidade - reforçada pela decisão de quitar o débito com o Fundo Monetário Internacional e pelo crescimento das reservas - faz com que analistas prevejam ganhos também para o futuro. O problema é como o investidor local pode aplicar nesses papéis.
A alternativa até agora eram os Fundos de Investimento no Exterior (Fiex), que compram dólares e depois os usam para adquirir os papéis no mercado internacional. O problema é que, com o dólar em queda, esses fundos acabaram perdendo na variação cambial tudo o que ganharam com os títulos. Além disso, o investidor abre mão do juro local, de 18% ao ano, para ficar com um retorno próximo de 7% ao ano lá fora. No ano, esses fundos apresentam perda de 4,62% até 14 de dezembro, segundo dados do site Fortuna. No mês, o ganho é de 2,44%, graças à alta dos papéis e à melhora do dólar.
De olho nessa oportunidade, a Hedging-Griffo criou um fundo que vai buscar o melhor dos dois mundos: garantir os ganhos futuros desses papéis e ao mesmo tempo o CDI. O fundo HG Selic 2040 será um multimercado que terá sua carteira 100% aplicada em títulos corrigidos pelo CDI e, ao mesmo tempo, uma parcela de 51% alavancados em contratos futuros de Global 40, na BM&F. Isso significa que não haverá risco cambial.
Outra novidade é que ele terá o ganho extra do aluguel dos títulos da dívida no exterior. Isso porque o banco que vende o contrato futuro de Global 40 na BM&F para o fundo compra o papel lá fora e, em vez de guardá-lo no cofre, o aluga para um fundo hedge ou um investidor, que vai usá-lo para especular no mercado internacional. E, do aluguel recebido, 85% ficam com o fundo brasileiro.
"É uma vantagem sobre um investidor que vai sozinho comprar o papel no exterior e não tem poder de barganha para negociar uma parte do aluguel com o banco", explica Ricardo Campos, sócio gestor da Hedging-Griffo. "A idéia é ter uma rentabilidade equivalente ao CDI, acrescida da taxa de juros do papel brasileiro 2040 lá fora e ainda com o adicional do aluguel, sem correr o risco do dólar", afirma Campos. Esse ganho extra girava em torno de 5% ao ano na semana passada. Como o fundo tem 51% aplicados no Global 40, receberia a metade, ou seja, 2,5%, além do ganho com o CDI.
O fundo chega em um momento em que os juros pagos pelos papéis brasileiros já caíram bastante, reconhece Campos. Mas isso reforça a característica de longo prazo da aplicação. "Este fundo é para quem está olhando o Brasil para daqui dez anos, quando os juros estiverem menores tanto aqui quanto no exterior", explica. Já Luis Stuhlberger, sócio da Hedging-Griffo, compara o fundo à compra de um apartamento na planta. "Você está comprando um ótimo imóvel em um bairro que vai se valorizar em cinco, dez anos", diz. A taxa de administração do fundo, voltado para investidores qualificados, com mais de R$ 300 mil para aplicar, é de 0,7% ao ano e a aplicação mínima é de R$ 50 mil.
O Global 40 é hoje o título da dívida com maior volume de negócios, substituindo os C-Bonds. Com isso, seu aluguel subiu de 1% ao ano para 3% ao ano em média. "E em momentos de crise, esse percentual sobe pois mais gente quer alugar o papel para vender apostando na baixa", explica Campos.
A aposta é na melhora do risco-Brasil. Portanto, o investidor tem de estar consciente que, se o risco subir, haverá perdas, que podem ser amenizadas pelo aluguel e pelo rendimento do CDI da carteira, mas vão impactar o resultado. "Para cada ponto percentual de alta no risco, o preço do Global 40 cai 6,5%", diz Campos. Como o fundo tem metade da carteira nesses papéis, a perda cai pela metade, para 3,25%. Esse percentual acaba sendo reduzido também pelo aluguel, e no final o investidor poderia ter um ganho em torno de 95% do CDI, diz Campos. "Mas isso só vale para quem sair antes do vencimento do papel e o vender a preço de mercado", lembra ele. "Quem ficar terá garantido o retorno acertado no ato da compra", diz.
Na visão da Hedging-Griffo, porém, os fundamentos da dívida brasileira são bastante sólidos e sua volatilidade deve ser menor do que a da bolsa brasileira, diz Stuhlberger. Ele lembra que o país conta com um volume de reservas internacionais de US$ 60 bilhões, para uma dívida do governo em torno de US$ 80 bilhões. "Só não paga se não quiser", afirma, lembrando que a situação é mais confortável até que a da dívida interna.
A tendência também é de que o governo reduza ainda mais essa dívida, para facilitar a vida do próximo governo. Até 2010, vencem cerca de US$ 20 bilhões em papéis do governo, que em boa parte devem ser pagos. "Trata-se de um processo, primeiro o governo reduziu a dívida interna em dólar a quase zero, depois passou a comprar dólar e reforçar as reservas e agora a próxima fase deve ser recomprar dívida de curto prazo no mercado internacional", afirma Stuhlberger. E, com menos papéis, o preço sobe e o investidor ganha.
Não se trata de um fundo de curto prazo. "Se na primeira turbulência o cliente sacar vai perder." E faz as contas: "se o Global 40 pagar 5% ao ano entre juros e aluguel, ganhando metade, ou seja, 2,5%, correspondentes à parcela do fundo aplicada, o investidor poderia ter 35% de ganho além do CDI em 15 anos, um terço a mais do capital investido, fora os juros".
Tuesday, December 20, 2005
Avaliação de Dezembro - até o dia 15
O desempenho dos fundos macro e multimercado durante o mês de dezembro (até o dia 15) tem sido bastante diverso: há fundos indo muito bem, como o Hedging-Griffo Verde (276% do CDI), o ARX Extra (256% do CDI) e Quest 30 (212% do CDI), entre outros. Mas também há fundos com a performance abaixo do esperado: Claritas Hedge (-34% do CDI), Mauá (-115% do CDI) e CSAM Absolute (-223% do CDI). A desvalorização do Real propiciada pelas constantes intervenções do Banco Central afetaram as performances do Claritas Hedge e do Mauá, que estavam apostando na ponta contrária. No caso do CSAM Absolute, a alta recente da Bolsa foi o principal causador de perdas, já que os gestores do fundo estão mais pessimistas que o mercado. Esta posição já está afetando inclusive a performance do fundo no ano, que está abaixo do CDI (92%, para ser mais precisa).
Quantitativos: o Fidúcia Quant tem sido o principal destaque, com desempenho de 121% do CDI.
Entre os fundos Long Short, o destaque tem sido o Pólo Norte (529% do CDI), que soube aproveitar a operação de reestruturação societária da Vivo. Outros destaques: Fidúcia Equity Hedge (455% do CDI), Fides Long Short (344% do CDI) e Victoire Long Short (291% do CDI). Assim como no caso dos fundos macro e multimercado, a CSAM tem sido o destaque negativo do mês, com desempenho de -134% do CDI.
Vamos aguardar o encerramento do mês para verificar se haverá alguma mudança significativa de posicionamento.
O desempenho dos fundos macro e multimercado durante o mês de dezembro (até o dia 15) tem sido bastante diverso: há fundos indo muito bem, como o Hedging-Griffo Verde (276% do CDI), o ARX Extra (256% do CDI) e Quest 30 (212% do CDI), entre outros. Mas também há fundos com a performance abaixo do esperado: Claritas Hedge (-34% do CDI), Mauá (-115% do CDI) e CSAM Absolute (-223% do CDI). A desvalorização do Real propiciada pelas constantes intervenções do Banco Central afetaram as performances do Claritas Hedge e do Mauá, que estavam apostando na ponta contrária. No caso do CSAM Absolute, a alta recente da Bolsa foi o principal causador de perdas, já que os gestores do fundo estão mais pessimistas que o mercado. Esta posição já está afetando inclusive a performance do fundo no ano, que está abaixo do CDI (92%, para ser mais precisa).
Quantitativos: o Fidúcia Quant tem sido o principal destaque, com desempenho de 121% do CDI.
Entre os fundos Long Short, o destaque tem sido o Pólo Norte (529% do CDI), que soube aproveitar a operação de reestruturação societária da Vivo. Outros destaques: Fidúcia Equity Hedge (455% do CDI), Fides Long Short (344% do CDI) e Victoire Long Short (291% do CDI). Assim como no caso dos fundos macro e multimercado, a CSAM tem sido o destaque negativo do mês, com desempenho de -134% do CDI.
Vamos aguardar o encerramento do mês para verificar se haverá alguma mudança significativa de posicionamento.
Wednesday, December 14, 2005
Entrevista com Robert van Dijk (BRAM)
Matéria publicada no Valor Econômico de 14 de Dezembro.
Renda fixa ainda é a estrela para a Bram
Por Danilo Fariello De São Paulo
Responsável pelo destino de R$ 103 bilhões de investidores de todo o Brasil, o diretor superintendente da Bradesco Asset Management (Bram) Robert John van Dijk vive diariamente um desafio: conciliar estilos de gestão que atendam desde o grande grupo empresarial até o pequeno aplicador, que confia ao maior banco privado do país suas preciosas economias. São 3,4 milhões de cotistas e 434 fundos, além de 107 carteiras administradas. Eleito duas vezes pela revista ValorInveste como um dos melhores gestores do mercado brasileiro em ranking elaborado pela Standard & Poor's, van Dijk acredita que mesmo com a queda prevista do juro nominal em 2006 o investidor brasileiro deverá manter a maior parte de seus recursos na renda fixa. Porém, ele prevê bastante volatilidade nos mercados pelas eleições presidenciais, o que abriria espaço para oportunidades de maior risco.
Constituída em abril de 2001, a Bram é uma das duas gestoras brasileiras com classificação de risco MQ1 da Moody's, a nota máxima. A seguir a entrevista exclusiva de Van Dijk ao Valor.
Valor: O que esperar do mercado financeiro no próximo ano?
Robert John van Dijk: Prevemos que 2006 será novamente um ano marcado por muita volatilidade dos mercados, principalmente por causa das eleições. Mas temos também muita atenção na evolução da economia americana, que tem de controlar seus déficits fiscal e comercial. Esperamos, por exemplo, uma elevação dos "fed funds", a taxa de juro de curto prazo do mercado americano, para algo entre 4,75% e 5% ao ano no fim de 2006. Isso quer dizer um rumo suave no ajuste, que não causará impacto tão forte na liquidez internacional e, portanto, na economia brasileira. Mas essa mudança na economia americana e, principalmente, a evolução da corrida à eleição presidenciais dão espaço para especulações e volatilidade do mercado, criando oportunidades boas a quem queira correr riscos.
Valor: Qual sua expectativa quanto ao rumo da taxa de juros?
Van Dijk: Esperamos que a taxa de juros nominal continue a cair e encerre 2006 entre 15% e 16% ao ano. Com isso, devem haver também redução dos juros reais (descontada a inflação).
Valor: Esse corte abalaria a preferência pela renda fixa?
Van Dijk: Ainda não. No ano que vem, o juro será menor, mas ainda num nível alto. O juro real deverá permanecer acima de 10% ao ano, o que, não existe em nenhum outro lugar do mundo. Para perfis conservadores, esses retornos, ainda são bastante expressivos. É um ganho confortável, com risco bastante baixo. Portanto, a renda fixa deve fazer parte da maior parcela da carteira de qualquer investidor no Brasil por algum tempo ainda.
Valor: Mas com juro real menor, quem quiser manter o rendimento vai ter de correr mais riscos...
Van Dijk: Realmente, ficamos mal-acostumados a ter rendimento real alto, com baixo risco. Mas, antes de se lançar a investimentos mais arriscados, é preciso ponderar objetivos e apetite a riscos, além de considerar também quanto os recursos expostos a maior risco pesam no patrimônio. Maior retorno com menor risco possível é o que todos querem, mas essa está longe de ser uma receita simples.
Valor: Seria o momento de diversificar buscando investimentos atrelados a índices de inflação?
Van Dijk: À medida que há expectativa de queda do juro real, aumenta a atenção sobre essas aplicações. Atualmente, podemos encontrar papéis atrelados ao IPCA e ao IGP-M com vencimento num horizonte de três a cinco anos com juros bastante interessantes. Esses papéis começam a ser objeto de análise de nossos gestores.
Valor: O momento continua interessante para a bolsa?
Van Dijk: Independentemente do cenário econômico, provavelmente sempre haverá determinadas empresas que irão bem na bolsa. Por isso, pode-se imaginar que, tendo uma gestão ativa, é possível sempre ter bons resultados em ações. Há momentos em que a economia interna não vai bem e, portanto, empresas focadas no mercado daqui também não vão, como ocorreu em 2002. Mas, naquele momento, empresas exportadoras, como dos setores de papel e celulose e siderúrgicas, tiveram boa valorização. Mas, antes de aplicar, o investidor tem de assumir o risco de entregar seus recursos e confiar no gestor, que decidirá quais ações vão para o fundo.
Valor: Quais os setores que devem despontar em 2006?
Van Dijk: O superávit fiscal próximo de 5,5% do PIB neste ano significará um excedente de recursos que deverá ser injetado na economia e poderá sinalizar aquecimento maior do mercado interno. Empresas voltadas ao mercado local, portanto, terão um bom ano. Esperamos observar um crescimento do PIB de 3,2% em 2006, o que também dará bom suporte ao avanço dessas empresas. Para as exportadoras, continuaremos com um aumento da corrente de comércio e um superávit comercial importante, mas menor do que este ano, de R$ 37 bilhões. Para este ano, nossa previsão é de superávit de R$ 43,5 bilhões. Porém, temos de acompanhar muito de perto o nível de investimento global no país, que vem caindo recentemente. Isso pode ser um freio à uma redução das taxas de juros e, conseqüentemente, afetar o desempenho das ações.
Valor: Investimentos em dólar não são recomendados?
Van Dijk: Não deveremos ter movimento forte no câmbio ao longo dos próximos meses. Nossa previsão é que, no fim de 2006, o câmbio esteja entre R$ 2,35 e R$ 2,45. Como esperamos que o câmbio encerre este ano entre R$ 2,20 e R$ 2,25, prevemos que a valorização do dólar frente ao real, portanto, não deverá superar a taxa de juros. Mas, para quem tem compromissos em dólar, fundos cambiais são sempre indicados. Para os investimentos em euro, a expectativa não é mais otimista.
Valor: A Bram tem proporcionalmente importância menor no segmento de fundos agressivos do que sua fatia total no mercado. Por quê?
Van Dijk: A Bram está pronta para atender seus clientes com praticamente todos os modelos do mercado. Mas o que verificamos é que as taxas de juros reais no Brasil são tão elevadas que os produtos de renda fixa atingem expectativas de um número grande de investidores. O que não quer dizer que, num portfólio ideal, não haja espaço para agregar investimentos mais agressivos, com mais risco, para que se busque rendimento superior a esses juros.
Valor: Mas com a redução do juro básico isso deve mudar?
Van Dijk: A participação da renda variável ainda é diminuta no setor de fundos. Mas, nesse cenário de queda dos juros - oxalá a taxa seja menor no futuro -, para agregar mais retorno, o investidor necessariamente terá de se expor a mais risco. Se a Selic realmente cair, acredito que a importância de fundos de ações e multimercados, mais agressivos, tenderá a crescer gradualmente, na Bram e no mercado como um todo.
Valor: Vocês não temem que investidores da Bram estejam procurando gestores especializados para aplicar seus recursos destinados a correr mais riscos?
Van Dijk: Nós já temos esses produtos agressivos na nossa prateleira. E, à medida que a demanda por eles crescer, nós tenderemos a acompanhá-la. Porém, isso não impede o desenvolvimento de gestoras de nicho, que atuam em mercados específicos, como derivativos. Há espaço para eles no mercado e na carteira de investidores. Especialização e diversificação são saudáveis para o setor.
Valor: Reconhecendo isso, alguns bancos no Brasil oferecem produtos de outros gestores. No Bradesco acontece isso?
Van Dijk: Há diferentes estilos de gestão entre os especialistas. Existem os fundamentalistas, os mais técnicos, aqueles que tentam acertar o tempo das diferentes viradas do mercado, aqueles que buscam retorno absoluto, entre outros. De repente, para os investidores, provavelmente a diversificação entre esses diversos estilos possa ser algo natural no futuro, com a evolução do setor. No segmento private do Bradesco, já oferecemos investimentos em outros gestores. Naturalmente, isso pode até vir a ser oferecido para os clientes de varejo de alta renda, do segmento Prime.
Valor: O que podemos esperar de novos produtos da Bram?
Van Dijk: Este ano houve um desenvolvimento forte no mercado dos fundos em direitos creditórios (FIDCs), dos long/short (arbitragem), dos de ações com pouca liquidez (small caps) e das carteiras de dividendos. Acredito que os fundos de ações são os que têm mais espaço para evoluir.
Valor: Recentemente, foi lançado o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da bolsa. Vocês pensam em um fundo desse tipo?
Van Dijk: Indiscutivelmente, os valores éticos serão cada vez mais importantes no futuro. Um fundo que siga o ISE poderá ter boa procura ou talvez um fundo só de empresas com boa governança corporativa. Mas ainda não há novo fundo em fase avançada de formação.
Valor: Mais de 60% dos R$ 103,8 bilhões administrados pela Bram pertencem a pessoas físicas. Como é lidar com tanta gente?
Van Dijk: Investimos constantemente no treinamento de gerentes, para que sejam bons conselheiros financeiros. Eles têm de entender a demanda do cliente, para oferecer o melhor produto. Além disso, temos uma área que dá suporte para os gerentes.
Valor: Os investidores que há poucos anos estavam acostumados com rendimento polpudos da caderneta já sabem lidar com a complexidade dos fundos?
Van Dijk: Em geral, sim. Este ano tivemos mudanças importantes que trarão ainda maior transparência e eficiência ao setor, principalmente pela instrução nº 409 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Também tivemos mudanças tributárias, diferenciando investimentos de curto e longo prazos. Teremos, em outubro de 2006, a migração de todos os recursos para a conta-investimento, o que lhes dará mobilidade total. Com essas novidades, o setor de fundos tende a avançar ainda mais.
Valor: Qual sua visão do futuro dos fundos no Brasil?
Van Dijk: Acho que ficará cada vez mais importante a gestão ativa dos investimentos. É como na medicina. Muitas vezes, evitamos ir ao médico quando estamos doentes e, tomando antibióticos por conta, acabamos pagando caro e tendo efeitos colaterais sem garantia de cura. Se não vamos ao médico, também podemos ter algo mais grave. Da mesma forma, o aconselhamento profissional a investidores é importante e o será cada vez mais conforme o juro cair.
Matéria publicada no Valor Econômico de 14 de Dezembro.
Renda fixa ainda é a estrela para a Bram
Por Danilo Fariello De São Paulo
Responsável pelo destino de R$ 103 bilhões de investidores de todo o Brasil, o diretor superintendente da Bradesco Asset Management (Bram) Robert John van Dijk vive diariamente um desafio: conciliar estilos de gestão que atendam desde o grande grupo empresarial até o pequeno aplicador, que confia ao maior banco privado do país suas preciosas economias. São 3,4 milhões de cotistas e 434 fundos, além de 107 carteiras administradas. Eleito duas vezes pela revista ValorInveste como um dos melhores gestores do mercado brasileiro em ranking elaborado pela Standard & Poor's, van Dijk acredita que mesmo com a queda prevista do juro nominal em 2006 o investidor brasileiro deverá manter a maior parte de seus recursos na renda fixa. Porém, ele prevê bastante volatilidade nos mercados pelas eleições presidenciais, o que abriria espaço para oportunidades de maior risco.
Constituída em abril de 2001, a Bram é uma das duas gestoras brasileiras com classificação de risco MQ1 da Moody's, a nota máxima. A seguir a entrevista exclusiva de Van Dijk ao Valor.
Valor: O que esperar do mercado financeiro no próximo ano?
Robert John van Dijk: Prevemos que 2006 será novamente um ano marcado por muita volatilidade dos mercados, principalmente por causa das eleições. Mas temos também muita atenção na evolução da economia americana, que tem de controlar seus déficits fiscal e comercial. Esperamos, por exemplo, uma elevação dos "fed funds", a taxa de juro de curto prazo do mercado americano, para algo entre 4,75% e 5% ao ano no fim de 2006. Isso quer dizer um rumo suave no ajuste, que não causará impacto tão forte na liquidez internacional e, portanto, na economia brasileira. Mas essa mudança na economia americana e, principalmente, a evolução da corrida à eleição presidenciais dão espaço para especulações e volatilidade do mercado, criando oportunidades boas a quem queira correr riscos.
Valor: Qual sua expectativa quanto ao rumo da taxa de juros?
Van Dijk: Esperamos que a taxa de juros nominal continue a cair e encerre 2006 entre 15% e 16% ao ano. Com isso, devem haver também redução dos juros reais (descontada a inflação).
Valor: Esse corte abalaria a preferência pela renda fixa?
Van Dijk: Ainda não. No ano que vem, o juro será menor, mas ainda num nível alto. O juro real deverá permanecer acima de 10% ao ano, o que, não existe em nenhum outro lugar do mundo. Para perfis conservadores, esses retornos, ainda são bastante expressivos. É um ganho confortável, com risco bastante baixo. Portanto, a renda fixa deve fazer parte da maior parcela da carteira de qualquer investidor no Brasil por algum tempo ainda.
Valor: Mas com juro real menor, quem quiser manter o rendimento vai ter de correr mais riscos...
Van Dijk: Realmente, ficamos mal-acostumados a ter rendimento real alto, com baixo risco. Mas, antes de se lançar a investimentos mais arriscados, é preciso ponderar objetivos e apetite a riscos, além de considerar também quanto os recursos expostos a maior risco pesam no patrimônio. Maior retorno com menor risco possível é o que todos querem, mas essa está longe de ser uma receita simples.
Valor: Seria o momento de diversificar buscando investimentos atrelados a índices de inflação?
Van Dijk: À medida que há expectativa de queda do juro real, aumenta a atenção sobre essas aplicações. Atualmente, podemos encontrar papéis atrelados ao IPCA e ao IGP-M com vencimento num horizonte de três a cinco anos com juros bastante interessantes. Esses papéis começam a ser objeto de análise de nossos gestores.
Valor: O momento continua interessante para a bolsa?
Van Dijk: Independentemente do cenário econômico, provavelmente sempre haverá determinadas empresas que irão bem na bolsa. Por isso, pode-se imaginar que, tendo uma gestão ativa, é possível sempre ter bons resultados em ações. Há momentos em que a economia interna não vai bem e, portanto, empresas focadas no mercado daqui também não vão, como ocorreu em 2002. Mas, naquele momento, empresas exportadoras, como dos setores de papel e celulose e siderúrgicas, tiveram boa valorização. Mas, antes de aplicar, o investidor tem de assumir o risco de entregar seus recursos e confiar no gestor, que decidirá quais ações vão para o fundo.
Valor: Quais os setores que devem despontar em 2006?
Van Dijk: O superávit fiscal próximo de 5,5% do PIB neste ano significará um excedente de recursos que deverá ser injetado na economia e poderá sinalizar aquecimento maior do mercado interno. Empresas voltadas ao mercado local, portanto, terão um bom ano. Esperamos observar um crescimento do PIB de 3,2% em 2006, o que também dará bom suporte ao avanço dessas empresas. Para as exportadoras, continuaremos com um aumento da corrente de comércio e um superávit comercial importante, mas menor do que este ano, de R$ 37 bilhões. Para este ano, nossa previsão é de superávit de R$ 43,5 bilhões. Porém, temos de acompanhar muito de perto o nível de investimento global no país, que vem caindo recentemente. Isso pode ser um freio à uma redução das taxas de juros e, conseqüentemente, afetar o desempenho das ações.
Valor: Investimentos em dólar não são recomendados?
Van Dijk: Não deveremos ter movimento forte no câmbio ao longo dos próximos meses. Nossa previsão é que, no fim de 2006, o câmbio esteja entre R$ 2,35 e R$ 2,45. Como esperamos que o câmbio encerre este ano entre R$ 2,20 e R$ 2,25, prevemos que a valorização do dólar frente ao real, portanto, não deverá superar a taxa de juros. Mas, para quem tem compromissos em dólar, fundos cambiais são sempre indicados. Para os investimentos em euro, a expectativa não é mais otimista.
Valor: A Bram tem proporcionalmente importância menor no segmento de fundos agressivos do que sua fatia total no mercado. Por quê?
Van Dijk: A Bram está pronta para atender seus clientes com praticamente todos os modelos do mercado. Mas o que verificamos é que as taxas de juros reais no Brasil são tão elevadas que os produtos de renda fixa atingem expectativas de um número grande de investidores. O que não quer dizer que, num portfólio ideal, não haja espaço para agregar investimentos mais agressivos, com mais risco, para que se busque rendimento superior a esses juros.
Valor: Mas com a redução do juro básico isso deve mudar?
Van Dijk: A participação da renda variável ainda é diminuta no setor de fundos. Mas, nesse cenário de queda dos juros - oxalá a taxa seja menor no futuro -, para agregar mais retorno, o investidor necessariamente terá de se expor a mais risco. Se a Selic realmente cair, acredito que a importância de fundos de ações e multimercados, mais agressivos, tenderá a crescer gradualmente, na Bram e no mercado como um todo.
Valor: Vocês não temem que investidores da Bram estejam procurando gestores especializados para aplicar seus recursos destinados a correr mais riscos?
Van Dijk: Nós já temos esses produtos agressivos na nossa prateleira. E, à medida que a demanda por eles crescer, nós tenderemos a acompanhá-la. Porém, isso não impede o desenvolvimento de gestoras de nicho, que atuam em mercados específicos, como derivativos. Há espaço para eles no mercado e na carteira de investidores. Especialização e diversificação são saudáveis para o setor.
Valor: Reconhecendo isso, alguns bancos no Brasil oferecem produtos de outros gestores. No Bradesco acontece isso?
Van Dijk: Há diferentes estilos de gestão entre os especialistas. Existem os fundamentalistas, os mais técnicos, aqueles que tentam acertar o tempo das diferentes viradas do mercado, aqueles que buscam retorno absoluto, entre outros. De repente, para os investidores, provavelmente a diversificação entre esses diversos estilos possa ser algo natural no futuro, com a evolução do setor. No segmento private do Bradesco, já oferecemos investimentos em outros gestores. Naturalmente, isso pode até vir a ser oferecido para os clientes de varejo de alta renda, do segmento Prime.
Valor: O que podemos esperar de novos produtos da Bram?
Van Dijk: Este ano houve um desenvolvimento forte no mercado dos fundos em direitos creditórios (FIDCs), dos long/short (arbitragem), dos de ações com pouca liquidez (small caps) e das carteiras de dividendos. Acredito que os fundos de ações são os que têm mais espaço para evoluir.
Valor: Recentemente, foi lançado o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da bolsa. Vocês pensam em um fundo desse tipo?
Van Dijk: Indiscutivelmente, os valores éticos serão cada vez mais importantes no futuro. Um fundo que siga o ISE poderá ter boa procura ou talvez um fundo só de empresas com boa governança corporativa. Mas ainda não há novo fundo em fase avançada de formação.
Valor: Mais de 60% dos R$ 103,8 bilhões administrados pela Bram pertencem a pessoas físicas. Como é lidar com tanta gente?
Van Dijk: Investimos constantemente no treinamento de gerentes, para que sejam bons conselheiros financeiros. Eles têm de entender a demanda do cliente, para oferecer o melhor produto. Além disso, temos uma área que dá suporte para os gerentes.
Valor: Os investidores que há poucos anos estavam acostumados com rendimento polpudos da caderneta já sabem lidar com a complexidade dos fundos?
Van Dijk: Em geral, sim. Este ano tivemos mudanças importantes que trarão ainda maior transparência e eficiência ao setor, principalmente pela instrução nº 409 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Também tivemos mudanças tributárias, diferenciando investimentos de curto e longo prazos. Teremos, em outubro de 2006, a migração de todos os recursos para a conta-investimento, o que lhes dará mobilidade total. Com essas novidades, o setor de fundos tende a avançar ainda mais.
Valor: Qual sua visão do futuro dos fundos no Brasil?
Van Dijk: Acho que ficará cada vez mais importante a gestão ativa dos investimentos. É como na medicina. Muitas vezes, evitamos ir ao médico quando estamos doentes e, tomando antibióticos por conta, acabamos pagando caro e tendo efeitos colaterais sem garantia de cura. Se não vamos ao médico, também podemos ter algo mais grave. Da mesma forma, o aconselhamento profissional a investidores é importante e o será cada vez mais conforme o juro cair.
Fundos crescem com parcerias
Matéria publicada na Gazeta Mercantil.
São Paulo, 14 de Dezembro de 2005 - Os gestores independentes de recursos financeiros vêm conquistando terreno num mercado brasileiro ainda bastante concentrado. Especializados no desenvolvimento de produtos com estratégias sofisticadas, acabaram aproximando-se dos grandes bancos de varejo e encontraram na parceria uma maneira de driblar a fragilidade da ausência de uma boa rede de vendas. O movimento de distribuição de produtos de terceiros em bancos de rede, que começou timidamente no final da década de 90, hoje está consolidado. Segundo o sócio da consultoria Quantum, Maxim Wengert, a grande maioria dos bancos de varejo já distribui os fundos mais sofisticados de gestoras independentes e ligadas a bancos de investimento. "Essa parceria foi o que viabilizou o boom de novas assets a partir de 2003", diz. "Boa parte da captação dessas empresas vem dos bancos." Os 35 gestores ligados a bancos de varejo detêm 91,1% dos mais de R$ 700 bilhões do patrimônio do setor. As 144 empresas que não têm vínculo com esses bancos administram 8,9% do total de recursos.
Fundos crescem com...
São Paulo, 14 de Dezembro de 2005 - Parceria na distribuição é bom negócio para bancos de rede e pequenos gestores. Rodrigo Xavier, sócio do Banco Pactual responsável pela área de gestão de recursos, acrescenta que a distribuição de produtos de terceiros por grandes bancos de varejo ocorreu por conta da sofisticação do investidor, além da estratégia de diversificação do gestor. "Os bancos chegaram à conclusão de que é bom manter o cliente dentro da instituição e passaram a oferecer os produtos para os quais não têm vocação, como os multimercados", diz. A tendência, conta, é que esse movimento - mais restrito às áreas "private" (para pessoa física de alta renda) dos bancos - estenda-se a outras faixas de clientes. Xavier afirma, inclusive, que já há bancos distribuindo produtos de terceiros para clientes candidatos ao "private". Os fundos do Pactual, por exemplo, estão em todos os bancos distribuidores de produtos de terceiros, locais e com origem estrangeira. O sócio da consultoria FCE, Gyorgy Varga, afirma que há uma "preferência" dos bancos de varejo por distribuir os produtos de terceiros mais arriscados. São dois os motivos, na sua avaliação. O primeiro é que, como esses fundos são mais arriscados, o banco evitaria atrelar seu nome a um eventual prejuízo. "Por melhor que seja o gestor, não há como garantir o retorno, embora, na média e no longo prazo, esses fundos alcancem a meta de rentabilidade", diz. Outro fator, segundo Varga, é que "um bom fundo arriscado precisa de gestores extremamente especializados, estrutura cara para um banco de varejo". A remuneração de um gestor especializado, aponta o consultor, não condiz com a estrutura de salários do banco. Ricardo Junqueira, sócio da Ático Asset Management, gestora independente com R$ 60 milhões sob administração, diz que, depois da febre de abertura de gestoras nos últimos anos, a tendência é de profissionalização do mercado. E só sobreviverão, segundo ele, as empresas que contarem com uma estrutura de gestão formada por equipes econômica, de análise de risco e gestores com muitos anos de experiência. Para ele, os independentes tendem cada vez mais a criar produtos sob medida para atrair investidores sofisticados, além de buscar a especialização com o objetivo de galgar espaço na prateleira de produtos dos grandes bancos.
Lá fora...No mercado mundial, afirma o sócio da consultoria Quantum, Maxim Wengert, há um movimento de separação das áreas de gestão de recursos e serviços financeiros. Um exemplo recente aconteceu com o Citibank , que decidiu vender sua área de gestão de recursos global para a Legg Mason, um dos maiores gestores internacionais. O Citi no País não comenta quais serão os reflexos na operação brasileira, mas uma coisa é certa, o negócio abre espaço para o banco distribuir os melhores produtos do mercado a seus clientes, sem conflitos de interesse. Se o mercado brasileiro vai por esse caminho, ainda é uma incógnita. Para Wengert, isso pode ocorrer num futuro muito distante. Por enquanto, acredita o consultor, os grande bancos vão manter em casa a gestão de fundos com estratégias mais simples e passivos, como os DI e parte das carteiras de renda fixa. De terceiros, afirma, só os produtos mais sofisticados.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Alessandra Bellotto)
Pactual chega ao clube dos dez maiores do setor
São Paulo, 14 de Dezembro de 2005 - A gestora de recursos do banco de investimento Pactual vai chegar a R$ 35,5 bilhões de ativos sob administração no final deste ano. Segundo Rodrigo Xavier, sócio do banco, o volume representará um aumento de R$ 3 bilhões em relação ao início do ano: R$ 2 bilhões com captação e R$ 1 bilhão com rentabilidade. Com esse volume, o Pactual integra a lista dos dez maiores administradores de recursos do País, apesar de ser o único gestor não ligado a um grande banco de varejo. A receita para a atuação bem-sucedida, conta Xavier, inclui foco e parcerias com os bancos de rede, que já respondem por R$ 8 bilhões do patrimônio gerido no Pactual. "Não adiantava ser bom de gestão e ter bons produtos e pecar na distribuição", ressalta. Segundo ele, essa foi a alternativa encontrada para minimizar a fragilidade, inerente a um banco de investimento, de não ter uma grande rede de vendas. Apesar de o Pactual administrar recursos de terceiros desde 1984, foi só a partir de 1999 que a atividade ganhou força. Isso porque o banco decidiu separar a área de gestão de recursos, que tinha R$ 2 bilhões sob administração, criando a Pactual Asset Management. Desde então, a empresa divide os clientes em quatro grandes categorias: "private" (pessoa física de alta renda), "corporate" (empresas), institucional e parcerias. Mais: a estrutura da empresa está baseada em quatro pilares. O primeiro, conta Xavier, é a performance. "Investimos em times de gestão; desde então a equipe só cresce e temos consistência de resultados", diz. Outro pilar é o serviço, com equipe de vendas segmentada por perfil de investidor. Destaque ainda para uma linha de produtos completa, além da distribuição com as parcerias.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Alessandra Bellotto)
Matéria publicada na Gazeta Mercantil.
São Paulo, 14 de Dezembro de 2005 - Os gestores independentes de recursos financeiros vêm conquistando terreno num mercado brasileiro ainda bastante concentrado. Especializados no desenvolvimento de produtos com estratégias sofisticadas, acabaram aproximando-se dos grandes bancos de varejo e encontraram na parceria uma maneira de driblar a fragilidade da ausência de uma boa rede de vendas. O movimento de distribuição de produtos de terceiros em bancos de rede, que começou timidamente no final da década de 90, hoje está consolidado. Segundo o sócio da consultoria Quantum, Maxim Wengert, a grande maioria dos bancos de varejo já distribui os fundos mais sofisticados de gestoras independentes e ligadas a bancos de investimento. "Essa parceria foi o que viabilizou o boom de novas assets a partir de 2003", diz. "Boa parte da captação dessas empresas vem dos bancos." Os 35 gestores ligados a bancos de varejo detêm 91,1% dos mais de R$ 700 bilhões do patrimônio do setor. As 144 empresas que não têm vínculo com esses bancos administram 8,9% do total de recursos.
Fundos crescem com...
São Paulo, 14 de Dezembro de 2005 - Parceria na distribuição é bom negócio para bancos de rede e pequenos gestores. Rodrigo Xavier, sócio do Banco Pactual responsável pela área de gestão de recursos, acrescenta que a distribuição de produtos de terceiros por grandes bancos de varejo ocorreu por conta da sofisticação do investidor, além da estratégia de diversificação do gestor. "Os bancos chegaram à conclusão de que é bom manter o cliente dentro da instituição e passaram a oferecer os produtos para os quais não têm vocação, como os multimercados", diz. A tendência, conta, é que esse movimento - mais restrito às áreas "private" (para pessoa física de alta renda) dos bancos - estenda-se a outras faixas de clientes. Xavier afirma, inclusive, que já há bancos distribuindo produtos de terceiros para clientes candidatos ao "private". Os fundos do Pactual, por exemplo, estão em todos os bancos distribuidores de produtos de terceiros, locais e com origem estrangeira. O sócio da consultoria FCE, Gyorgy Varga, afirma que há uma "preferência" dos bancos de varejo por distribuir os produtos de terceiros mais arriscados. São dois os motivos, na sua avaliação. O primeiro é que, como esses fundos são mais arriscados, o banco evitaria atrelar seu nome a um eventual prejuízo. "Por melhor que seja o gestor, não há como garantir o retorno, embora, na média e no longo prazo, esses fundos alcancem a meta de rentabilidade", diz. Outro fator, segundo Varga, é que "um bom fundo arriscado precisa de gestores extremamente especializados, estrutura cara para um banco de varejo". A remuneração de um gestor especializado, aponta o consultor, não condiz com a estrutura de salários do banco. Ricardo Junqueira, sócio da Ático Asset Management, gestora independente com R$ 60 milhões sob administração, diz que, depois da febre de abertura de gestoras nos últimos anos, a tendência é de profissionalização do mercado. E só sobreviverão, segundo ele, as empresas que contarem com uma estrutura de gestão formada por equipes econômica, de análise de risco e gestores com muitos anos de experiência. Para ele, os independentes tendem cada vez mais a criar produtos sob medida para atrair investidores sofisticados, além de buscar a especialização com o objetivo de galgar espaço na prateleira de produtos dos grandes bancos.
Lá fora...No mercado mundial, afirma o sócio da consultoria Quantum, Maxim Wengert, há um movimento de separação das áreas de gestão de recursos e serviços financeiros. Um exemplo recente aconteceu com o Citibank , que decidiu vender sua área de gestão de recursos global para a Legg Mason, um dos maiores gestores internacionais. O Citi no País não comenta quais serão os reflexos na operação brasileira, mas uma coisa é certa, o negócio abre espaço para o banco distribuir os melhores produtos do mercado a seus clientes, sem conflitos de interesse. Se o mercado brasileiro vai por esse caminho, ainda é uma incógnita. Para Wengert, isso pode ocorrer num futuro muito distante. Por enquanto, acredita o consultor, os grande bancos vão manter em casa a gestão de fundos com estratégias mais simples e passivos, como os DI e parte das carteiras de renda fixa. De terceiros, afirma, só os produtos mais sofisticados.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Alessandra Bellotto)
Pactual chega ao clube dos dez maiores do setor
São Paulo, 14 de Dezembro de 2005 - A gestora de recursos do banco de investimento Pactual vai chegar a R$ 35,5 bilhões de ativos sob administração no final deste ano. Segundo Rodrigo Xavier, sócio do banco, o volume representará um aumento de R$ 3 bilhões em relação ao início do ano: R$ 2 bilhões com captação e R$ 1 bilhão com rentabilidade. Com esse volume, o Pactual integra a lista dos dez maiores administradores de recursos do País, apesar de ser o único gestor não ligado a um grande banco de varejo. A receita para a atuação bem-sucedida, conta Xavier, inclui foco e parcerias com os bancos de rede, que já respondem por R$ 8 bilhões do patrimônio gerido no Pactual. "Não adiantava ser bom de gestão e ter bons produtos e pecar na distribuição", ressalta. Segundo ele, essa foi a alternativa encontrada para minimizar a fragilidade, inerente a um banco de investimento, de não ter uma grande rede de vendas. Apesar de o Pactual administrar recursos de terceiros desde 1984, foi só a partir de 1999 que a atividade ganhou força. Isso porque o banco decidiu separar a área de gestão de recursos, que tinha R$ 2 bilhões sob administração, criando a Pactual Asset Management. Desde então, a empresa divide os clientes em quatro grandes categorias: "private" (pessoa física de alta renda), "corporate" (empresas), institucional e parcerias. Mais: a estrutura da empresa está baseada em quatro pilares. O primeiro, conta Xavier, é a performance. "Investimos em times de gestão; desde então a equipe só cresce e temos consistência de resultados", diz. Outro pilar é o serviço, com equipe de vendas segmentada por perfil de investidor. Destaque ainda para uma linha de produtos completa, além da distribuição com as parcerias.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Alessandra Bellotto)
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