Thursday, December 29, 2005

Fundo ISE do HSBC
Matéria publicada em 29/12/05 no Valor Econômico

HSBC cria fundo de ações atrelado ao ISE
Por Angelo Pavini De São Paulo

Antes de completar um mês da criação do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), que leva em conta questões sócio-ambientais e de governança na seleção das empresas que o compõem, a HSBC Investments lança um fundo atrelado ao indicador. O HSBC Fundo de Investimento em Ações ISE começa a receber aplicações na segunda-feira e reproduzirá em sua carteira os papéis do índice. A aplicação mínima é de R$ 1 mil e a movimentação, de R$ 100. A taxa de administração será de 2,5% ao ano.
Este é o segundo fundo criado com base no ISE. O primeiro foi o BB Ações ISE, do Banco do Brasil, que acumula captação de R$ 1,845 milhão. Apenas dois outros bancos possuem fundos que levam em conta a sustentabilidade, o ABN Amro, com o Ethical, e o Itaú, com o Excelência Social.
O ISE foi criado no fim de novembro a partir de um acordo entre a Bolsa de Valores de São Paulo, o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces) e o International Finance Corporation (IFC), braço de investimentos do Banco Mundial (Bird). O índice começou a ser calculado no dia 1º de dezembro.
A idéia de criar um fundo de sustentabilidade já era antiga, diz Fernando Meibak de Oliveira, responsável pela HSBC Investments. Por isso, ele acompanhou atentamente a estruturação do ISE, até porque um dos principais gestores da HSBC Investments, Luiz Ribeiro, era do IFC e participou da elaboração do índice.
Meibak acredita que é importante oferecer esse tipo de fundo para os clientes e, por isso, o banco decidiu fazer no primeiro trimestre de 2006 vários eventos nas principais cidades do país em parceria com o GVces. "Queremos divulgar o conceito da sustentabilidade para investidores institucionais, do private bank e do varejo", diz. A proposta é aproveitar o período em que os investidores, especialmente os institucionais, estão revendo suas estratégias de aplicação para o ano. Meibak lembra que hoje a maioria desses investidores usa como referencial para os ganhos de suas carteiras os índices Ibovespa e o Índice Brasil (IBrX) 100 ou 50. "Primeiro temos de convencer os investidores da importância de usar o ISE como referencial também", explica.
Um dos problemas do ISE é que hoje, ele é muito concentrado no setor financeiro, admite Luiz Ribeiro. Mas ele lembra que é um efeito inevitável uma vez que o setor de serviços tem um impacto muito menor no meio ambiente do que o industrial, por exemplo. "Mas acredito que isso será minimizado no futuro, com o ISE ganhando força e mais empresas respondendo aos questionários da GVces para entrar no índice", afirma. Ele diz que a criação de mais fundos como o HSBC ISE e a procura dos investidores por esse tipo de aplicação vai incentivar a mudança. E lembra que, no exterior, o HSBC lançou dois fundos globais de sustentabilidade, o Global Equity SRI, com sede em Luxemburgo, e o Life Global SRI, para fundos de pensão, em Londres.
Ribeiro lembra que a sustentabilidade é observada pelo IFC na hora de conceder empréstimos para empresas, critério que vem sendo adotado também pelos bancos privados. Segundo ele, empresas que seguem os três pilares da sustentabilidade - respeito aos critérios sociais e ambientais, governança corporativa e baixo endividamento em relação à estrutura de capital - representam menor risco para o credor ou investidor e tendem a garantir o sucesso da empresa por um período mais longo.
Ribeiro diz ainda que, olhando o histórico de desempenho dos diversos índices e fundos internacionais, o que se vê é que não se consegue provar que os investimentos em sustentabilidade têm melhor desempenho que os demais. Mas também não têm performance menor. "Isso já é uma grande vantagem em fazer a opção pela sustentabilidade", diz Ribeiro.


Indicador supera Ibovespa
Daniele Camba De São Paulo

Às vésperas de completar um mês, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) revela que o investidor já valoriza as ações de empresas que praticam responsabilidade social e ambiental. Desde a sua estréia, no dia 1º de dezembro até o dia 27, o ISE acumula valorização de 4,73% frente 4,55% do Índice Bovespa.
Para os especialistas, muito mais que o desempenho de um mês, será no longo prazo que os índices que reúnem as empresas com boas práticas devem se destacar frente índices mais técnicos, como o Ibovespa, cujo critério de escolha é a liquidez das ações.
O comportamento de índices na linha do ISE e que já existem a mais tempo comprovam essa tese. O mais velho deles é o Índice de Governança Corporativa (IGC), composto pelas empresas que fazem parte dos Níveis 1, 2 e Novo Mercado de governança corporativa. Desde a sua criação, em junho de 2001, o IGC acumula rentabilidade de 267,20%, muito acima dos 129,52% do Ibovespa, até dia 27. "É isso que deve ocorrer com os índices seletivos frente aos técnicos", diz o especialista em sustentabilidade Roberto Gonzalez.
O Índice de Tag Along (Itag) - que reúne as empresas que oferecem aos minoritários o mesmo valor ou um percentual acima de 70% do que foi pago ao controlador em caso de troca de controle -, apesar de ser mais novo (começou em junho), também mostra essa superioridade. Desde a sua criação, o Itag acumula alta de 48,17% frente a 33,21% do Ibovespa, até dia 27.
Além da sustentabilidade, Gonzalez acredita que a grande participação de ações de bancos pode contribuir para o desempenho do ISE em 2006. Com o crescimento do consumo, os bancos devem dar continuidade ao processo de aumento de crédito.
Há empresas que estão em todos os índices de boas práticas. Das 28 companhias que compõem o ISE, apenas seis não estão em nenhum dos níveis de governança da Bovespa - Eletrobrás, Banco do Brasil, Copel, Cesp, Embraer e Copesul. Para o superintendente de operações da Bovespa, Ricardo Pinto Nogueira, isso não é coincidência. "O empresário que se compromete com sustentabilidade geralmente também está engajado em outros tipos de boas práticas."

Tuesday, December 27, 2005

Fides Asset Management

Matéria sobre a Fides que saiu hoje (27 de Dezembro) no Valor Econômico.


Fides muda estratégia e lança uma carteira long/short
Daniele Camba De São Paulo

A administradora de recursos independente Fides Asset Management - uma das precursoras dos fundos de arbitragem de ações (os long/short) - está se reestruturando e a partir de agora vai se especializar na gestão de carteiras com foco em renda variável e seus derivativos. Uma das conseqüências desse novo rumo foi a saída de um dos sócios, César Trotte, que montou sua própria asset, a Mandarim, levando junto o fundo multimercado Fides Advanced, que foi o primeiro produto lançado pela asset, em 2002, e que atua nos diversos mercados - câmbio, juros e bolsa. Dentro da nova estratégia, a Fides acaba de lançar um fundo de arbitragem de ações, o Fides Long Short Plus.
Um dos estímulos para essa mudança de rota foi a movimentação do setor este ano, quando várias assets que possuem fundos multimercados que atuam com diversos ativos registraram quedas significativas de retorno e uma onda de resgates. Já os multimercados mais focados em um determinado tipo de ativo, como os long/short, foram os que sofreram menos arranhões. Não por acaso, esta foi uma das categorias de fundos que mais cresceu este ano.
O exemplo do mercado americano, que se desenvolveu muito calcado em empresas de gestão especializada, também influenciou na decisão. "O Brasil ainda está longe dos EUA, mas caminha para a mesma linha da especialização", diz um dos sócios da Fides Mário Van Erven. Ele acredita que, cada vez mais, o investidor está percebendo que uma gestão especializada geralmente oferece resultados melhores e, por isso, está disposto a pagar mais por ela.
O cenário macroeconômico brasileiro, com o processo de queda dos juros, foi o empurrão final na decisão da asset. Para Van Erven, o corte da taxa Selic, somado aos bons fundamentos da economia, devem deflagrar uma valorização das ações.
Para essa nova fase, a asset está reforçando a equipe, contratando dois analistas de ações, dois gestores e uma pessoa para a área comercial. Também acaba de lançar o fundo Fides Long Short Plus, que irá buscar as melhores oportunidades com arbitragem de ações e no mercado futuro. O próximo passo deve ser o lançamento de outro fundo de arbitragem, com uma estratégia mais específica, mas que Van Erven não detalha.
O fundo Plus vai replicar o modelo de investimento do Fides Long Short (o primeiro da asset nessa categoria), que atingiu o patrimônio de R$ 120 milhões, que era a meta. A estratégia se divide em quatro grupos: um de apostas direcionais, um de ações de baixa liquidez ("small caps"), um de arbitragem pura entre os papéis e um de opções.
Diferente do Fides Long Short, que não usa alavancagem - assumir posições além de seu patrimônio -, o Plus poderá alavancar o seu patrimônio entre duas e três vezes, ou seja, é mais arriscado, mas os ganhos também podem ser maiores. A aposta da asset é que, com os juros em queda, o investidor estará disposto a correr mais risco em troca de retorno. Isso deve aumentar a oferta de multimercados com alavancagem, que atualmente ainda é pequena.
Exatamente pelo risco, o novo fundo tem carência de 40 dias (o saque ocorre 40 dias após o pedido) e a meta é atingir um patrimônio entre R$ 60 milhões e R$ 80 milhões, a metade do primeiro. A aplicação mínima é de R$ 30 mil, com taxa de administração de 2% ao ano e a de performance de 20% do que exceder o CDI. No ano, até o dia 15, o Fides Long Short (o antigo) acumula retorno de 23,86%, ou 131% do CDI.
A especialização já deu frutos. A asset aumentou de 8 para 25 o número de instituições que distribuem seus fundos e o patrimônio do Fides Long Short saltou de R$ 30 milhões, em julho, para os atuais R$ 120 milhões.

Wednesday, December 21, 2005

Guggenheim Alternative Asset Management

O braço de asset management da Guggenheim foi vendida para o Bank of Ireland.

Bank of Ireland buys U.S. fund of hedge funds firm

DUBLIN (Reuters) - Bank of Ireland said on Tuesday it had agreed to pay $184 million (104 million pounds) for 71.5 percent of Guggenheim Alternative Asset Management, a U.S. fund of hedge funds manager focused on institutional and high net-worth clients.
The New York-based company, with around $2.8 billion under management, is part of leading private wealth and investment management firm Guggenheim Partners, Bank of Ireland said.
Ireland's second-biggest company by market value, Bank of Ireland said the acquisition was part of its strategy to expand its portfolio of niche skill-based businesses internationally.
"We believe their sophisticated fund of hedge funds platform will be an attractive option for our institutional clients," the bank's chief executive, Brian Goggin, said in a statement.
Dominic Curcio, managing partner of Guggenheim Partners, said the deal would help the firm to grow by harnessing Bank of Ireland's international distribution capability.
Under the deal, due to close at the end of January, the management of Guggenheim Alternative Asset Management will retain 11 percent and Guggenheim Partners 17.5 percent.
HG Selic 2040

Segue matéria sobre o novo fundo da Hedging-Griffo que saiu no Valor Econômico de 20 de Dezembro.


Gestora cria carteira com dívida e sem risco cambial
Por Angelo Pavini De São Paulo

Que os papéis da dívida externa brasileira têm sido um bom negócio, isso ninguém duvida. Basta verificar a alta que o preço do Global 40, papel com vencimento em 2040, teve de dezembro de 2002 até sexta-feira: 102,6%. A expectativa de que a situação externa brasileira continue melhorando e que o país pague suas dívidas lá fora com tranqüilidade - reforçada pela decisão de quitar o débito com o Fundo Monetário Internacional e pelo crescimento das reservas - faz com que analistas prevejam ganhos também para o futuro. O problema é como o investidor local pode aplicar nesses papéis.
A alternativa até agora eram os Fundos de Investimento no Exterior (Fiex), que compram dólares e depois os usam para adquirir os papéis no mercado internacional. O problema é que, com o dólar em queda, esses fundos acabaram perdendo na variação cambial tudo o que ganharam com os títulos. Além disso, o investidor abre mão do juro local, de 18% ao ano, para ficar com um retorno próximo de 7% ao ano lá fora. No ano, esses fundos apresentam perda de 4,62% até 14 de dezembro, segundo dados do site Fortuna. No mês, o ganho é de 2,44%, graças à alta dos papéis e à melhora do dólar.
De olho nessa oportunidade, a Hedging-Griffo criou um fundo que vai buscar o melhor dos dois mundos: garantir os ganhos futuros desses papéis e ao mesmo tempo o CDI. O fundo HG Selic 2040 será um multimercado que terá sua carteira 100% aplicada em títulos corrigidos pelo CDI e, ao mesmo tempo, uma parcela de 51% alavancados em contratos futuros de Global 40, na BM&F. Isso significa que não haverá risco cambial.
Outra novidade é que ele terá o ganho extra do aluguel dos títulos da dívida no exterior. Isso porque o banco que vende o contrato futuro de Global 40 na BM&F para o fundo compra o papel lá fora e, em vez de guardá-lo no cofre, o aluga para um fundo hedge ou um investidor, que vai usá-lo para especular no mercado internacional. E, do aluguel recebido, 85% ficam com o fundo brasileiro.
"É uma vantagem sobre um investidor que vai sozinho comprar o papel no exterior e não tem poder de barganha para negociar uma parte do aluguel com o banco", explica Ricardo Campos, sócio gestor da Hedging-Griffo. "A idéia é ter uma rentabilidade equivalente ao CDI, acrescida da taxa de juros do papel brasileiro 2040 lá fora e ainda com o adicional do aluguel, sem correr o risco do dólar", afirma Campos. Esse ganho extra girava em torno de 5% ao ano na semana passada. Como o fundo tem 51% aplicados no Global 40, receberia a metade, ou seja, 2,5%, além do ganho com o CDI.
O fundo chega em um momento em que os juros pagos pelos papéis brasileiros já caíram bastante, reconhece Campos. Mas isso reforça a característica de longo prazo da aplicação. "Este fundo é para quem está olhando o Brasil para daqui dez anos, quando os juros estiverem menores tanto aqui quanto no exterior", explica. Já Luis Stuhlberger, sócio da Hedging-Griffo, compara o fundo à compra de um apartamento na planta. "Você está comprando um ótimo imóvel em um bairro que vai se valorizar em cinco, dez anos", diz. A taxa de administração do fundo, voltado para investidores qualificados, com mais de R$ 300 mil para aplicar, é de 0,7% ao ano e a aplicação mínima é de R$ 50 mil.
O Global 40 é hoje o título da dívida com maior volume de negócios, substituindo os C-Bonds. Com isso, seu aluguel subiu de 1% ao ano para 3% ao ano em média. "E em momentos de crise, esse percentual sobe pois mais gente quer alugar o papel para vender apostando na baixa", explica Campos.
A aposta é na melhora do risco-Brasil. Portanto, o investidor tem de estar consciente que, se o risco subir, haverá perdas, que podem ser amenizadas pelo aluguel e pelo rendimento do CDI da carteira, mas vão impactar o resultado. "Para cada ponto percentual de alta no risco, o preço do Global 40 cai 6,5%", diz Campos. Como o fundo tem metade da carteira nesses papéis, a perda cai pela metade, para 3,25%. Esse percentual acaba sendo reduzido também pelo aluguel, e no final o investidor poderia ter um ganho em torno de 95% do CDI, diz Campos. "Mas isso só vale para quem sair antes do vencimento do papel e o vender a preço de mercado", lembra ele. "Quem ficar terá garantido o retorno acertado no ato da compra", diz.
Na visão da Hedging-Griffo, porém, os fundamentos da dívida brasileira são bastante sólidos e sua volatilidade deve ser menor do que a da bolsa brasileira, diz Stuhlberger. Ele lembra que o país conta com um volume de reservas internacionais de US$ 60 bilhões, para uma dívida do governo em torno de US$ 80 bilhões. "Só não paga se não quiser", afirma, lembrando que a situação é mais confortável até que a da dívida interna.
A tendência também é de que o governo reduza ainda mais essa dívida, para facilitar a vida do próximo governo. Até 2010, vencem cerca de US$ 20 bilhões em papéis do governo, que em boa parte devem ser pagos. "Trata-se de um processo, primeiro o governo reduziu a dívida interna em dólar a quase zero, depois passou a comprar dólar e reforçar as reservas e agora a próxima fase deve ser recomprar dívida de curto prazo no mercado internacional", afirma Stuhlberger. E, com menos papéis, o preço sobe e o investidor ganha.
Não se trata de um fundo de curto prazo. "Se na primeira turbulência o cliente sacar vai perder." E faz as contas: "se o Global 40 pagar 5% ao ano entre juros e aluguel, ganhando metade, ou seja, 2,5%, correspondentes à parcela do fundo aplicada, o investidor poderia ter 35% de ganho além do CDI em 15 anos, um terço a mais do capital investido, fora os juros".

Tuesday, December 20, 2005

Avaliação de Dezembro - até o dia 15

O desempenho dos fundos macro e multimercado durante o mês de dezembro (até o dia 15) tem sido bastante diverso: há fundos indo muito bem, como o Hedging-Griffo Verde (276% do CDI), o ARX Extra (256% do CDI) e Quest 30 (212% do CDI), entre outros. Mas também há fundos com a performance abaixo do esperado: Claritas Hedge (-34% do CDI), Mauá (-115% do CDI) e CSAM Absolute (-223% do CDI). A desvalorização do Real propiciada pelas constantes intervenções do Banco Central afetaram as performances do Claritas Hedge e do Mauá, que estavam apostando na ponta contrária. No caso do CSAM Absolute, a alta recente da Bolsa foi o principal causador de perdas, já que os gestores do fundo estão mais pessimistas que o mercado. Esta posição já está afetando inclusive a performance do fundo no ano, que está abaixo do CDI (92%, para ser mais precisa).
Quantitativos: o Fidúcia Quant tem sido o principal destaque, com desempenho de 121% do CDI.
Entre os fundos Long Short, o destaque tem sido o Pólo Norte (529% do CDI), que soube aproveitar a operação de reestruturação societária da Vivo. Outros destaques: Fidúcia Equity Hedge (455% do CDI), Fides Long Short (344% do CDI) e Victoire Long Short (291% do CDI). Assim como no caso dos fundos macro e multimercado, a CSAM tem sido o destaque negativo do mês, com desempenho de -134% do CDI.
Vamos aguardar o encerramento do mês para verificar se haverá alguma mudança significativa de posicionamento.

Wednesday, December 14, 2005

Entrevista com Robert van Dijk (BRAM)

Matéria publicada no Valor Econômico de 14 de Dezembro.

Renda fixa ainda é a estrela para a Bram
Por Danilo Fariello De São Paulo

Responsável pelo destino de R$ 103 bilhões de investidores de todo o Brasil, o diretor superintendente da Bradesco Asset Management (Bram) Robert John van Dijk vive diariamente um desafio: conciliar estilos de gestão que atendam desde o grande grupo empresarial até o pequeno aplicador, que confia ao maior banco privado do país suas preciosas economias. São 3,4 milhões de cotistas e 434 fundos, além de 107 carteiras administradas. Eleito duas vezes pela revista ValorInveste como um dos melhores gestores do mercado brasileiro em ranking elaborado pela Standard & Poor's, van Dijk acredita que mesmo com a queda prevista do juro nominal em 2006 o investidor brasileiro deverá manter a maior parte de seus recursos na renda fixa. Porém, ele prevê bastante volatilidade nos mercados pelas eleições presidenciais, o que abriria espaço para oportunidades de maior risco.
Constituída em abril de 2001, a Bram é uma das duas gestoras brasileiras com classificação de risco MQ1 da Moody's, a nota máxima. A seguir a entrevista exclusiva de Van Dijk ao Valor.

Valor: O que esperar do mercado financeiro no próximo ano?
Robert John van Dijk: Prevemos que 2006 será novamente um ano marcado por muita volatilidade dos mercados, principalmente por causa das eleições. Mas temos também muita atenção na evolução da economia americana, que tem de controlar seus déficits fiscal e comercial. Esperamos, por exemplo, uma elevação dos "fed funds", a taxa de juro de curto prazo do mercado americano, para algo entre 4,75% e 5% ao ano no fim de 2006. Isso quer dizer um rumo suave no ajuste, que não causará impacto tão forte na liquidez internacional e, portanto, na economia brasileira. Mas essa mudança na economia americana e, principalmente, a evolução da corrida à eleição presidenciais dão espaço para especulações e volatilidade do mercado, criando oportunidades boas a quem queira correr riscos.

Valor: Qual sua expectativa quanto ao rumo da taxa de juros?
Van Dijk: Esperamos que a taxa de juros nominal continue a cair e encerre 2006 entre 15% e 16% ao ano. Com isso, devem haver também redução dos juros reais (descontada a inflação).

Valor: Esse corte abalaria a preferência pela renda fixa?
Van Dijk: Ainda não. No ano que vem, o juro será menor, mas ainda num nível alto. O juro real deverá permanecer acima de 10% ao ano, o que, não existe em nenhum outro lugar do mundo. Para perfis conservadores, esses retornos, ainda são bastante expressivos. É um ganho confortável, com risco bastante baixo. Portanto, a renda fixa deve fazer parte da maior parcela da carteira de qualquer investidor no Brasil por algum tempo ainda.

Valor: Mas com juro real menor, quem quiser manter o rendimento vai ter de correr mais riscos...
Van Dijk: Realmente, ficamos mal-acostumados a ter rendimento real alto, com baixo risco. Mas, antes de se lançar a investimentos mais arriscados, é preciso ponderar objetivos e apetite a riscos, além de considerar também quanto os recursos expostos a maior risco pesam no patrimônio. Maior retorno com menor risco possível é o que todos querem, mas essa está longe de ser uma receita simples.

Valor: Seria o momento de diversificar buscando investimentos atrelados a índices de inflação?
Van Dijk: À medida que há expectativa de queda do juro real, aumenta a atenção sobre essas aplicações. Atualmente, podemos encontrar papéis atrelados ao IPCA e ao IGP-M com vencimento num horizonte de três a cinco anos com juros bastante interessantes. Esses papéis começam a ser objeto de análise de nossos gestores.

Valor: O momento continua interessante para a bolsa?
Van Dijk: Independentemente do cenário econômico, provavelmente sempre haverá determinadas empresas que irão bem na bolsa. Por isso, pode-se imaginar que, tendo uma gestão ativa, é possível sempre ter bons resultados em ações. Há momentos em que a economia interna não vai bem e, portanto, empresas focadas no mercado daqui também não vão, como ocorreu em 2002. Mas, naquele momento, empresas exportadoras, como dos setores de papel e celulose e siderúrgicas, tiveram boa valorização. Mas, antes de aplicar, o investidor tem de assumir o risco de entregar seus recursos e confiar no gestor, que decidirá quais ações vão para o fundo.

Valor: Quais os setores que devem despontar em 2006?
Van Dijk: O superávit fiscal próximo de 5,5% do PIB neste ano significará um excedente de recursos que deverá ser injetado na economia e poderá sinalizar aquecimento maior do mercado interno. Empresas voltadas ao mercado local, portanto, terão um bom ano. Esperamos observar um crescimento do PIB de 3,2% em 2006, o que também dará bom suporte ao avanço dessas empresas. Para as exportadoras, continuaremos com um aumento da corrente de comércio e um superávit comercial importante, mas menor do que este ano, de R$ 37 bilhões. Para este ano, nossa previsão é de superávit de R$ 43,5 bilhões. Porém, temos de acompanhar muito de perto o nível de investimento global no país, que vem caindo recentemente. Isso pode ser um freio à uma redução das taxas de juros e, conseqüentemente, afetar o desempenho das ações.

Valor: Investimentos em dólar não são recomendados?
Van Dijk: Não deveremos ter movimento forte no câmbio ao longo dos próximos meses. Nossa previsão é que, no fim de 2006, o câmbio esteja entre R$ 2,35 e R$ 2,45. Como esperamos que o câmbio encerre este ano entre R$ 2,20 e R$ 2,25, prevemos que a valorização do dólar frente ao real, portanto, não deverá superar a taxa de juros. Mas, para quem tem compromissos em dólar, fundos cambiais são sempre indicados. Para os investimentos em euro, a expectativa não é mais otimista.

Valor: A Bram tem proporcionalmente importância menor no segmento de fundos agressivos do que sua fatia total no mercado. Por quê?
Van Dijk: A Bram está pronta para atender seus clientes com praticamente todos os modelos do mercado. Mas o que verificamos é que as taxas de juros reais no Brasil são tão elevadas que os produtos de renda fixa atingem expectativas de um número grande de investidores. O que não quer dizer que, num portfólio ideal, não haja espaço para agregar investimentos mais agressivos, com mais risco, para que se busque rendimento superior a esses juros.

Valor: Mas com a redução do juro básico isso deve mudar?
Van Dijk: A participação da renda variável ainda é diminuta no setor de fundos. Mas, nesse cenário de queda dos juros - oxalá a taxa seja menor no futuro -, para agregar mais retorno, o investidor necessariamente terá de se expor a mais risco. Se a Selic realmente cair, acredito que a importância de fundos de ações e multimercados, mais agressivos, tenderá a crescer gradualmente, na Bram e no mercado como um todo.

Valor: Vocês não temem que investidores da Bram estejam procurando gestores especializados para aplicar seus recursos destinados a correr mais riscos?
Van Dijk: Nós já temos esses produtos agressivos na nossa prateleira. E, à medida que a demanda por eles crescer, nós tenderemos a acompanhá-la. Porém, isso não impede o desenvolvimento de gestoras de nicho, que atuam em mercados específicos, como derivativos. Há espaço para eles no mercado e na carteira de investidores. Especialização e diversificação são saudáveis para o setor.

Valor: Reconhecendo isso, alguns bancos no Brasil oferecem produtos de outros gestores. No Bradesco acontece isso?
Van Dijk: Há diferentes estilos de gestão entre os especialistas. Existem os fundamentalistas, os mais técnicos, aqueles que tentam acertar o tempo das diferentes viradas do mercado, aqueles que buscam retorno absoluto, entre outros. De repente, para os investidores, provavelmente a diversificação entre esses diversos estilos possa ser algo natural no futuro, com a evolução do setor. No segmento private do Bradesco, já oferecemos investimentos em outros gestores. Naturalmente, isso pode até vir a ser oferecido para os clientes de varejo de alta renda, do segmento Prime.

Valor: O que podemos esperar de novos produtos da Bram?
Van Dijk: Este ano houve um desenvolvimento forte no mercado dos fundos em direitos creditórios (FIDCs), dos long/short (arbitragem), dos de ações com pouca liquidez (small caps) e das carteiras de dividendos. Acredito que os fundos de ações são os que têm mais espaço para evoluir.

Valor: Recentemente, foi lançado o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da bolsa. Vocês pensam em um fundo desse tipo?
Van Dijk: Indiscutivelmente, os valores éticos serão cada vez mais importantes no futuro. Um fundo que siga o ISE poderá ter boa procura ou talvez um fundo só de empresas com boa governança corporativa. Mas ainda não há novo fundo em fase avançada de formação.

Valor: Mais de 60% dos R$ 103,8 bilhões administrados pela Bram pertencem a pessoas físicas. Como é lidar com tanta gente?
Van Dijk: Investimos constantemente no treinamento de gerentes, para que sejam bons conselheiros financeiros. Eles têm de entender a demanda do cliente, para oferecer o melhor produto. Além disso, temos uma área que dá suporte para os gerentes.

Valor: Os investidores que há poucos anos estavam acostumados com rendimento polpudos da caderneta já sabem lidar com a complexidade dos fundos?
Van Dijk: Em geral, sim. Este ano tivemos mudanças importantes que trarão ainda maior transparência e eficiência ao setor, principalmente pela instrução nº 409 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Também tivemos mudanças tributárias, diferenciando investimentos de curto e longo prazos. Teremos, em outubro de 2006, a migração de todos os recursos para a conta-investimento, o que lhes dará mobilidade total. Com essas novidades, o setor de fundos tende a avançar ainda mais.

Valor: Qual sua visão do futuro dos fundos no Brasil?
Van Dijk: Acho que ficará cada vez mais importante a gestão ativa dos investimentos. É como na medicina. Muitas vezes, evitamos ir ao médico quando estamos doentes e, tomando antibióticos por conta, acabamos pagando caro e tendo efeitos colaterais sem garantia de cura. Se não vamos ao médico, também podemos ter algo mais grave. Da mesma forma, o aconselhamento profissional a investidores é importante e o será cada vez mais conforme o juro cair.
Fundos crescem com parcerias

Matéria publicada na Gazeta Mercantil.

São Paulo, 14 de Dezembro de 2005 - Os gestores independentes de recursos financeiros vêm conquistando terreno num mercado brasileiro ainda bastante concentrado. Especializados no desenvolvimento de produtos com estratégias sofisticadas, acabaram aproximando-se dos grandes bancos de varejo e encontraram na parceria uma maneira de driblar a fragilidade da ausência de uma boa rede de vendas. O movimento de distribuição de produtos de terceiros em bancos de rede, que começou timidamente no final da década de 90, hoje está consolidado. Segundo o sócio da consultoria Quantum, Maxim Wengert, a grande maioria dos bancos de varejo já distribui os fundos mais sofisticados de gestoras independentes e ligadas a bancos de investimento. "Essa parceria foi o que viabilizou o boom de novas assets a partir de 2003", diz. "Boa parte da captação dessas empresas vem dos bancos." Os 35 gestores ligados a bancos de varejo detêm 91,1% dos mais de R$ 700 bilhões do patrimônio do setor. As 144 empresas que não têm vínculo com esses bancos administram 8,9% do total de recursos.

Fundos crescem com...

São Paulo, 14 de Dezembro de 2005 - Parceria na distribuição é bom negócio para bancos de rede e pequenos gestores. Rodrigo Xavier, sócio do Banco Pactual responsável pela área de gestão de recursos, acrescenta que a distribuição de produtos de terceiros por grandes bancos de varejo ocorreu por conta da sofisticação do investidor, além da estratégia de diversificação do gestor. "Os bancos chegaram à conclusão de que é bom manter o cliente dentro da instituição e passaram a oferecer os produtos para os quais não têm vocação, como os multimercados", diz. A tendência, conta, é que esse movimento - mais restrito às áreas "private" (para pessoa física de alta renda) dos bancos - estenda-se a outras faixas de clientes. Xavier afirma, inclusive, que já há bancos distribuindo produtos de terceiros para clientes candidatos ao "private". Os fundos do Pactual, por exemplo, estão em todos os bancos distribuidores de produtos de terceiros, locais e com origem estrangeira. O sócio da consultoria FCE, Gyorgy Varga, afirma que há uma "preferência" dos bancos de varejo por distribuir os produtos de terceiros mais arriscados. São dois os motivos, na sua avaliação. O primeiro é que, como esses fundos são mais arriscados, o banco evitaria atrelar seu nome a um eventual prejuízo. "Por melhor que seja o gestor, não há como garantir o retorno, embora, na média e no longo prazo, esses fundos alcancem a meta de rentabilidade", diz. Outro fator, segundo Varga, é que "um bom fundo arriscado precisa de gestores extremamente especializados, estrutura cara para um banco de varejo". A remuneração de um gestor especializado, aponta o consultor, não condiz com a estrutura de salários do banco. Ricardo Junqueira, sócio da Ático Asset Management, gestora independente com R$ 60 milhões sob administração, diz que, depois da febre de abertura de gestoras nos últimos anos, a tendência é de profissionalização do mercado. E só sobreviverão, segundo ele, as empresas que contarem com uma estrutura de gestão formada por equipes econômica, de análise de risco e gestores com muitos anos de experiência. Para ele, os independentes tendem cada vez mais a criar produtos sob medida para atrair investidores sofisticados, além de buscar a especialização com o objetivo de galgar espaço na prateleira de produtos dos grandes bancos.

Lá fora...No mercado mundial, afirma o sócio da consultoria Quantum, Maxim Wengert, há um movimento de separação das áreas de gestão de recursos e serviços financeiros. Um exemplo recente aconteceu com o Citibank , que decidiu vender sua área de gestão de recursos global para a Legg Mason, um dos maiores gestores internacionais. O Citi no País não comenta quais serão os reflexos na operação brasileira, mas uma coisa é certa, o negócio abre espaço para o banco distribuir os melhores produtos do mercado a seus clientes, sem conflitos de interesse. Se o mercado brasileiro vai por esse caminho, ainda é uma incógnita. Para Wengert, isso pode ocorrer num futuro muito distante. Por enquanto, acredita o consultor, os grande bancos vão manter em casa a gestão de fundos com estratégias mais simples e passivos, como os DI e parte das carteiras de renda fixa. De terceiros, afirma, só os produtos mais sofisticados.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Alessandra Bellotto)

Pactual chega ao clube dos dez maiores do setor

São Paulo, 14 de Dezembro de 2005 - A gestora de recursos do banco de investimento Pactual vai chegar a R$ 35,5 bilhões de ativos sob administração no final deste ano. Segundo Rodrigo Xavier, sócio do banco, o volume representará um aumento de R$ 3 bilhões em relação ao início do ano: R$ 2 bilhões com captação e R$ 1 bilhão com rentabilidade. Com esse volume, o Pactual integra a lista dos dez maiores administradores de recursos do País, apesar de ser o único gestor não ligado a um grande banco de varejo. A receita para a atuação bem-sucedida, conta Xavier, inclui foco e parcerias com os bancos de rede, que já respondem por R$ 8 bilhões do patrimônio gerido no Pactual. "Não adiantava ser bom de gestão e ter bons produtos e pecar na distribuição", ressalta. Segundo ele, essa foi a alternativa encontrada para minimizar a fragilidade, inerente a um banco de investimento, de não ter uma grande rede de vendas. Apesar de o Pactual administrar recursos de terceiros desde 1984, foi só a partir de 1999 que a atividade ganhou força. Isso porque o banco decidiu separar a área de gestão de recursos, que tinha R$ 2 bilhões sob administração, criando a Pactual Asset Management. Desde então, a empresa divide os clientes em quatro grandes categorias: "private" (pessoa física de alta renda), "corporate" (empresas), institucional e parcerias. Mais: a estrutura da empresa está baseada em quatro pilares. O primeiro, conta Xavier, é a performance. "Investimos em times de gestão; desde então a equipe só cresce e temos consistência de resultados", diz. Outro pilar é o serviço, com equipe de vendas segmentada por perfil de investidor. Destaque ainda para uma linha de produtos completa, além da distribuição com as parcerias.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Alessandra Bellotto)

Wednesday, November 30, 2005

Regulação de Hedge Funds

Esta matéria saiu na Gazeta Mercantil de 30 de Novembro.

Europa quer regular "hedge fund"

Bruxelas e Nova York, 30 de Novembro de 2005 - Falta de regras pode estar suprimindo o crescimento econômico da região. A associação européia que representa o setor de fundos de investimento e gestão de ativos (Efama, na sigla em inglês) quer a harmonização das normas que regem os "hedge funds" e os fundos de "hedge funds", advertindo que a não regulamentação do mercado está suprimindo o crescimento econômico da Europa. Em um relatório publicado na segunda-feira, o "lobby" do setor, que administra cerca de € 12 trilhões (US$ 14 trilhões) em ativos, apresentou dois métodos possíveis para modernizar as leis dos "hedge funds". Um deles visa harmonizar as características do segmento em um nível europeu. O outro plano cria regras válidas para toda a Europa sobre que tipo de investidor pode comprar um certo tipo de "hedge fund" ou fundo de "hedge fund". Esses fundos formam uma parte substancial do mercado financeiro europeu. Mas como as regras que os regem variam de país para país, elas são difíceis de serem impostas além das fronteiras. As regras vão desde estipular como deve ser constituído um "hedge fund" até se os grandes investidores podem ou não aplicar nesses fundos, na grande maioria arriscados. O comissário do mercado interno, Charlie McCreevy, indicou que prefere evitar uma nova legislação excessiva sobre o tema. Os especialistas de Bruxelas atualmente estudam quais medidas devem ser tomadas para harmonizar as regras díspares. "Não há um mercado de ‘hedge funds’ homogêneo europeu e isso está detendo o crescimento econômico", disse Roberta D’Apice, diretora de assuntos legais da associação italiana que representa a indústria de gestão de recursos, que ajudou a redigir o relatório da Efama. O setor de "hedge funds" da Europa foi bastante criticado este ano. Em abril, John Sunderland, presidente da Confederação do Setor Britânico, do Reino Unido, criticou a falta de abertura e de compromisso do setor. Um político alemão chamou esses fundos de "gafanhotos" do capitalismo internacional por causa do seu foco no curto prazo. Nos Estados Unidos... Com o número cada vez maior de aposentados, os fundos de pensão estão colocandos bilhões de dólares nos "hedge funds", fundos pouco regulados que inicialmente só administravam recursos de investidores com grandes fortunas. A expectativa é de que o setor destine cerca de US$ 300 bilhões nesses fundos até 2008, contra US$ 5 bilhões de uma década atrás, segundo um estudo do Banco de Nova York e da consultoria Casey, Quirk & Associates. Enquanto a maioria dos planos tem uma pequena parcela investida em "hedge funds", alguns colocam mais de 20% dos seus ativos. É o caso da Weyerhaeuser, empresa de papel, com 39% dos ativos de seu fundo de pensão nesses fundos. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 6)(Dow Jones Newswires)
Wealth Management do Unibanco

Matéria publicada no Valor Econômico de 30 de Novembro.


Unibanco quer ampliar "wealth management"
Por Angelo Pavini De São Paulo

Dois anos depois de lançar no Brasil o conceito de "wealth management", ou gestão de patrimônio para clientes de varejo de alta renda, o Unibanco já contabiliza mais de 2 mil investidores cadastrados com aplicações entre R$ 200 mil e R$ 3 milhões. O próximo passo é deslanchar o serviço e ampliar esse número para 20 mil clientes até o fim de 2006. Eles podem contar com os serviços de um consultor de investimentos que uma vez por mês se reúne com o cliente para discutir estratégias e propor alternativas de diversificação, no mesmo estilo dos serviços de private bank.
O trabalho de "wealth management" começou há dois anos em 300 das 900 agências do banco espalhadas por dez capitais com alguns clientes selecionados entre os 460 mil da categoria Uniclass. A proposta agora é estender o serviço para todos com mais de R$ 200 mil aplicados. Para isso, o número de consultores crescerá, de 34 para 70 no início do ano que vem. Os clientes atendidos por consultor vão aumentar de 80 para 200.
O passo seguinte na estratégia do banco será atingir uma clientela com uma faixa mais baixa para aplicações, a partir de R$ 50 mil, com um serviço diferenciado de orientação, afirma Marianella Alarcón, diretora do private bank do Unibanco e coordenadora do grupo de consultores financeiros do serviço de Planejamento Financeiro e Patrimonial.
Hoje, a área de "wealth management" conta com uma clientela com aplicações médias de R$ 650 mil, o que já permite uma diversificação. Segundo Marianella, o ponto fundamental do serviço é o contato pessoal com o cliente e a definição dos objetivo dele de acordo com seu perfil e suas aplicações. A partir daí, o acompanhamento pode ser eletrônico, mas com uma reunião pessoal por mês pelo menos para discutir as estratégias. Em caso de mudanças drásticas do mercado, o banco prepara uma lista de clientes que tenham fundos agressivos ou ações em bolsa para que sejam avisados rapidamente.
Outra novidade é a criação de sistemas de atendimento de orientação e avaliação mensal das carteiras dos 58 mil clientes Uniclass com mais de R$ 50 mil aplicados. A expectativa é iniciar os serviços para essa clientela já em março de 2006. "Mas para ela o atendimento será diferenciado, uma vez que, com esse valor, a possibilidade de diversificação é menor e os recursos são necessários num prazo mais curto", lembra ela.
O projeto de "wealth management" tem importância vital, afirma Celso Scaramuzza, vice-presidente responsável pelo private bank do Unibanco. "Queremos atender no varejo o que outros bancos atendem no private com a mesma qualidade", diz o executivo. "Estamos concorrendo com o serviço private de outros bancos, por isso ele tem de ser bem estruturado, com conteúdo e orientação", diz. O serviço, explica ele, é prestado pelo private bank e a execução e a abordagem é da área de varejo. "O fundamento básico é a diferenciação do serviço", afirma Scaramuzza, acrescentando que os clientes nessa faixa são, em geral, pessoas que estão começando a constituir um patrimônio e não têm orientação sobre como agir para preservar e ampliar esses valores. "É comum encontrar clientes com R$ 2 milhões aplicados em fundos DI e que gostariam de ter um pouco em ações ou multimercados para ganhar mais", diz ele.
O ganho do banco com o serviço vem da maior confiança do cliente na instituição, que o leva a aumentar as aplicações. Segundo Marianella, todos aumentaram a fidelidade ao banco e concentraram ou aumentaram os recursos aplicados no Unibanco. "Na média, tivemos um aumento de 50% a 70% nos investimentos desses clientes", diz. Houve também um aumento dos tipos de investimento que o cliente tem no Unibanco, de dois para quatro. No caso do private, esse número está entre cinco e seis. No varejo, a média é de dois produtos, na maioria, uma caderneta de poupança, um fundo ou um plano de capitalização.
Uma constatação interessante do trabalho do Unibanco é que esse tipo de cliente de varejo de alta renda é extremamente conservador. "Em 90% dos casos, eles têm 80% do patrimônio aplicados em ativos não financeiros, como imóveis, e 20% em financeiros", diz Marianella. Por isso, o banco fechou uma parceria com uma empresa de consultoria imobiliária para ajudar clientes no planejamento de uma eventual redução da concentração em imóveis. Na parte de aplicações financeiras, a preocupação dessa clientela é com a tributação, que após as mudanças deste ano ainda confundem os aplicadores com alíquotas regressivas de acordo com o prazo. Além disso, as alíquotas tornaram mais importante um bom planejamento financeiro. "Boa parte do nosso trabalho é educativo", diz.

Wednesday, November 23, 2005

Novo Multimercado na Praça

Segue matéria do Valor Econômico de 23 de Novembro sobre a Cenário.

Lamy volta ao mercado com fundo misto
Catherine Vieira Do Rio

Apesar das demonstrações dos investidores de contínua falta de apetite pelo segmento de fundos multimercados - que já registra saques superiores a R$ 70 bilhões em 2005 - ainda há gestores dispostos a se lançar nesta seara. É o caso da Cenário Investimentos, administradora de recursos carioca montada por José Alfredo Lamy e uma equipe que o acompanha praticamente desde a época em que atuava como diretor do Banco Boavista, passando pelo Liberal e pelo Bank of America (BofA).
Criada há quase dois anos, só agora, com um histórico de resultados montado, a Cenário está abrindo seu único fundo para captação, sem apelar para os modismos recentes dos independentes, que tem apostado nos long/short, que se concentram mais em operações de arbitragem. "Nosso fundo é um multimercado tradicional, com foco nas direções macroeconômicas", explica Lamy. Na equipe, Lamy conta com José Alfredo da Justa, André Cardoso, Ronaldo Baeta Guimarães Júnior e Germano Ferolla, este último o único novato no time, vindo do Banif Primus, onde atuava desde 1999.
O Cenário FI tem aplicação mínima inicial é de R$ 50 mil e há carência de 30 dias no resgate. "O objetivo é buscar um diferencial de retorno em relação ao CDI, mas com volatilidade baixa, tanto que não tivemos nenhum mês de variação negativa desde o início do fundo", diz Lamy. Desde que foi criado, o Cenário rende 110% do CDI e, em 2005, o ganho está empatado com o do referencial.
Economista formado pela PUC-RJ, Lamy iniciou carreira na Fundação Getúlio Vargas, onde completou seu doutorado, e logo tornou-se figura proeminente no mercado financeiro carioca. No Boavista, atuou por 16 anos, por último como principal executivo do banco. Saiu em 1997 para o Liberal, posteriormente comprado pelo BofA.
Em 2002, os fundos administrados pelo BofA ainda na gestão de Lamy tiveram perdas de até 30% por conta da marcação a mercado. Os problemas acabaram contribuindo para o desgaste que o BofA já vinha enfrentando no país, tanto que logo após o episódio, o banco encerrou as atividades por aqui , retornando apenas com a compra do BankBoston nos EUA. O BofA fechou um acordo com a Anbid para, mediante o pagamento de um valor destinado à educação dos investidores, suspender processos por problemas na gestão.
Ronaldo Baeta, lembra que apesar das perdas de quase 30% que um dos fundos do BofA chegou a registrar em 2002, na época da crise da marcação a mercado, ao longo daquele ano as cotas se recuperaram e a perda no fim do ano reduziu-se para 4%. A carteira de fundos do BofA foi transferida, ainda em 2002, para o HSBC.
Apesar dos problemas nos fundos do BofA em 2002, Lamy diz que não há pendências com os órgãos reguladores que impeçam os gestores de atuar. O Boavista também chegou a ter problemas com seus fundos, mas isso ocorreu na época da flexibilização do câmbio, em 1999, quando Lamy e sua equipe já estavam no Liberal.

Monday, November 07, 2005

Opus e Ágora Sênior
Matéria de 7 de Novembro do Valor Econômico sobre a venda de participação da Ágora Sênior para a Opus

Ex-sócios do Banco Pactual compram 23% da Ágora
Altamiro Silva Júnior De São Paulo

A corretora Ágora Sênior, uma das maiores do mercado brasileiro, tem um novo sócio. O grupo Opus, criado por ex-sócios do Banco Pactual, comprou 23% do capital da empresa. "Vamos ganhar fôlego para acelerar nossos planos de expansão", disse Selmo Nissembaum, diretor geral da Ágora. O valor do negócio não foi revelado e a Opus não vai participar do dia-a-dia dos negócios da Ágora, mas terá assento no conselho de administração, participando das decisões estratégicas da corretora.
Um dos interesses da Ágora são as operações de lançamento de ações e aberturas de capital, que não param de crescer. Segundo Nissembaum, a corretora, que participou de todos aos lançamentos como distribuidora dos papéis no mercado, quer atuar também como líder das operações, segmento dominado por bancos de investimento, como UBS e Crédit Suisse.
Um dos fundadores da Opus foi Eduardo Plass, que ingressou no Pactual em 1987. A Opus atua na área de gestão de recursos, serviços financeiros (que inclui assessoramento para fusões e aquisições) e também trabalha com fundos de "private equity" (que compram participação em empresas). Foram quatro meses de negociações com picos diários de 14 horas de discussões na reta final dos acertos.
Na Bovespa, a Ágora caminha para fechar o quarto ano consecutivo como a primeira do ranking por volume de operações. Ao todo, 94 corretoras atuam na Bolsa. Este ano, ela já negociou R$ 65,6 bilhões em ações, termos e opções, superando o volume de todo o ano passado (R$ 63 bilhões). Nissembaum acredita que o volume chegue a R$ 80 bilhões até dezembro, (20% maior que em 2004).
No ranking do "home broker" (sistema que permite operações com renda variável pela internet), que conta com 49 corretoras, a Ágora também é a primeira, com volume de R$ 10,1 bilhões.
A sede da Ágora está no Rio, mas ela também tem escritórios em São Paulo, Ribeirão Preto, Campinas, Belo Horizonte, Juiz de Fora e Brasília. Segundo Nissembaum, a corretora também pretende ampliar sua presença no varejo, abrindo novos escritórios e chegando a locais onde ainda não atua. Ela também pretende reforçar sua atuação como "market maker" (formador de mercado). A corretora já atua para sete empresas (incluindo Unibanco e Pão de Açúcar).
Entrevista com Private Bank do HSBC

Foi publicada dia 7 de Novembro no Valor Online. Segue a íntegra:

HSBC Private quer crescer no Brasil com serviço global
Por Angelo Pavini De São Paulo

O Brasil e as Américas têm posição de destaque na estratégia mundial do HSBC Private Bank. Segundo seu presidente mundial Clive Bannister, o crescimento do país e o interesse cada vez maior dos investidores internacionais por ativos brasileiros abrem espaço para a ampliação dos negócios, tanto localmente quanto no exterior. A expectativa do banco é de um crescimento de 20% neste ano e no próximo tanto em clientes quanto em receitas nas Américas e de 15% no restante do mundo. No Brasil, onde o HSBC ganhou corpo ao comprar as operações do francês CCF em 2000, o crescimento deste ano deve ser ainda maior.
A presença global do grupo é um dos trunfos que Bannister e sua equipe pretendem usar para crescer, oferecendo aos clientes contatos com investidores e empresas de todo o mundo. A atuação do grupo nas mais diversas áreas, desde banco corporativo até de investimentos, também ajuda a atrair clientes interessados em um serviço que vai além da simples gestão de recursos. A proposta é avançar em áreas que vão de sucessão familiar a assessoria tributária internacional. Há seis anos no comando do private mundial do HSBC, Bannister veio ao Brasil juntamente com o diretor-executivo para as Américas Gerard Aquilina semana passada e conversaram com o Valor.

Valor: Qual o peso do private bank no HSBC?
Clive Bannister: O grupo teve um lucro no primeiro semestre de US$ 10 bilhões antes de impostos e o private representou cerca de 5% disso, ou US$ 470 milhões. Temos 5.700 pessoas trabalhando em 24 países. E a idéia não é apenas crescer. É bom ser grande, melhor ser bom e melhor ainda ser os dois.

Valor: Qual será a estratégia?
Bannister: Somos relativamente novos na área. Há dez anos, o HSBC não seria o banco escolhido por alguém procurando um private bank. Compramos diversos bancos ao longo desses anos, como o Republic (do falecido banqueiro Edmond Safra) e o CCF, e hoje somos o terceiro private bank no mundo, com ativos sob gestão de US$ 323 bilhões em junho, número que deve chegar a US$ 340 bilhões no final do ano. Reconhecemos que estamos longe dos dois líderes, os suíços UBS, que tem três vezes o nosso total de ativos, e o CSFB. Mas vale lembrar que foram os suíços que inventaram o negócio de private há mais de cem anos, e nós temos apenas seis. Mas temos nossas vantagens.

Valor: Quais seriam?
Bannister: Nós somos um private bank globalizado, não apenas de um país ou região. Esse conceito é importante particulamente para os clientes brasileiros, que também são internacionalizados. Quando você pergunta a um empresário brasileiro o que ele faz, ele diz que está negociando com o Japão, ou vendendo soja para o China. Por isso nosso conceito de private bank tem de ser global, tanto no atendimento local quanto internacional. Nosso desafio é ser um embaixador dos nossos clientes no mundo e dentro do HSBC.

Valor: Como isso pode ajudar na América Latina?
Gerard Aquilina: Há um grande número de empresas familiares na região. Por isso, nosso trabalho é menos gestão de recursos e mais gestão de relacionamento. Precisamos trabalhar muito próximos do banco comercial e de investimentos para ver como podemos ajudar o negócio da família crescer ou continuar a existir. Por isso, boa parte de nosso trabalho é preparar sucessão nas empresas. Além disso, há clientes que nos procuram porque não conseguem vencer a concorrência chinesa, por exemplo, e então buscam juntar-se a eles. E nós fazemos a ponte com empresas chinesas. Nós temos a vantagem de fazer parte de um grupo presente em 78 países.
Bannister: Nessa linha, compramos um banco três anos atrás, nas Bermudas, foi estratégico para ampliar e enfatizar os negócios de criação de trustes (empresas que cuidam de gestão de patrimônios) para ajudar familias a lidar com questões de sucessão. Temos cerca de 700 funcionários trabalhando com trustes de empresas e famílias. Trabalhamos ainda para preparar herdeiros ou buscar oportunidades de parcerias que garantam a continuidade da empresa. Buscamos promover eventos reunindo herdeiros e famílias de diversos países para discutir negócios, o que acaba proporcionando contatos importantes para o futuro. Temos também 350 pessoas na área de orientação tributária internacional. É fundamental para um cliente na gestão de sua fortuna saber o impacto dos impostos, e isso muda bastante em cada país.

Valor: Qual o país mais importante hoje para vocês?
Bannister: Não posso dizer isso exatamente porque o que conta não são apenas os negócios locais. Há um grande volume de negócios internacionais proporcionados por um país também. Mas olhando apenas para os lucros do primeiro semestre, aproximadamente a metade veio da Europa, um terço veio da Asia e 15% veio das américas. E, nas Américas, a maior receita veio da América do Norte e, em seguida, do Brasil, onde temos uma grande presença.

Valor: E o Brasil, qual a importância dele para o HSBC Private?
Bannister: A importância do Brasil excede as fronteiras. Nós encontramos brasileiros em Londres, Luxemburgo, Genebra Zurique, Nova York, Miami. Somos o terceiro maior private bank do Brasil, atrás apenas de Itaú e Unibanco. Hoje temos escritórios em São Paulo, no Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte. Olhando para o futuro, o valor do Brasil para a economia mundial deve continuar crescendo. A China deve ganhar importância em termos de PIB, consumindo mais commodities, e isso ajudará o Brasil. Por isso, podemos esperar um crescimento dos ativos locais acima da média, talvez entre 14% e 20% ao ano.

Valor: E o interesse internacional pelo país deve continuar?
Bannister: O Brasil evoluiu para tornar-se uma "emerging market opportunity" tanto em renda fixa quanto em ações. E sua participação varia de acordo com as outras oportunidades entre os mercados emergentes que incluem Rússia, Índia, China e México. Por isso fomos pioneiros na criação dos fundos BRIC (abreviação de Brasil, Rússia, Índia e China), que foi um sucesso entre os investidores internacionais. Hoje temos quase US$ 2 bilhões nesse fundo, um reconhecimento do fato de que os países emergentes, além de estarem crescendo, apresentam empresas com boa governança e transparência, e maior solidez de suas moedas.
Aquilina: Essa maior procura acontece também nos Estados Unidos. Os investidores americanos, tradicionalmente muito focados no mercado local, aumentaram o percentual investido em mercados emergentes de 1%, 2% para 10% a 15% em cinco anos. É uma mudança dramática e mostra maior confiança.

Valor: Como as eleições no Brasil afetam os investimentos?
Aquilina: Vejo um cenário positivo para o Brasil, com a China continuando a crescer 8%, 9% ao ano e aumentando as importações de commodities brasileiras. Uma das principais razões para os investidores internacionais estarem tão confiantes na economia brasileira é a separação entre o cenário político e o econômico.

Valor: Como será o negócio de private no próximo ano?.
Bannister: Podemos dividir o mundo em três regiões. Nosso negócio na Ásia está crescendo extremamente depressa local e externamente. Isso tudo explicado pelo crescimento da China. Podemos incluir aí a India, onde nós começamos nosso negócio local este ano, e estamos indo muito bem em lugares como Dubai e no Oriente Médio. E o crescimento da China influencia Taiwan, Japão, Cingapura, Tailândia. Por isso a Asia deve continuar sendo nosso mercado de crescimento mais rápido. E em seguida vêm as Américas, onde ainda somos relativamente pequenos, mas onde podemos crescer bastante, especialmente na América do Norte, Brasil, Argentina e México. É onde temos as maiores operações do HSBC Bank. A Europa é um mercado mais maduro.

Tuesday, November 01, 2005

Outubro

Apesar de não ter ocorrido nenhuma crise durante o mês de Outubro, o mês não foi nada fácil para os fundos de investimentos, sendo que poucos conseguiram ficar acima do CDI. Lá fora não foi pior, como atesta este artigo da Reuters:

October could be worst for hedge funds since 2000
Mon Oct 31, 2005 10:29 AM ET
By Pratima Desai
LONDON, Oct 31 (Reuters) - Tumbling stock prices and a high-profile bankruptcy in the United States mean October is likely to be the worst month for hedge funds since the 2000 equities crash, industry participants say.
However, they do not expect any losses this month to trigger a mass investor exodus from hedge funds, the investment vehicles which some see as risky because they can use derivatives, short sell and borrow or leverage to take bigger positions.
Expectations are that average losses will be between 2 and 3 percent, which would be the highest since March and April 2000 when the technology bubble burst and hedge funds were left nursing losses of 2.1 and 4.6 percent respectively, according to Credit Suisse First Boston Tremont Index.
Others backed that view.
"I think the range of outcomes you'll see is funds being anywhere from up 5 percent to down 10 or 15 percent for the month," said Bill Maldonado, chief executive of HSBC Alternative Investments.
"I think the average return will definitely be negative and it's going to be minus 2 to 3 percent, something like that."
Gartmore hedge fund managers Roger Guy and Guillaume Rambourg wrote to their investors last week warning that October would not be a good month, according to a report in the Financial Times. Gartmore confirmed to Reuters that a letter had been sent to investors but declined further comment.
At the start of October, many hedge funds who trade equities were expecting the bull run of previous months to continue and added to their investments with leverage.
But they were thwarted almost immediately by large falls in stock prices around the world as worries emerged about higher inflation and interest rates.
Sentiment slipped further after U.S. auto-parts maker Delphi filed for bankruptcy and news broke of an investigation into hidden debts at New York-based derivatives dealer Refco.
RISK APPETITE
However, industry players do not expect one month of losses to prompt investors to pull capital from the industry, since most do not look at individual monthly returns and performance in the 10 months to end-October will still be positive.
"October will just be a month of giving back gains from September," said Omar Kodmani, senior executive director at hedge fund firm Permal Group in London. "But that's not going to set the alarm bells ringing for investors."
Hedge funds returned an average of 1.6 percent in September, according to CSFB/Tremont.
Worst-hit hedge funds are likely to include those in merger arbitrage. They typically adopt a strategy of selling stock of a bidding company and buying the target, on the expectation that the difference between the two will narrow.
Growing risk aversion has persuaded some bidders to put on hold or abandon takeover plans, while in some existing M&A situations the probability of a successful bid has dropped and spreads have widened, accelerating hedge fund losses.
"Delphi had a negative impact on the risk appetite of the market at large," said Justin Dew, senior hedge fund analyst at Standard & Poor's rating agency. "A number of other merger situations came more into question...some deals look slightly less probable and hedge fund performance has suffered."
The drop in crude oil prices has also caught out many hedge funds who had bet on a sustained rise above $70 a barrel, a level last seen in August.
The rise in U.S. Treasury bond yields because of growing expectations that the U.S. Federal Reserve could raise benchmark interest rates another 1 percent to 4.75 percent has also hit many hedge funds who were long of Treasury bonds.
"But the reverse side of this is that there are some hedge funds who have been short of Treasury bonds for a long time and this may be their chance to exit the trade at a profit," one source said.
Hedge funds who trade the different elements of convertible bonds -- equity, bond and volatility -- are also expected to have done well in October, because stock market volatility has jumped and created more mispricing opportunities.

Monday, October 31, 2005

Artigo do Financial Times sobre Hedge Funds

Hedge funds reject tougher regulation
By James Drummond
Published: October 28 2005 03:00 Last updated: October 28 2005 03:00

A trade body representing British and European hedge funds has rejected any suggestion of tougher regulation by the Financial Services Authority.
Today sees the end of a four-month consultation period in which interested parties could respond to two discussion papers on hedge funds issued by the City regulator in June.
The FSA said then that unless persuaded otherwise it would supervise up to 25 "high-impact" hedge funds more closely. Last month, it named its former head of asset management as the chief of a six-strong unit to monitor hedge fund activity.
But the Alternative Investment Management Association, which has 270 corporate members, said yesterday that the FSA's perception of undue risk to markets from hedge funds was misplaced.
"In AIMA's view, no evidence has been offered to suggest that hedge fund managers are likely to cause any more disruption to the market than other players," the trade body said yesterday.
Perfil da Geração Futuro que saiu hoje no Valor Econômico.

O sucesso do gestor à moda antiga
Mara Luquet

Edmundo Valadão, sócio da corretora Geração Futuro, é um homem à moda antiga. Nascido e criado em Guaratinguetá, interior de São Paulo, ele sempre fez sucesso com as moças porque gastava um bom dinheiro comprando votos para as colegas que queriam vencer o concurso de miss no colégio. Nesses concursos o que vale não é a beleza, mas a capacidade da moça de vender votos para amigos e familiares. Assim ficou popular no interior.
Muitos anos se passaram e ele fez carreira no mercado de capitais. Hoje é bastante popular nesta seara também e conta alguns feitos. Ao contrário da corrente do mercado que prefere a gestão de fundos de investimento, a Geração Futuro tem em suas prateleiras 140 clubes de investimento em ações e apenas dois fundos, ambos premiados com cinco estrelas pela Standard & Poor's. "No clube de investimento os custos de administração são menores e você está mais próximo do cliente", diz.
Este é um expediente que ele gosta bastante, conversar com cotistas. Faz reuniões periódicas para explicar investimentos em determinadas empresas e mostrar a performance dos clubes. A partir do próximo dia 9, reservará toda quarta-feira, das 16 às 20 horas, para receber pessoalmente cotistas. Sem redes de distribuição, essa proximidade do cliente foi a via que a Geração encontrou para furar o bloqueio dos grandes bancos varejistas e hoje administra um total de R$ 600 milhões em clubes. Há clubes de todos os tipos, de familiares, amigos de faculdade, amigos de trabalho etc. "Para criar um clube é necessário ter três pessoas e no máximo 150", diz. "Por isso, tem clubes que é o pai, a mãe e os filhos.". Há também 27 clubes abertos a qualquer investidor com uma quantia inicial de R$ 100.
Nesta semana o primeiro clube de investimento da Geração Futuro, o Programado I, completa cinco anos. Nesse período o clube acumula um ganho de 488%, excepcional se comparado ao Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, que subiu 99,71%. Nem mesmo a renda fixa, a melhor aplicação dos últimos anos dado a elevada taxa de juro, bateu a performance do Programado I. Nesse período o ganho do CDI (taxa de juro do mercado interbancário) foi de 136%.
A receita do sucesso desse clube é simples, diz Valadão: comprar empresas que tenham valor e mantê-las em carteira. Estão na carteira do clube desde o início de sua existência, por exemplo, as ações da Randon, empresa de auto peças e implementos rodoviários, uma das cinco maiores do setor no mundo. Valadão conta que, quando comprou as ações da empresa para o Clube Programado I, pagou R$ 1,35. Hoje, os mesmos papéis valem R$ 6,20. Do total do patrimônio do clube, 14% estão aplicado em ações da Randon.
Mas este não é um caso isolado. A regra é não ficar trocando de ações. As ações da Guararapes, empresa do setor têxtil, é outro bom exemplo. Valadão conta que comprou os papéis por R$ 18, hoje a ação é cotada a R$ 50 e ele diz que só vende se enxergar algum sinal de redução no lucro da empresa. Caso contrário, enquanto ela estiver com bons administradores, dando lucro e em expansão, ele mantém o papel e não está nem aí para o humor do mercado.
Definitivamente, Valadão não é o tipo de investidor que acompanha mercado. Seu negócio é acompanhar empresas. Por isso, os clubes da Geração possuem hoje participação relevante no capital de algumas empresas. Estão ainda nas carteiras ações da Weg, da Gerdau, da Caemi, da Perdigão, da Usiminas e também da Forjas Taurus.
Artigo do Valor Econômico de hoje (31/10/05)

Uma avaliação do regime de metas de inflação no Brasil
Por Luiz Fernando de Paula

Em estudo recente, escrito em co-autoria com Philip Arestis (Universidade de Cambridge) e Fernando Ferrari (UFRGS), procuramos comparar - usando dados do FMI - a experiência brasileira com metas de inflação com a de outros países emergentes, dividindo-os em dois grupos: 1) países que adotaram metas de inflação; e 2) países que não adotaram. Além disso, buscamos avaliar algumas especificidades do caso brasileiro (o artigo intitulado "Inflation Targeting in Emerging Countries: the case of Brazil" está disponível no sítio: http://paginas.terra.com.br/educacao/luizfpaula/home.htm ).
Uma primeira avaliação comparativa feita a partir de dados relativos ao comportamento da taxa de inflação e da taxa de crescimento do PIB, desde a década de 1980, mostra que a queda na taxa de inflação é uma tendência geral entre os países emergentes, tanto para países que adotaram metas de inflação, quanto para aqueles que não adotaram. De fato, alguns países emergentes que não adotaram metas de inflação, como China, Índia, Egito e Malásia, tiveram taxas de inflação média abaixo de 4% ao ano nos últimos anos.
Tampouco há evidências de que países emergentes que adotaram metas de inflação tiveram nos últimos anos um desempenho melhor em termos do PIB do que os países que não adotaram. De novo, China, Índia, Malásia e Egito estão entre os países que tiveram o melhor desempenho em termos do crescimento do PIB, com média de 9,8%, 6,1%, 6,0% e 4,6%, respectivamente, em 1992/2003, enquanto há países que adotaram metas de inflação e tiveram um crescimento bem mais baixo no período - República Checa (2,2%), México (2,7%) e Israel (3,9%).
Os dados acima referidos parecem sugerir que os melhores resultados econômicos podem resultar de outros fatores não relacionados à adoção de um regime de metas de inflação. Alguém poderia sugerir que estes resultados são específicos dos países emergentes, e que não seria o caso dos países desenvolvidos, onde o regime de metas de inflação seria mais adequado. Tampouco há evidências para isto. Um estudo recente feito por Ball e Sheridan, analisando os países do OCDE, conclui que "os aspectos formais e institucionais do regime - anúncio público das metas, relatórios de inflação e independência dos bancos centrais - não são importantes. Nada nos dados sugere que metas convertidas iriam se beneficiar de adotar metas explícitas".
Dentro deste panorama geral, Brasil é um caso interessante: a inflação tem se mantido elevada quando comparada a outros países emergentes no período recente (IPCA médio de 8,7% em 1999/2004), apesar de o país praticar uma das maiores taxas de juros do mundo (média de 19,8% em 1999/2004). Ao mesmo tempo, em boa parte devido às elevadíssimas taxas de juros, o crescimento do PIB real (média de 2,3% no mesmo período) tem se mantido claramente abaixo das necessidades de crescimento do país.
Para sair do impasse econômico, o país precisa criar condições para reduzir os juros e a volatilidade do câmbio
No Brasil, a volatilidade da taxa de câmbio tem sido considerável a partir da adoção de um regime de câmbio flutuante, em 1999. De fato, como a experiência brasileira recente atesta, em países emergentes com elevado nível de dívida externa e conta de capital totalmente liberalizada, fluxos de capitais externos podem causar períodos de intensa instabilidade na taxa de câmbio. Estudos empíricos têm mostrado que as autoridades monetárias brasileiras usam a taxa de juros não somente para controlar diretamente a inflação, mas também para influenciar a taxa de câmbio, buscando controlar em alguma medida as pressões sobre a taxa de câmbio nominal.
Como mostra o gráfico, os índices de preços no Brasil acompanham, com alguma defasagem, o movimento da taxa de câmbio. Em outras palavras, a elevação ou diminuição da inflação no Brasil resulta, em boa medida, da depreciação ou apreciação cambial. Portanto, a taxa de câmbio é uma variável-chave para entender o movimento da inflação no Brasil. Em particular, em momentos de saídas mais significativas de capitais do país, o Banco Central é obrigado a responder à maior depreciação cambial elevando a taxa de juros para evitar o aumento da inflação.
No caso do IGP-DI, dada a sua maior sensibilidade à taxa de câmbio (já que é composto em 60% pelo índice de preço de atacado), a influência do câmbio é ainda mais marcante do que no IPCA. Já no caso do IPCA, que é o índice oficial da inflação, a taxa de câmbio influencia direta e indiretamente: diretamente pelo efeito causado pela apreciação ou depreciação cambial sobre os custos de produção das empresas (em função do barateamento ou encarecimento dos bens importados); e indiretamente via IGP, já que este índice é usado como referência para reajustar alguns preços administrados, como eletricidade.
Segundo nossos cálculos, o peso dos preços administrados no IPCA foi de cerca de 28% em média no período de abril de 2003 a março de 2005. Portanto, ainda há um componente inercial significativo na taxa de inflação brasileira. Considerando que esses preços são insensíveis ao movimento da taxa de juros, o Banco Central é "obrigado" a praticar taxas maiores do que seriam necessárias para controlar a inflação que resulta dos preços livres.
Em conclusão, a experiência do funcionamento do regime de metas de inflação no Brasil tem resultado em uma performance econômica pobre com taxas de inflação relativamente elevadas. Torna-se necessário, portanto, discutir alternativas para a superação desta situação, o que passa não somente pela necessidade de criar condições para a redução da taxa de juros como também de criar instrumentos para reduzir a volatilidade excessiva da taxa de câmbio no país.