Merrill Lynch
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Monday, September 25, 2006
Hedge Funds
Artigo publicado hoje na Gazeta Mercantil.
Hedge funds: setor ainda pouco regulado
Washington, 25 de Setembro de 2006 - Mais de 100 fundos de hedge passarão a fornecer menos informações para os reguladores depois que um tribunal decidiu que a Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de bolsas de valores americana, não pode impor regras que exigem mais transparência do setor. A D.
Washington, 25 de Setembro de 2006 - Mais de 100 fundos de hedge passarão a fornecer menos informações para os reguladores depois que um tribunal decidiu que a Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de bolsas de valores americana, não pode impor regras que exigem mais transparência do setor. A D.B. Zwirn e a Mason Capital Management, que juntas administram perto de US$ 7 bilhões em ativos, estão entre os fundos que retiraram seus registros desde que o tribunal federal de apelações de Washington tomou sua decisão em junho, divulgou a SEC. Algumas cancelaram seus registros na SEC este mês, enquanto a Amaranth Advisors, com sede em Greenwich, Connecticut, perdia perto de US$ 6 bilhões com apostas erradas no mercado de gás natural. A SEC queria que os fundos de hedge informassem seu tamanho, número de funcionários e tipos de clientes, e que se submetessem a inspeções aleatórias. "Tenho dito há um bom tempo que um desastre de trem pode ocorrer pela falta de supervisão regulamentar adequada", disse o ex-comissário da SEC, Harvey Goldschmid, que votou pela norma da agência. "O caso Amaranth só indica a continuidade dessa preocupação", disse Goldschmid. As perdas da Amaranth ampliaram-se em US$ 1,4 bilhão na semana passada porque a companhia teve de vender ativos com desconto para não fechar as portas. Os fundos administrados pelas companhias MotherRock, Saranac Capital Management e Ospraie Management fecharam este ano depois de contraírem perdas em commodities e bônus conversíveis. A Aeneas Capital Management, que administrava perto de US$ 400 milhões em ativos, está sendo investigada pelos reguladores nos Estados Unidos e na Malásia depois que as apostas em ações causaram perdas de 60% em um de seus fundos. Os fundos de hedge são grupos privados de capital que permitem aos gestores participar substancialmente dos ganhos sobre os investimentos feitos em nome dos clientes. Eles habitualmente cobram taxas anuais de administração de 2% sobre o patrimônio e embolsam 20% ou mais dos ganhos dos fundos. As comissões de administração e desempenho da Amaranth eram de 1,5% e 20%. Mais de US$ 42 bilhões foram aplicados nos fundos de hedge no trimestre encerrado em 30 de junho, o mais alto volume em um trimestre desde 2003, segundo dados fornecidos pela Hedge Fund Research, de Chicago. A regra para fundos de hedge da SEC foi inspirada em parte pelo colapso em setembro de 1998 da Long-Term Capital Management. O tamanho de suas posições e a ameaça que sua quebra representou para os mercados financeiros alarmaram os reguladores. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Bloomberg News)
Artigo publicado hoje na Gazeta Mercantil.
Hedge funds: setor ainda pouco regulado
Washington, 25 de Setembro de 2006 - Mais de 100 fundos de hedge passarão a fornecer menos informações para os reguladores depois que um tribunal decidiu que a Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de bolsas de valores americana, não pode impor regras que exigem mais transparência do setor. A D.
Washington, 25 de Setembro de 2006 - Mais de 100 fundos de hedge passarão a fornecer menos informações para os reguladores depois que um tribunal decidiu que a Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de bolsas de valores americana, não pode impor regras que exigem mais transparência do setor. A D.B. Zwirn e a Mason Capital Management, que juntas administram perto de US$ 7 bilhões em ativos, estão entre os fundos que retiraram seus registros desde que o tribunal federal de apelações de Washington tomou sua decisão em junho, divulgou a SEC. Algumas cancelaram seus registros na SEC este mês, enquanto a Amaranth Advisors, com sede em Greenwich, Connecticut, perdia perto de US$ 6 bilhões com apostas erradas no mercado de gás natural. A SEC queria que os fundos de hedge informassem seu tamanho, número de funcionários e tipos de clientes, e que se submetessem a inspeções aleatórias. "Tenho dito há um bom tempo que um desastre de trem pode ocorrer pela falta de supervisão regulamentar adequada", disse o ex-comissário da SEC, Harvey Goldschmid, que votou pela norma da agência. "O caso Amaranth só indica a continuidade dessa preocupação", disse Goldschmid. As perdas da Amaranth ampliaram-se em US$ 1,4 bilhão na semana passada porque a companhia teve de vender ativos com desconto para não fechar as portas. Os fundos administrados pelas companhias MotherRock, Saranac Capital Management e Ospraie Management fecharam este ano depois de contraírem perdas em commodities e bônus conversíveis. A Aeneas Capital Management, que administrava perto de US$ 400 milhões em ativos, está sendo investigada pelos reguladores nos Estados Unidos e na Malásia depois que as apostas em ações causaram perdas de 60% em um de seus fundos. Os fundos de hedge são grupos privados de capital que permitem aos gestores participar substancialmente dos ganhos sobre os investimentos feitos em nome dos clientes. Eles habitualmente cobram taxas anuais de administração de 2% sobre o patrimônio e embolsam 20% ou mais dos ganhos dos fundos. As comissões de administração e desempenho da Amaranth eram de 1,5% e 20%. Mais de US$ 42 bilhões foram aplicados nos fundos de hedge no trimestre encerrado em 30 de junho, o mais alto volume em um trimestre desde 2003, segundo dados fornecidos pela Hedge Fund Research, de Chicago. A regra para fundos de hedge da SEC foi inspirada em parte pelo colapso em setembro de 1998 da Long-Term Capital Management. O tamanho de suas posições e a ameaça que sua quebra representou para os mercados financeiros alarmaram os reguladores. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Bloomberg News)
Monday, September 11, 2006
Ratings
As agências de ratings Moody's, S&P e Fitch estão desenvolvendo novos critérios para avaliação de hedge funds.
As agências de ratings Moody's, S&P e Fitch estão desenvolvendo novos critérios para avaliação de hedge funds.
Tuesday, August 22, 2006
Thursday, August 17, 2006
Administração X Gestão
Link para matéria muito interessante do Valor Econômico sobre o conflito entre gestão e administração.
Link para matéria muito interessante do Valor Econômico sobre o conflito entre gestão e administração.
Monday, August 14, 2006
Multimercados
Matéria da Gazeta Mercantil de 14 de Agosto.
Multimercado reconquista o investidor e lidera captação
São Paulo, 14 de Agosto de 2006 - Queda de juros e aplicador mais maduro explicam a forte captação dessas carteiras. Os fundos de investimento multimercados - mais flexíveis para explorar as oportunidades dos diversos mercados - retomaram a confiança do investidor. De todo o volume captado pela indústria de fundos ao longo de 2006, essas carteiras lideraram as aplicações com cerca de 40%, ou R$ 18,3 bilhões, destaca levantamento da consultoria Quantum. Com esse fluxo de recursos e um retorno médio de 11%, o patrimônio dos multimercados superou os R$ 152 bilhões, o que corresponde a uma participação de 18,6% no setor (com volume de R$ 817,3 bilhões).
O movimento representa uma reversão do que ocorreu em 2005, quando os multimercados sofreram resgates de quase R$ 3 bilhões e tiveram sua participação na indústria de fundos reduzida de 29% em janeiro para 17,6% no final do ano. A alta dos juros durante boa parte do ano, a crise do mensalão e o fraco desempenho da Bolsa afastaram o investidor dos multimercados, uma que vez que a aplicação tem um nível de risco maior. Mas, a partir de setembro, quando foi dado início ao corte da Selic, esse mercado começou a apresentar recuperação, mas ainda não o suficiente para anular as perdas do ano.
"Queda de juros e boa performance explicam o desempenho positivo dos multimercados", avalia Fernando Ganme, sócio da Capital Serviços de Agente Autônomo, distribuidora de fundos com foco em produtos de risco. De fato, toda vez que a tendência do juro apontava para baixo, os multimercados aumentavam seu peso no setor. Dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) mostram que, entre dezembro de 2002 e dezembro de 2004, a fatia dos multimercados passou de 26,6% para 29,6%, enquanto a taxa Selic caiu de 25,50% para 17,25% ao ano.
O gestor da Mauá Investimentos, Lourenço Tigre, reconhece que a dinâmica da taxa de juros e o ambiente macroeconômico - com o País menos vulnerável a crises e inflação controlada - foram fundamentais para que o investidor começasse a pensar na sua poupança com uma visão de mais longo prazo e buscar ativos que gerassem uma rentabilidade melhor. Mas, na sua opinião, há um outro fator importante que explica o bom desempenho dos multimercados: o amadurecimento da indústria.
"Os investidores estão mais confortáveis com esse tipo de aplicação, uma vez que entendem melhor o nível de risco a que estão sujeitos e, conseqüentemente, suportam melhor a volatilidade desses fundos, em troca de melhores retornos", explica. Além disso, ele ressalta o amadurecimento do ponto de vista da gestão, uma vez que os multimercados começam a formar um histórico, ainda que recente, e com isso ganhar mais credibilidade.
Isso explicaria, inclusive, o fato de os multimercados terem resistido bem à volatilidade do mês de maio, provocada pela indefinição quanto ao juro americano. No geral, esses fundos não sofreram resgates, nem mesmo com o fato de algumas carteiras terem perdido rentabilidade. "Também para o analista da Hedging-Griffo, Luiz Parreiras, esse movimento reflete o amadurecimento do investidor. "Em anos anteriores, qualquer sinal de volatilidade e fraca performance gerava uma ondas de resgates", informa.
Parreiras afirma que os multimercados ganharam muito dinheiro no início do ano, por conta do cenário claro para os ativos (juro em queda, apreciação do real e performance positiva para a Bolsa), da forte liquidez, do fluxo intenso de estrangeiros e da ausência de crises. "Já maio foi um mês difícil, mas boa parte dos gestores conseguiu proteger seus ganhos no ano, ou seja, já estava colocando o dinheiro no bolso", destaca. E os investidores, acrescenta Tigre, perceberam que fez sentido ter mantido suas aplicações. A média de retorno dos multimercados em 2006 está em 11%, acima dos 9,37% do CDI. Fundos como o Hedging-Griffo Verde e o multimercado da Mauá, por exemplo, acumulam ganhos bem superiores, de 18,53% e 20,89%, respectivamente.
O sócio da Quantum, Maxim Wengert, acrescenta que a captação significativa dos multimercados neste ano é reflexo do desenvolvimento da indústria de fundos ao longo dos anos, por conta da evolução da legislação, de divulgação de informação, ferramentas de análise disponíveis aos investidores e estratégias sofisticas adotadas pelos gestores.
Para os especialistas, a tendência continua favorável para esses fundos. Segundo Parreiras, com fundamentos da economia positivos e o juro em queda, os multimercados tendem a ganhar cada vez mais espaço, como uma alternativa de retorno maior.
Para Ganme, da Capital, o multimercado é "sempre um bom produto", uma vez que pode ganhar tanto num cenário positivo ou pessimista. "O que se compra, no caso do fundo multimercado, é a visão do gestor em relação ao cenário e não o cenário." Segundo o especialista, esse é o tipo de aplicação que o investidor tem de colocar o dinheiro e esquecer.kicker: Com R$ 18,2 bilhões e retorno médio de 11% (contra 9,37% do CDI), categoria atinge volume de R$ 152,3 bilhões, ou 18,6% do setor
Matéria da Gazeta Mercantil de 14 de Agosto.
Multimercado reconquista o investidor e lidera captação
São Paulo, 14 de Agosto de 2006 - Queda de juros e aplicador mais maduro explicam a forte captação dessas carteiras. Os fundos de investimento multimercados - mais flexíveis para explorar as oportunidades dos diversos mercados - retomaram a confiança do investidor. De todo o volume captado pela indústria de fundos ao longo de 2006, essas carteiras lideraram as aplicações com cerca de 40%, ou R$ 18,3 bilhões, destaca levantamento da consultoria Quantum. Com esse fluxo de recursos e um retorno médio de 11%, o patrimônio dos multimercados superou os R$ 152 bilhões, o que corresponde a uma participação de 18,6% no setor (com volume de R$ 817,3 bilhões).
O movimento representa uma reversão do que ocorreu em 2005, quando os multimercados sofreram resgates de quase R$ 3 bilhões e tiveram sua participação na indústria de fundos reduzida de 29% em janeiro para 17,6% no final do ano. A alta dos juros durante boa parte do ano, a crise do mensalão e o fraco desempenho da Bolsa afastaram o investidor dos multimercados, uma que vez que a aplicação tem um nível de risco maior. Mas, a partir de setembro, quando foi dado início ao corte da Selic, esse mercado começou a apresentar recuperação, mas ainda não o suficiente para anular as perdas do ano.
"Queda de juros e boa performance explicam o desempenho positivo dos multimercados", avalia Fernando Ganme, sócio da Capital Serviços de Agente Autônomo, distribuidora de fundos com foco em produtos de risco. De fato, toda vez que a tendência do juro apontava para baixo, os multimercados aumentavam seu peso no setor. Dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) mostram que, entre dezembro de 2002 e dezembro de 2004, a fatia dos multimercados passou de 26,6% para 29,6%, enquanto a taxa Selic caiu de 25,50% para 17,25% ao ano.
O gestor da Mauá Investimentos, Lourenço Tigre, reconhece que a dinâmica da taxa de juros e o ambiente macroeconômico - com o País menos vulnerável a crises e inflação controlada - foram fundamentais para que o investidor começasse a pensar na sua poupança com uma visão de mais longo prazo e buscar ativos que gerassem uma rentabilidade melhor. Mas, na sua opinião, há um outro fator importante que explica o bom desempenho dos multimercados: o amadurecimento da indústria.
"Os investidores estão mais confortáveis com esse tipo de aplicação, uma vez que entendem melhor o nível de risco a que estão sujeitos e, conseqüentemente, suportam melhor a volatilidade desses fundos, em troca de melhores retornos", explica. Além disso, ele ressalta o amadurecimento do ponto de vista da gestão, uma vez que os multimercados começam a formar um histórico, ainda que recente, e com isso ganhar mais credibilidade.
Isso explicaria, inclusive, o fato de os multimercados terem resistido bem à volatilidade do mês de maio, provocada pela indefinição quanto ao juro americano. No geral, esses fundos não sofreram resgates, nem mesmo com o fato de algumas carteiras terem perdido rentabilidade. "Também para o analista da Hedging-Griffo, Luiz Parreiras, esse movimento reflete o amadurecimento do investidor. "Em anos anteriores, qualquer sinal de volatilidade e fraca performance gerava uma ondas de resgates", informa.
Parreiras afirma que os multimercados ganharam muito dinheiro no início do ano, por conta do cenário claro para os ativos (juro em queda, apreciação do real e performance positiva para a Bolsa), da forte liquidez, do fluxo intenso de estrangeiros e da ausência de crises. "Já maio foi um mês difícil, mas boa parte dos gestores conseguiu proteger seus ganhos no ano, ou seja, já estava colocando o dinheiro no bolso", destaca. E os investidores, acrescenta Tigre, perceberam que fez sentido ter mantido suas aplicações. A média de retorno dos multimercados em 2006 está em 11%, acima dos 9,37% do CDI. Fundos como o Hedging-Griffo Verde e o multimercado da Mauá, por exemplo, acumulam ganhos bem superiores, de 18,53% e 20,89%, respectivamente.
O sócio da Quantum, Maxim Wengert, acrescenta que a captação significativa dos multimercados neste ano é reflexo do desenvolvimento da indústria de fundos ao longo dos anos, por conta da evolução da legislação, de divulgação de informação, ferramentas de análise disponíveis aos investidores e estratégias sofisticas adotadas pelos gestores.
Para os especialistas, a tendência continua favorável para esses fundos. Segundo Parreiras, com fundamentos da economia positivos e o juro em queda, os multimercados tendem a ganhar cada vez mais espaço, como uma alternativa de retorno maior.
Para Ganme, da Capital, o multimercado é "sempre um bom produto", uma vez que pode ganhar tanto num cenário positivo ou pessimista. "O que se compra, no caso do fundo multimercado, é a visão do gestor em relação ao cenário e não o cenário." Segundo o especialista, esse é o tipo de aplicação que o investidor tem de colocar o dinheiro e esquecer.kicker: Com R$ 18,2 bilhões e retorno médio de 11% (contra 9,37% do CDI), categoria atinge volume de R$ 152,3 bilhões, ou 18,6% do setor
Wednesday, July 26, 2006
Macquaire
Macquarie combines hedges in a boutique
(From The Australian (Australia), provided by LexisNexis)
Publication: The Australian (Australia)
Robert Clow
Investment
MACQUARIE Bank has rebranded and simplified its hedge fund offering, grouping just over $1 billion in funds under the newly designated MQ Specialist Investment Management umbrella.
Consistent with the investment bank's freedom within limits strategy, and its strategy of attaching alternative investment management operations to its investment bank, Macquarie is trying to create an internally managed boutique hedge fund management firm.
It was important that the group had a boutique feel because Macquarie was aiming to create a group that was entrepreneurial and flexible in its investment strategies, but grounded with the bank's strong risk management and operations disciplines, said Cathy Kovacs, a division director in the equity markets group.
Macquarie is already one of the world's largest alternative asset managers through its infrastructure and property funds and it is increasingly venturing into private equity.
Building the bank's hedge fund offering and leveraging off its distribution and risk management strengths fits with Macquarie's broader plan. Ms Kovacs also acknowledged there had been client confusion over Macquarie's varied hedge fund brands. ''What we wanted was to combine the various hedge fund activities that we have been involved in,'' she said.
MQ will rank in the top five Australian hedge fund managers by assets under management.
The MQ funds are comprised of $602.5 million in funds which invest in a portfolio of other hedge funds (funds of funds), $327.3 million in single-strategy funds and $136.8 million in fund structured products.
MQ will offer a variety of different Australian, Asian and Japanese equity-based strategies as well as a global commodity futures fund and a multi-strategy fund which will group together a number of MQ's different hedge fund offerings.
Aside from their regional flavour, the funds' other distinguishing element will be their quantitative bias.
MQ's growth strategy will focus on attracting more offshore fund of funds money and more Australian superannuation fund money.
Despite producing two months of unimpressive performance, hedge funds globally attracted a record $US42 billion ($55.6 billion) in new investments over the past quarter, according to HFR.
Macquarie combines hedges in a boutique
(From The Australian (Australia), provided by LexisNexis)
Publication: The Australian (Australia)
Robert Clow
Investment
MACQUARIE Bank has rebranded and simplified its hedge fund offering, grouping just over $1 billion in funds under the newly designated MQ Specialist Investment Management umbrella.
Consistent with the investment bank's freedom within limits strategy, and its strategy of attaching alternative investment management operations to its investment bank, Macquarie is trying to create an internally managed boutique hedge fund management firm.
It was important that the group had a boutique feel because Macquarie was aiming to create a group that was entrepreneurial and flexible in its investment strategies, but grounded with the bank's strong risk management and operations disciplines, said Cathy Kovacs, a division director in the equity markets group.
Macquarie is already one of the world's largest alternative asset managers through its infrastructure and property funds and it is increasingly venturing into private equity.
Building the bank's hedge fund offering and leveraging off its distribution and risk management strengths fits with Macquarie's broader plan. Ms Kovacs also acknowledged there had been client confusion over Macquarie's varied hedge fund brands. ''What we wanted was to combine the various hedge fund activities that we have been involved in,'' she said.
MQ will rank in the top five Australian hedge fund managers by assets under management.
The MQ funds are comprised of $602.5 million in funds which invest in a portfolio of other hedge funds (funds of funds), $327.3 million in single-strategy funds and $136.8 million in fund structured products.
MQ will offer a variety of different Australian, Asian and Japanese equity-based strategies as well as a global commodity futures fund and a multi-strategy fund which will group together a number of MQ's different hedge fund offerings.
Aside from their regional flavour, the funds' other distinguishing element will be their quantitative bias.
MQ's growth strategy will focus on attracting more offshore fund of funds money and more Australian superannuation fund money.
Despite producing two months of unimpressive performance, hedge funds globally attracted a record $US42 billion ($55.6 billion) in new investments over the past quarter, according to HFR.
Monday, July 24, 2006
Custódia
Matéria publicada na Gazeta Mercantil de 24 de Julho de 2006.
Estrangeiro puxa crescimento do setor de custódia de títulos
São Paulo, 24 de Julho de 2006 - Desde o final de 2002, os ativos "guardados" para o investidor externo saltaram 327%. A expansão e o desenvolvimento dos mercados de capitais e investimentos nos últimos anos têm sido acompanhados de perto pelo setor de prestação de serviços, como o de custódia qualificada de títulos e valores mobiliários. Desde o final de 2002, o total de ativos sob guarda em bancos mais que dobrou, passando de R$ 516,7 bilhões para R$ 1,319 trilhão em junho, segundo a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). A custódia para o cliente local, como fundos de pensão e gestores de recursos, ainda representa a maior parte do volume de títulos custodiados - cerca de 75% -, mas é o serviço para o mercado externo o que mais cresce. Com o interesse crescente pelo Brasil, a custódia para o investidor estrangeiro deu um salto de cerca de 327% em três anos e meio, com o total de ativos passando a R$ 337,6 bilhões em junho; no mesmo período, o aumento da custódia local cresceu 124,5%, a R$ 982,2 bilhões. Para Pedro Guerra, superintendente de custódia do Citibank, o crescimento da atividade no mercado local está muito associado à expansão do setor de investimentos, com o aumento do patrimônio tanto pela valorização dos preços dos ativos quanto pela entrada de recursos novos de fundos de pensão, gestores, entre outros. Nesse segmento, segundo Guerra, é mais difícil haver uma explosão de ativos, até porque os principais clientes já estão no mercado. "O conceito de custódia, que é a segregação da guarda e controladoria dos ativos, já está inserido entre os investidores locais", afirma. "O crescimento no mercado nacional é orgânico", reforça o superintendente executivo do departamento de ações e custódia do Bradesco, Cassiano Ricardo Scarpelli. Segundo ele, tende a acompanhar a indústria de investimentos, que continua em franca expansão, com o surgimento de novos produtos, como fundos de recebíveis e de private equity. O desafio internamente, segundo Scarpelli, é garimpar novos clientes dia-a-dia, roubando-os da concorrência. O Bradesco, por exemplo, conseguiu um salto de R$ 12 bilhões em ativos custodiados, com a conquista recente dos fundos exclusivos da Petrobras. O potencial maior de crescimento é na área de custódia internacional. "Esse é um mercado grande e pouco explorado, especialmente com o Brasil caminhando para o investment grade", afirma Guerra. O executivo conta que neste ano conquistou 620 novos clientes estrangeiros. Segundo ele, ainda são contas pequenas, de alguns milhares de reais, mas a tendência é de crescimento. Com a isenção, no início do ano, da alíquota de IR sobre os investimentos estrangeiros em títulos públicos federais foi zerada. Isso atraiu muitos investimentos ao País e fez as instituições se mexeram. O Itaú, por exemplo, anunciou em abril a criação de uma gerência de produtos internacionais para atender exclusivamente esse cliente, que investe no Brasil, via Resolução 2.689. "A avalanche de recursos, no médio prazo, virá do mercado externo", diz Scarpelli. Segundo ele, o Brasil disputa apenas 2% dos trilhões de dólares de patrimônio dos fundos internacionais que podem aplicam em países considerados mais arriscados. Mas, com o grau de investimento, esse percentual pode passar a 10%. O Brasil, acrescenta, está preparado para receber grandes volumes: tem regulamentação e infra-esturura.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Alessandra Bellotto)
Mercado concentrado
24 de Julho de 2006 - Apesar do tamanho do setor de custódia - R$ 1,319 trilhão -, o mercado é bastante concentrado. O líder Itaú, um dos mais antigos players, detém participação de 22,79%, com a custódia de R$ 300,8 milhões em ativos; o Bradesco tem uma fatia de 16,85% (R$ 222,33 milhões) e o Citibank, 16,43% (R$ 216,90 milhões). Com margens apertadas e necessidade constante de investimentos em tecnologia, escala é a alma do negócio. Segundo o superintendente executivo de ações e custódia do Bradesco, Cassiano Ricardo Scarpelli, os grupos financeiros têm mais vantagens. "Com assets próprias, conseguem ganhos de processamento e sinergia." Em maio, o banco chegou à vice-liderança do setor, posição que era ocupada pelo Citibank. A diferença, no entanto, é relativamente pequena (R$ 5,5 bilhões). "O forte do Citi é a custódia para terceiros", diz o superintendente de custódia Pedro Guerra. Nessa área, o banco é o segundo no ranking, atrás do Itaú. Também, lidera a custódia para estrangeiros, serviço que marcou sua estréia nesse mercado em 1991. "A expertise internacional é a grande vantagem competitiva do Citi." O mercado é concentrado, mas nem por isso menos competitivo. "A custódia é uma importante alavanca de negócios", argumenta Scarpelli. Segundo ele, representa a oportunidade para oferecer outros serviços, como cobrança, operações estruturadas de caixa, serviço de controle para acionistas. Nos EUA, o Citi faz a gestão do portfólio para o cliente, com foco na performance dos investimentos, por exemplo. Desde 2003, o Bradesco investiu R$ 35 milhões em tecnologia. O orçamento do Citi para 2006 e 2007 é de da ordem de US$ 4 milhões.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)
Matéria publicada na Gazeta Mercantil de 24 de Julho de 2006.
Estrangeiro puxa crescimento do setor de custódia de títulos
São Paulo, 24 de Julho de 2006 - Desde o final de 2002, os ativos "guardados" para o investidor externo saltaram 327%. A expansão e o desenvolvimento dos mercados de capitais e investimentos nos últimos anos têm sido acompanhados de perto pelo setor de prestação de serviços, como o de custódia qualificada de títulos e valores mobiliários. Desde o final de 2002, o total de ativos sob guarda em bancos mais que dobrou, passando de R$ 516,7 bilhões para R$ 1,319 trilhão em junho, segundo a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). A custódia para o cliente local, como fundos de pensão e gestores de recursos, ainda representa a maior parte do volume de títulos custodiados - cerca de 75% -, mas é o serviço para o mercado externo o que mais cresce. Com o interesse crescente pelo Brasil, a custódia para o investidor estrangeiro deu um salto de cerca de 327% em três anos e meio, com o total de ativos passando a R$ 337,6 bilhões em junho; no mesmo período, o aumento da custódia local cresceu 124,5%, a R$ 982,2 bilhões. Para Pedro Guerra, superintendente de custódia do Citibank, o crescimento da atividade no mercado local está muito associado à expansão do setor de investimentos, com o aumento do patrimônio tanto pela valorização dos preços dos ativos quanto pela entrada de recursos novos de fundos de pensão, gestores, entre outros. Nesse segmento, segundo Guerra, é mais difícil haver uma explosão de ativos, até porque os principais clientes já estão no mercado. "O conceito de custódia, que é a segregação da guarda e controladoria dos ativos, já está inserido entre os investidores locais", afirma. "O crescimento no mercado nacional é orgânico", reforça o superintendente executivo do departamento de ações e custódia do Bradesco, Cassiano Ricardo Scarpelli. Segundo ele, tende a acompanhar a indústria de investimentos, que continua em franca expansão, com o surgimento de novos produtos, como fundos de recebíveis e de private equity. O desafio internamente, segundo Scarpelli, é garimpar novos clientes dia-a-dia, roubando-os da concorrência. O Bradesco, por exemplo, conseguiu um salto de R$ 12 bilhões em ativos custodiados, com a conquista recente dos fundos exclusivos da Petrobras. O potencial maior de crescimento é na área de custódia internacional. "Esse é um mercado grande e pouco explorado, especialmente com o Brasil caminhando para o investment grade", afirma Guerra. O executivo conta que neste ano conquistou 620 novos clientes estrangeiros. Segundo ele, ainda são contas pequenas, de alguns milhares de reais, mas a tendência é de crescimento. Com a isenção, no início do ano, da alíquota de IR sobre os investimentos estrangeiros em títulos públicos federais foi zerada. Isso atraiu muitos investimentos ao País e fez as instituições se mexeram. O Itaú, por exemplo, anunciou em abril a criação de uma gerência de produtos internacionais para atender exclusivamente esse cliente, que investe no Brasil, via Resolução 2.689. "A avalanche de recursos, no médio prazo, virá do mercado externo", diz Scarpelli. Segundo ele, o Brasil disputa apenas 2% dos trilhões de dólares de patrimônio dos fundos internacionais que podem aplicam em países considerados mais arriscados. Mas, com o grau de investimento, esse percentual pode passar a 10%. O Brasil, acrescenta, está preparado para receber grandes volumes: tem regulamentação e infra-esturura.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Alessandra Bellotto)
Mercado concentrado
24 de Julho de 2006 - Apesar do tamanho do setor de custódia - R$ 1,319 trilhão -, o mercado é bastante concentrado. O líder Itaú, um dos mais antigos players, detém participação de 22,79%, com a custódia de R$ 300,8 milhões em ativos; o Bradesco tem uma fatia de 16,85% (R$ 222,33 milhões) e o Citibank, 16,43% (R$ 216,90 milhões). Com margens apertadas e necessidade constante de investimentos em tecnologia, escala é a alma do negócio. Segundo o superintendente executivo de ações e custódia do Bradesco, Cassiano Ricardo Scarpelli, os grupos financeiros têm mais vantagens. "Com assets próprias, conseguem ganhos de processamento e sinergia." Em maio, o banco chegou à vice-liderança do setor, posição que era ocupada pelo Citibank. A diferença, no entanto, é relativamente pequena (R$ 5,5 bilhões). "O forte do Citi é a custódia para terceiros", diz o superintendente de custódia Pedro Guerra. Nessa área, o banco é o segundo no ranking, atrás do Itaú. Também, lidera a custódia para estrangeiros, serviço que marcou sua estréia nesse mercado em 1991. "A expertise internacional é a grande vantagem competitiva do Citi." O mercado é concentrado, mas nem por isso menos competitivo. "A custódia é uma importante alavanca de negócios", argumenta Scarpelli. Segundo ele, representa a oportunidade para oferecer outros serviços, como cobrança, operações estruturadas de caixa, serviço de controle para acionistas. Nos EUA, o Citi faz a gestão do portfólio para o cliente, com foco na performance dos investimentos, por exemplo. Desde 2003, o Bradesco investiu R$ 35 milhões em tecnologia. O orçamento do Citi para 2006 e 2007 é de da ordem de US$ 4 milhões.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)
Tuesday, July 18, 2006
Santander
Entrevista com o Diretor de Estratégia da América Latina do Santander que saiu na Gazeta Mercantil de 18 de Julho.
"O juro pode baixar porque subiu na hora certa"
Santander (Espanha), 18 de Julho de 2006 - BC foi "valente", diz diretor do Grupo Santander; agora, vai na boa contramão do resto do mundo. O Brasil vem crescendo menos que América Latina que, por sua vez, cresce menos do que o mundo. Pode haver muitas respostas, nem sempre satisfatórias, para essa questão - da baixa taxa de investimentos ao ambiente de negócios e aos juros altos. Mas não adianta culpar o Banco Central por isso, afirma José Juan Ruiz, diretor de Estratégia para a América Latina do Grupo Santander. Ao contrário, o BC foi muito "valente" ao aumentar os juros quando a inflação recrudesceu e o dólar disparou na virada 2002/2003, quando o presidente Lula assumiu. Por tê-lo feito naquela época, o BC brasileiro "comprou credibilidade". Agora, é o único Banco Central do mundo que está baixando os juros, enquanto os outros caminham na direção contrária: Estados Unidos, Europa, Japão, para não falar em emergentes como a Turquia. Essa credibilidade, na opinião de Ruiz, permite ao BC brasileiro agir com independência também no câmbio - mesmo que o dólar "de equilíbrio" devesse estar em qualquer ponto entre R$ 2,20 e R$ 2,35.
Ruiz, 48, conhece bem o Brasil. Entrou por concurso no Ministério da Economia e ganhou espaço no governo de Felipe González (1982/1996), então líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), ao qual era filiado. Conheceu lá Francisco Luzón, com quem trabalha até hoje: diretor-geral para as Américas, Luzón (que foi presidente do Banco Exterior de Espanha, então estatal, e também passou pelo governo González) é seu chefe no Santander. Ruiz viveu, portanto, experiências que o tornam um bom conselheiro para políticos e economistas brasileiros. Fala com o senador Aloizio Mercadante (PT) e o ex-prefeito José Serra (PSDB), ambos candidatos ao governo de São Paulo e ambos oriundos da esquerda católica, como ele próprio. De sua passagem pelo governo, recolheu, entre outras, uma lição que repassa: os ganhos da social-democracia espanhola só se tornaram possíveis a partir da estabilidade macroeconômica, que zelosamente perseguiu e conquistou. Com José Luiz Zapatero, o PSOE voltou ao poder há dois anos e mantém políticas que produziram um crescimento ininterrupto: desde então, a Espanha cresce 3% ao ano (projeção de 3,3% para 2006), bem acima da média da Eurozona, 1,9%. A seguir, trechos da entrevista:
Gazeta Mercantil - O senhor diz que muitos mitos estão sendo derrubados. Por exemplo: não dá para crescer com inflação baixa, nem dá para crescer com superávit nas contas correntes e ou só com poupança interna. De fato, com superávits e acumulação de reservas, a América Latina vem crescendo nos últimos anos a taxas entre 4% e 5% ao ano, com inflação caindo da média de 11,9% (em 1997) para 5,8% em 2006. Mas isso não se aplica inteiramente ao Brasil: a inflação é cadente, baixando a menos de 4,5% ao ano, mas o crescimento é pequeno, de 2,2% nos últimos anos, enquanto o mundo bate nos 5%. Por quê?
José Ruiz - Temos que ver as coisas numa perspectiva de longo prazo. Há níveis de inflação a que é preciso chegar antes de aspirar a crescer. À parte os últimos anos (inflação de 6% ou 7%), o Brasil vem tendo há 25 anos baixo crescimento com taxas de inflação médias de 400% anuais, que custaram muita desigualdade social. O problema não é dizer: crescemos pouco porque a inflação é baixa ou porque os objetivos de inflação muito baixa exigem juros altos. Nego-me a admitir isso. O Brasil tem crescido pouco, porque a cicatriz, a memória inflacionária é muito difícil de apagar. O que digo é o Brasil teve que levar a inflação a níveis normais a outros países que estão crescendo e esse processo foi muito custoso em termos de crescimento.
Gazeta Mercantil - As metas de inflação são consideradas muito rígidas.
O importante não é se o número é 4%, 3,5% ou 5,5%. O importante é saber quanto custa ter um Banco Central com credibilidade, num país com a história inflacionária do Brasil. O BC provavelmente pagou um preço há dois, três anos, quando todos queriam baixar os juros a 14%. Disse não, as expectativas de inflação estão elevando-se e tenho novamente que apertar. Naquele momento, demonstrou sua independência política, mostrando que efetivamente levava a sério seu trabalho de fazer a inflação convergir para a meta. O mundo tem uma taxa de inflação de 5%. O Brasil não pode crescer a 7% se sua taxa de inflação é de 8%. Aí, o BC comprou credibilidade. Foi uma decisão muito valente, importante. Provavelmente tirou do Brasil um ponto, 1,5 ponto de crescimento nos últimos dois anos. Mas agora, num momento em que todos aumentam os juros, o brasileiro é o único do mundo que está baixando, diante de uma inflação que deve ficar abaixo de 4%, porque subiu antes. A tarefa do Banco Central não é molestar os políticos aumentando os juros. É, como recomenda a Constituição, manter o valor da moeda e sustentar a estabilidade de preços.
Gazeta Mercantil - Isto vem custando muito aos brasileiros.
Sim, custa. Seria possível reduzir o custo se houvesse mercados mais flexíveis, maior dinamismo empresarial privado, melhor distribuição dos impostos. Nem digo que os impostos são altos. Digo que se poderia aumentar a arrecadação com impostos mais simples. Sei dos problemas polícos, mas tem que fazer. A população acabará se convencen-do de que ter impostos desordenados, complexos, casuísticos, também custa e muito. Mas há outros obstáculos. Apesar da estrutura econômica e do dinamismo da população, é muito difícil fazer negócios no Brasil, que tem um modelo microeconômico muito complicado. O peso do setor público é muito alto e a competição, muito baixa. Isto vai ter que se corrigir. E mais: não dá para pensar em crescer 5% se o Brasil não investir pelo menos 21% do PIB.
Gazeta Mercantil - Cresce o desconforto no Brasil quanto à taxa de câmbio, que desestimula as exportações. O que fazer? O BC deve intervir? O que o senhor faria?
O Banco Central identificou corretamente o problema. Não esqueçamos de que o Brasil recuperou reservas que lhe permitiram pagar o FMI, pagar parte da dívida e, ao mesmo tempo, apreciar sua moeda. De novo, muita gente está vendo só o curto prazo. A moeda se apreciou em relação aos R$ 4 por dólar, mas concordemos que isso é o que o mundo pensava naquele momento, quer dizer, que o Brasil daria calote. Aí valeu a credibilidade do Ministério da Fazenda, que disse: vamos nos comportar bem, respeitar as regras. Mudou o quadro. O BC agiu bem deixando apreciar, isso ajudou a inflação a cair e impediu alta maior dos juros. Agora, lhe permite graduar o descenso dos juros. Creio que o câmbio real hoje deve estar entre R$ 2,20 e R$ 2,35. Quase todos os modelos de avaliação dos fundamentos do país estão aí. Não em R$ 3, nem naquele 1 a 1 argentino.
Gazeta Mercantil - Intervir, não?
O que se deve é evitar que o câmbio, por razões extraordinárias, como entradas de capital, possa no curto prazo cair a R$ 1,80 por dólar. Não creio que esse seja o câmbio de equilíbrio do país. Pode-se intervir em algum momento, por curto tempo. Mas a flexibilidade cambial é muito boa. Diz ao mercado que o BC joga com as regras que diz que joga e não as muda no meio da partida.
Gazeta Mercantil - O senhor defende que se reconheça um "novo modelo" para toda a região. Além da estabilidade macroeconômica e da sustentabilidade financeira, esse novo modelo envolve uma reavaliação do papel do Estado, que supõe: a transição do "laisser-faire do neo-liberalismo" dos anos 1990 para um regime de parcerias público-privadas; um reforço da capacidade regulatória do Estado, com "eventual redefinição" das regras do jogo; políticas de redistribuição de renda, para crescer com mais igualdade; investimentos na área social. O que está acontecendo com os países ricos? Até Davos já colocou esses temas em sua agenda. A pregação de Lula, a partir do Fome Zero, está surtindo efeito?
Creio que, num mundo mais inseguro, sabemos hoje mais sobre os custos da desigualdade. Os latino-americanos também sabem que necessitam de mais coesão. Viver em países tão segmentados, regionalmente e de classes, tem custos. Metade do continente está fora dos mercados, do consumo, e esse contingente tem que ser incorporado. Do nosso ponto de vista, falo do banco, não vamos deixá-los de fora. Já estamos buscando novas formas de fazer negócios. Primeiro, por razões econômicas, depois por razões morais. O que é muito importante. Quando essas razões morais entram cena, elas reforçam minha esperança no futuro do gênero humano.
Gazeta Mercantil - Não há, no mundo rico, uma parcela de hipocrisia nisso?
Suponho que haja de tudo, da hipocrisia à indústria da pobreza. Um historiador de economia, Robert Fogel, Prêmio Nobel (1993), demonstrou que a escravidão era rentável, ao contrário do que todo mundo acreditava, e que só acabou porque era moralmente melhor que isso acontecesse. Dizendo não, a sociedade sairia à procura de outros tipos de relações do trabalho e isso deu lugar ao crescimento dos EUA na segunda metade do século 19. Vivemos hoje uma situação parecida. O que é economicamente ineficiente começa a ser perigoso. Ademais, moralmente o mundo começa a se dar conta de que é um perigo essa diferenciação na renda. A desigualdade na AL só é comparável à da África sub-sahariana. Não é possível. Conseguimos enfrentar o nível de desigualdade da Espanha, que em 1950 era maior que o da AL.
Gazeta Mercantil - O senhor trabalhou no governo de Felipe González, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que arrumou a casa e preparou a Espanha para os anos de crescimento sustentado que vieram a seguir. Conhecendo bem o PT, o PSDB e alguns de seus políticos, o que pode dizer a eles?
Todos os avanços que a social-democracia conquistou para a Espanha, em termos de educação, saúde, ganhos sociais, investimentos em infra-estrutura, só foram tornados possíveis pela racionalidade econômica. As reformas na economia permitiram que se fizesse tudo o mais. Creio que no Brasil há muita consciência a respeito disso.
kicker: "Nego-me a admitir que o Brasil cresce pouco porque a inflação é baixa; a memória inflacionária é que é muito difícil de apagar"
kicker2: "Creio que o câmbio deve estar entre R$ 2,20 e R$ 2,35. Quase todos os modelos de avaliação estão por aí. Não em R$ 3" (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(José Roberto Nassar)
Entrevista com o Diretor de Estratégia da América Latina do Santander que saiu na Gazeta Mercantil de 18 de Julho.
"O juro pode baixar porque subiu na hora certa"
Santander (Espanha), 18 de Julho de 2006 - BC foi "valente", diz diretor do Grupo Santander; agora, vai na boa contramão do resto do mundo. O Brasil vem crescendo menos que América Latina que, por sua vez, cresce menos do que o mundo. Pode haver muitas respostas, nem sempre satisfatórias, para essa questão - da baixa taxa de investimentos ao ambiente de negócios e aos juros altos. Mas não adianta culpar o Banco Central por isso, afirma José Juan Ruiz, diretor de Estratégia para a América Latina do Grupo Santander. Ao contrário, o BC foi muito "valente" ao aumentar os juros quando a inflação recrudesceu e o dólar disparou na virada 2002/2003, quando o presidente Lula assumiu. Por tê-lo feito naquela época, o BC brasileiro "comprou credibilidade". Agora, é o único Banco Central do mundo que está baixando os juros, enquanto os outros caminham na direção contrária: Estados Unidos, Europa, Japão, para não falar em emergentes como a Turquia. Essa credibilidade, na opinião de Ruiz, permite ao BC brasileiro agir com independência também no câmbio - mesmo que o dólar "de equilíbrio" devesse estar em qualquer ponto entre R$ 2,20 e R$ 2,35.
Ruiz, 48, conhece bem o Brasil. Entrou por concurso no Ministério da Economia e ganhou espaço no governo de Felipe González (1982/1996), então líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), ao qual era filiado. Conheceu lá Francisco Luzón, com quem trabalha até hoje: diretor-geral para as Américas, Luzón (que foi presidente do Banco Exterior de Espanha, então estatal, e também passou pelo governo González) é seu chefe no Santander. Ruiz viveu, portanto, experiências que o tornam um bom conselheiro para políticos e economistas brasileiros. Fala com o senador Aloizio Mercadante (PT) e o ex-prefeito José Serra (PSDB), ambos candidatos ao governo de São Paulo e ambos oriundos da esquerda católica, como ele próprio. De sua passagem pelo governo, recolheu, entre outras, uma lição que repassa: os ganhos da social-democracia espanhola só se tornaram possíveis a partir da estabilidade macroeconômica, que zelosamente perseguiu e conquistou. Com José Luiz Zapatero, o PSOE voltou ao poder há dois anos e mantém políticas que produziram um crescimento ininterrupto: desde então, a Espanha cresce 3% ao ano (projeção de 3,3% para 2006), bem acima da média da Eurozona, 1,9%. A seguir, trechos da entrevista:
Gazeta Mercantil - O senhor diz que muitos mitos estão sendo derrubados. Por exemplo: não dá para crescer com inflação baixa, nem dá para crescer com superávit nas contas correntes e ou só com poupança interna. De fato, com superávits e acumulação de reservas, a América Latina vem crescendo nos últimos anos a taxas entre 4% e 5% ao ano, com inflação caindo da média de 11,9% (em 1997) para 5,8% em 2006. Mas isso não se aplica inteiramente ao Brasil: a inflação é cadente, baixando a menos de 4,5% ao ano, mas o crescimento é pequeno, de 2,2% nos últimos anos, enquanto o mundo bate nos 5%. Por quê?
José Ruiz - Temos que ver as coisas numa perspectiva de longo prazo. Há níveis de inflação a que é preciso chegar antes de aspirar a crescer. À parte os últimos anos (inflação de 6% ou 7%), o Brasil vem tendo há 25 anos baixo crescimento com taxas de inflação médias de 400% anuais, que custaram muita desigualdade social. O problema não é dizer: crescemos pouco porque a inflação é baixa ou porque os objetivos de inflação muito baixa exigem juros altos. Nego-me a admitir isso. O Brasil tem crescido pouco, porque a cicatriz, a memória inflacionária é muito difícil de apagar. O que digo é o Brasil teve que levar a inflação a níveis normais a outros países que estão crescendo e esse processo foi muito custoso em termos de crescimento.
Gazeta Mercantil - As metas de inflação são consideradas muito rígidas.
O importante não é se o número é 4%, 3,5% ou 5,5%. O importante é saber quanto custa ter um Banco Central com credibilidade, num país com a história inflacionária do Brasil. O BC provavelmente pagou um preço há dois, três anos, quando todos queriam baixar os juros a 14%. Disse não, as expectativas de inflação estão elevando-se e tenho novamente que apertar. Naquele momento, demonstrou sua independência política, mostrando que efetivamente levava a sério seu trabalho de fazer a inflação convergir para a meta. O mundo tem uma taxa de inflação de 5%. O Brasil não pode crescer a 7% se sua taxa de inflação é de 8%. Aí, o BC comprou credibilidade. Foi uma decisão muito valente, importante. Provavelmente tirou do Brasil um ponto, 1,5 ponto de crescimento nos últimos dois anos. Mas agora, num momento em que todos aumentam os juros, o brasileiro é o único do mundo que está baixando, diante de uma inflação que deve ficar abaixo de 4%, porque subiu antes. A tarefa do Banco Central não é molestar os políticos aumentando os juros. É, como recomenda a Constituição, manter o valor da moeda e sustentar a estabilidade de preços.
Gazeta Mercantil - Isto vem custando muito aos brasileiros.
Sim, custa. Seria possível reduzir o custo se houvesse mercados mais flexíveis, maior dinamismo empresarial privado, melhor distribuição dos impostos. Nem digo que os impostos são altos. Digo que se poderia aumentar a arrecadação com impostos mais simples. Sei dos problemas polícos, mas tem que fazer. A população acabará se convencen-do de que ter impostos desordenados, complexos, casuísticos, também custa e muito. Mas há outros obstáculos. Apesar da estrutura econômica e do dinamismo da população, é muito difícil fazer negócios no Brasil, que tem um modelo microeconômico muito complicado. O peso do setor público é muito alto e a competição, muito baixa. Isto vai ter que se corrigir. E mais: não dá para pensar em crescer 5% se o Brasil não investir pelo menos 21% do PIB.
Gazeta Mercantil - Cresce o desconforto no Brasil quanto à taxa de câmbio, que desestimula as exportações. O que fazer? O BC deve intervir? O que o senhor faria?
O Banco Central identificou corretamente o problema. Não esqueçamos de que o Brasil recuperou reservas que lhe permitiram pagar o FMI, pagar parte da dívida e, ao mesmo tempo, apreciar sua moeda. De novo, muita gente está vendo só o curto prazo. A moeda se apreciou em relação aos R$ 4 por dólar, mas concordemos que isso é o que o mundo pensava naquele momento, quer dizer, que o Brasil daria calote. Aí valeu a credibilidade do Ministério da Fazenda, que disse: vamos nos comportar bem, respeitar as regras. Mudou o quadro. O BC agiu bem deixando apreciar, isso ajudou a inflação a cair e impediu alta maior dos juros. Agora, lhe permite graduar o descenso dos juros. Creio que o câmbio real hoje deve estar entre R$ 2,20 e R$ 2,35. Quase todos os modelos de avaliação dos fundamentos do país estão aí. Não em R$ 3, nem naquele 1 a 1 argentino.
Gazeta Mercantil - Intervir, não?
O que se deve é evitar que o câmbio, por razões extraordinárias, como entradas de capital, possa no curto prazo cair a R$ 1,80 por dólar. Não creio que esse seja o câmbio de equilíbrio do país. Pode-se intervir em algum momento, por curto tempo. Mas a flexibilidade cambial é muito boa. Diz ao mercado que o BC joga com as regras que diz que joga e não as muda no meio da partida.
Gazeta Mercantil - O senhor defende que se reconheça um "novo modelo" para toda a região. Além da estabilidade macroeconômica e da sustentabilidade financeira, esse novo modelo envolve uma reavaliação do papel do Estado, que supõe: a transição do "laisser-faire do neo-liberalismo" dos anos 1990 para um regime de parcerias público-privadas; um reforço da capacidade regulatória do Estado, com "eventual redefinição" das regras do jogo; políticas de redistribuição de renda, para crescer com mais igualdade; investimentos na área social. O que está acontecendo com os países ricos? Até Davos já colocou esses temas em sua agenda. A pregação de Lula, a partir do Fome Zero, está surtindo efeito?
Creio que, num mundo mais inseguro, sabemos hoje mais sobre os custos da desigualdade. Os latino-americanos também sabem que necessitam de mais coesão. Viver em países tão segmentados, regionalmente e de classes, tem custos. Metade do continente está fora dos mercados, do consumo, e esse contingente tem que ser incorporado. Do nosso ponto de vista, falo do banco, não vamos deixá-los de fora. Já estamos buscando novas formas de fazer negócios. Primeiro, por razões econômicas, depois por razões morais. O que é muito importante. Quando essas razões morais entram cena, elas reforçam minha esperança no futuro do gênero humano.
Gazeta Mercantil - Não há, no mundo rico, uma parcela de hipocrisia nisso?
Suponho que haja de tudo, da hipocrisia à indústria da pobreza. Um historiador de economia, Robert Fogel, Prêmio Nobel (1993), demonstrou que a escravidão era rentável, ao contrário do que todo mundo acreditava, e que só acabou porque era moralmente melhor que isso acontecesse. Dizendo não, a sociedade sairia à procura de outros tipos de relações do trabalho e isso deu lugar ao crescimento dos EUA na segunda metade do século 19. Vivemos hoje uma situação parecida. O que é economicamente ineficiente começa a ser perigoso. Ademais, moralmente o mundo começa a se dar conta de que é um perigo essa diferenciação na renda. A desigualdade na AL só é comparável à da África sub-sahariana. Não é possível. Conseguimos enfrentar o nível de desigualdade da Espanha, que em 1950 era maior que o da AL.
Gazeta Mercantil - O senhor trabalhou no governo de Felipe González, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que arrumou a casa e preparou a Espanha para os anos de crescimento sustentado que vieram a seguir. Conhecendo bem o PT, o PSDB e alguns de seus políticos, o que pode dizer a eles?
Todos os avanços que a social-democracia conquistou para a Espanha, em termos de educação, saúde, ganhos sociais, investimentos em infra-estrutura, só foram tornados possíveis pela racionalidade econômica. As reformas na economia permitiram que se fizesse tudo o mais. Creio que no Brasil há muita consciência a respeito disso.
kicker: "Nego-me a admitir que o Brasil cresce pouco porque a inflação é baixa; a memória inflacionária é que é muito difícil de apagar"
kicker2: "Creio que o câmbio deve estar entre R$ 2,20 e R$ 2,35. Quase todos os modelos de avaliação estão por aí. Não em R$ 3" (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(José Roberto Nassar)
Monday, July 17, 2006
Supervisão de Hedge Funds
Segue artigo de Chet Currier - Bloomberg - sobre a supervisão de hedge funds nos EUA.
Hedge Funds Will Be Regulated, One Way or Another: Chet Currier
July 14 (Bloomberg) -- Don't be misled by the recent news that a U.S. court blocked the Securities and Exchange Commission from regulating hedge funds.
The hot-as-a-pistol $1.2 trillion hedge fund business hasn't permanently escaped the clutches of regulators. It has only postponed the inevitable.
As these fast-moving, risk-prone vehicles keep attracting a wider following, they present a higher and higher profile politically as well as financially and economically. In the words of the old jungle metaphor, the higher the monkey climbs the tree the more he exposes his rear.
The SEC's plan mandating that hedge funds register with the agency and submit to random inspections was really quite a cautious step.
``It's the mildest kind of regulation,'' said Arthur Levitt Jr., a former SEC chairman and a director of Bloomberg LP, parent of Bloomberg News. ``If there is a hedge fund scandal, and there probably will be some time in the future, Congress will step in with something much more draconian.''
Court decision or no court decision, scrutiny of hedge funds is increasing from all directions. Morningstar Inc., the Chicago-based mutual-fund and stock research firm, has started tracking investment results and fees at 3,000 of the estimated 8,000 hedge funds now in operation.
Into the Light
``Hedge funds are coming downstream trying to appeal more to Middle America,'' said Don Phillips, a Morningstar managing director. ``You can't do that and operate in the secrecy that this industry has today.''
If politicians, independent researchers and the press aren't enough to contend with, hedge funds also face pressures from their customers -- at least that growing part of their customer base represented by investing institutions operating under the strictures of fiduciary responsibility.
As Paul Atkins, an SEC commissioner, observed recently, many hedge-fund advisers will remain registered at the insistence of their pension-fund clients.
Just possibly, hedge fund managers themselves will also come to see regulation as a beneficial thing. That may seem hard to imagine, especially if you think of the regulation in question as costly, bureaucratic meddling that fails to recognize how the business works and denies fund managers the free hand they need to do their jobs.
Heavy Hand
Regulation can certainly be like that. And hedge funds are a complex business to understand, what with the many different styles and strategies they pursue.
So a key first step in any workable system for regulating hedge funds is to define the term. Where, for starters, can we sensibly draw a line of demarcation between a private individual investor, handling money for a few family members or friends, and a hedge-fund manager?
Sooner or later, these questions will demand to be answered. Sooner may work out better for the hedge-fund business, if it means getting to those answers through a voluntary cooperative effort rather than an inquisition.
Though hedge funds differ from mutual funds in many important ways, the hedge funds can always look to the history of mutual funds for instructive precedent.
Law and Order
The early, wild-and-wooly days of mutual funds and their cousins, closed-end funds, in the 1920s ended in disaster with the Crash of 1929 and the Great Depression of the 1930s.
That set the stage for the Investment Company Act of 1940, which today is acclaimed as an exemplar of good regulation. By shutting the door on such temptations as using funds as a dumping ground for unwanted stocks and bonds, the '40 act made it possible for mutual funds to enjoy storybook growth and prosperity.
In the early 2000s, that prosperity -- indeed, the funds' very image as trustworthy -- proved strong enough to withstand a scandal over trading and sales practices. The SEC, even though it was criticized for being slow to spot the abuses and take action against them, played a key role there. If Congress hadn't been satisfied that a reasonable system of regulation was already in place, it would have imposed one.
Events now are pushing hedge funds toward their own version, in some form, of the 1940 act and SEC regulation. If they don't move willingly in that direction, the day may come when they wish they had.
(Chet Currier is a Bloomberg News columnist. His opinions are his own.)
Segue artigo de Chet Currier - Bloomberg - sobre a supervisão de hedge funds nos EUA.
Hedge Funds Will Be Regulated, One Way or Another: Chet Currier
July 14 (Bloomberg) -- Don't be misled by the recent news that a U.S. court blocked the Securities and Exchange Commission from regulating hedge funds.
The hot-as-a-pistol $1.2 trillion hedge fund business hasn't permanently escaped the clutches of regulators. It has only postponed the inevitable.
As these fast-moving, risk-prone vehicles keep attracting a wider following, they present a higher and higher profile politically as well as financially and economically. In the words of the old jungle metaphor, the higher the monkey climbs the tree the more he exposes his rear.
The SEC's plan mandating that hedge funds register with the agency and submit to random inspections was really quite a cautious step.
``It's the mildest kind of regulation,'' said Arthur Levitt Jr., a former SEC chairman and a director of Bloomberg LP, parent of Bloomberg News. ``If there is a hedge fund scandal, and there probably will be some time in the future, Congress will step in with something much more draconian.''
Court decision or no court decision, scrutiny of hedge funds is increasing from all directions. Morningstar Inc., the Chicago-based mutual-fund and stock research firm, has started tracking investment results and fees at 3,000 of the estimated 8,000 hedge funds now in operation.
Into the Light
``Hedge funds are coming downstream trying to appeal more to Middle America,'' said Don Phillips, a Morningstar managing director. ``You can't do that and operate in the secrecy that this industry has today.''
If politicians, independent researchers and the press aren't enough to contend with, hedge funds also face pressures from their customers -- at least that growing part of their customer base represented by investing institutions operating under the strictures of fiduciary responsibility.
As Paul Atkins, an SEC commissioner, observed recently, many hedge-fund advisers will remain registered at the insistence of their pension-fund clients.
Just possibly, hedge fund managers themselves will also come to see regulation as a beneficial thing. That may seem hard to imagine, especially if you think of the regulation in question as costly, bureaucratic meddling that fails to recognize how the business works and denies fund managers the free hand they need to do their jobs.
Heavy Hand
Regulation can certainly be like that. And hedge funds are a complex business to understand, what with the many different styles and strategies they pursue.
So a key first step in any workable system for regulating hedge funds is to define the term. Where, for starters, can we sensibly draw a line of demarcation between a private individual investor, handling money for a few family members or friends, and a hedge-fund manager?
Sooner or later, these questions will demand to be answered. Sooner may work out better for the hedge-fund business, if it means getting to those answers through a voluntary cooperative effort rather than an inquisition.
Though hedge funds differ from mutual funds in many important ways, the hedge funds can always look to the history of mutual funds for instructive precedent.
Law and Order
The early, wild-and-wooly days of mutual funds and their cousins, closed-end funds, in the 1920s ended in disaster with the Crash of 1929 and the Great Depression of the 1930s.
That set the stage for the Investment Company Act of 1940, which today is acclaimed as an exemplar of good regulation. By shutting the door on such temptations as using funds as a dumping ground for unwanted stocks and bonds, the '40 act made it possible for mutual funds to enjoy storybook growth and prosperity.
In the early 2000s, that prosperity -- indeed, the funds' very image as trustworthy -- proved strong enough to withstand a scandal over trading and sales practices. The SEC, even though it was criticized for being slow to spot the abuses and take action against them, played a key role there. If Congress hadn't been satisfied that a reasonable system of regulation was already in place, it would have imposed one.
Events now are pushing hedge funds toward their own version, in some form, of the 1940 act and SEC regulation. If they don't move willingly in that direction, the day may come when they wish they had.
(Chet Currier is a Bloomberg News columnist. His opinions are his own.)
Monday, June 26, 2006
Private Equity
Artigo sobre fundos de venture capital que saiu hoje (26/06) no Valor Econômico.
Fundos iniciam novo ciclo e preparam captação de R$ 5 bi
Catherine Vieira e Altamiro Silva Júnior
26/06/2006
Os fundos de investimentos em participações (FIPs), também conhecidos como de "private equity" estão começando um novo ciclo de investimentos. Na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), já foram informados esse ano a criação de pelo menos dez fundos, que somam mais de R$ 5 bilhões em patrimônio, incluindo os que obtiveram dispensa de registro. Entre as novas carteiras, está o fundo Logística Brasil, de R$ 500 milhões, e o AG Angra Infra-estrutura, de R$ 750 milhões. Os números deste ano superam, de longe, os de 2005, quando foram registrados fundos que somavam R$ 2,1 bilhões. Em 2004, foram R$ 1,42 bilhão. A onda de aberturas de capital de empresas na bolsa - iniciada em 2004 e que ganhou força no ano passado e neste primeiro semestre - ajudou, com os sinais positivos dados aos investidores. Nesse período, das 20 ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) do mercado, os fundos de private equity participaram de 13, o que permitiu vislumbrar para os gestores a porta de saída para os investimentos. Entre elas, estão a administradora de cartões CardSystem, a fabricante de cartões e cheques, American BankNote e a empresa de softwares, Totvs. Esta última vai contar seu "case" em evento na quarta-feira, em São Paulo, promovida pela Associação Brasileira de Private Equity (ABVCap). O desinvestimento, aliás, era a grande preocupação dos participantes desse segmento quando iniciou o primeiro ciclo de investimento, no período de 1995 a 1998, avalia Marcus Regueira, o novo presidente da ABVCap. "É mais um ponto positivo para incentivar uma nova rodada de investimentos e a formação de novos fundos", diz. No Brasil, as estimativa são de que os fundos já levantaram mais de US$ 4 bilhões nos últimos 12 meses com ofertas de ações. Um levantamento da Emerging Markets Private Equity Association (Empea), com sede em Washington, mostra que isso é uma tendência entre todos os países emergentes. A entidade estima que os IPOs renderam US$ 21,2 bilhões para os private equity em 2005, o triplo do ano anterior. Além disso, os agentes do mercado conseguiram mais recentemente maturar a nova legislação. Apesar de existirem sob a forma de estruturas "offshore" ou como fundos de empresas emergentes ou mesmo fundos de ações tradicionais, os investimentos em "private equity" no Brasil só ganharam sua formatação própria por meio da Instrução 391, editada por Luiz Leonardo Cantidiano, então presidente da CVM, em julho de 2003. "Houve um período de discussão e preparação nos últimos anos, alguns fundos que estão sendo registrados já vinham sendo discutidos há algum tempo e agora se concretizam", lembra o próprio Cantidiano, agora à frente do escritório Motta, Fernandes Rocha Advogados. "Temos recebido consultas. Muitas empresas perceberam que os concorrentes estão indo a mercado ou a investidores de private equity e estão conseguindo captar e crescer, então isso gera um interesse maior por esses mecanismos", diz. O advogado Antonio Felix de Araujo Cintra, sócio do Tozzini, Freire, Teixeira e Silva Advogados concorda. Ele acredita inclusive, que a volatilidade e a turbulência que se instalaram no mercado desde maio, atrapalhando as novas ofertas de ações, favorecem, de certa forma, o novo ciclo dos fundos de participação. "Antes, o mercado estava tão propício, que as empresas, independentemente do perfil e de já ter passado antes por um investidor de private equity, já iam direto para o Novo Mercado abrir capital", disse Felix, lembrando que o ciclo mais eficiente para acessar o mercado de capitais é a empresa passar por uma transição preparatória num fundo de participações antes da listagem em bolsa. Neste contexto, a atual queda das bolsas vai ajudar os fundos de private equity, avalia Alvaro Gonçalves, sócio da gestora Stratus Banco de Negócios e ex-presidente da ABVCap. "As empresas vão ter consciência de que precisam se preparar mais e melhor para ir para ao mercado", afirma. E nada melhor que um fundo de private equity para ajudar nessa preparação. "O mercado vai ficar mais seletivo e só empresas bem preparadas terão sucesso", completa. Para Felix, do Tozzini, a turbulência recente não prejudica tanto os FIPs porque o investimento destes fundos é de longo prazo, de 5 a 10 anos. "O importante foi ter a confiança de que há janela de saída, as turbulências são normais, porque janelas de mercado abrem e fecham, o problema do Brasil é que ela fechava demais." De acordo com Luiz Eugênio Figueiredo, diretor da Rio Bravo, um novo ciclo realmente pode estar se desenhando no segmento no Brasil. Ele lembra que antes havia dúvidas sobre o momento do desinvestimento e também houve um período de adaptação à legislação. "Entre montar o fundo, iniciar a captação e adequar os regulamentos era um processo que em muitos casos durou mais de dois anos", observa Figueiredo. As coisas já começam a mudar, avalia. A superintendente de registros em exercício da CVM, Flávia Mouta Fernandes, diz que há mais FIPs chegando à autarquia e que cada vez menos são solicitadas modificações nos regulamentos das carteiras. Para Figueiredo, da Rio Bravo, a tendência é que daqui para frente o processo fique mais ágil. "Há mais disposição dos investidores e já se encontraram caminhos para fazer os regulamentos", diz o executivo, que está montando também um FIP na Rio Bravo voltado para a área de infra-estrutura e logística, que deve captar R$ 250 milhões.
Setores de biotecnologia, varejo e infra-estrutura devem atrair recursos
De São Paulo e do Rio
26/06/2006
A nova rodada de investimentos dos fundos de private equity será mais diversificada que a primeira, avalia Álvaro Gonçalves, sócio do Stratus Banco de Negócios e conselheiro da Associação Brasileira de Private Equity (ABVCap). "O ciclo anterior ficou muito concentrado em internet e privatizações", diz. Para este novo ciclo, setores como biotecnologia e varejo, além do agronegócio e infraestrutura devem ganhar mais atenção dos gestores que avaliam oportunidades de investimentos. A estimativa é que a infra-estrutura (incluindo a área de logística) fique com a maior parte dos aportes. O Stratus, por exemplo, está lançando um fundo só para o setor de biotecnologia. No agronegócio, a gigante AIG Capital, comprou recentemente uma participação no frigorífico gaúcho Mercosul.
Outra preocupação do setor é mostrar boas empresas brasileiras para os investidores estrangeiros. A ABVCap fará em setembro apresentações para grandes investidores dos Estados Unidos para mostrar oportunidades de investimento no Brasil. Segundo Marcus Regueira, o presidente da ABVCap, apesar do crescimento pífio do PIB brasileiro, há setores da economia e regiões do país com desempenho muito melhor e que são desconhecidos dos estrangeiros. Entre eles, ele cita o setor exportador, tecnológico e o varejo. "Temos setores com crescimento semelhante a China e Índia", afirma. As apresentações nos EUA estão orçadas em R$ 1,8 milhão, dos quais cerca de 40% virão do governo federal. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também está aprimorando suas estatísticas para o setor. A partir do fim deste mês, os FIPs informados à CVM passam a ter todos os dados consolidados e publicados no site da autarquia. Com isso, será possível saber qual o montante total que está hoje alocado nesses fundos. Por enquanto, já se pode ver no site da CVM que há 33 fundos em operação, mas os valores totais ainda não estão consolidados. "Agora, os gestores estão começando a enviar essas informações periódicas e acredito que até o fim do mês isso já estará consolidado e disponível", disse Flavia Fernandes, superintendente de registro em exercício. (ASJ e CV)
Artigo sobre fundos de venture capital que saiu hoje (26/06) no Valor Econômico.
Fundos iniciam novo ciclo e preparam captação de R$ 5 bi
Catherine Vieira e Altamiro Silva Júnior
26/06/2006
Os fundos de investimentos em participações (FIPs), também conhecidos como de "private equity" estão começando um novo ciclo de investimentos. Na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), já foram informados esse ano a criação de pelo menos dez fundos, que somam mais de R$ 5 bilhões em patrimônio, incluindo os que obtiveram dispensa de registro. Entre as novas carteiras, está o fundo Logística Brasil, de R$ 500 milhões, e o AG Angra Infra-estrutura, de R$ 750 milhões. Os números deste ano superam, de longe, os de 2005, quando foram registrados fundos que somavam R$ 2,1 bilhões. Em 2004, foram R$ 1,42 bilhão. A onda de aberturas de capital de empresas na bolsa - iniciada em 2004 e que ganhou força no ano passado e neste primeiro semestre - ajudou, com os sinais positivos dados aos investidores. Nesse período, das 20 ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) do mercado, os fundos de private equity participaram de 13, o que permitiu vislumbrar para os gestores a porta de saída para os investimentos. Entre elas, estão a administradora de cartões CardSystem, a fabricante de cartões e cheques, American BankNote e a empresa de softwares, Totvs. Esta última vai contar seu "case" em evento na quarta-feira, em São Paulo, promovida pela Associação Brasileira de Private Equity (ABVCap). O desinvestimento, aliás, era a grande preocupação dos participantes desse segmento quando iniciou o primeiro ciclo de investimento, no período de 1995 a 1998, avalia Marcus Regueira, o novo presidente da ABVCap. "É mais um ponto positivo para incentivar uma nova rodada de investimentos e a formação de novos fundos", diz. No Brasil, as estimativa são de que os fundos já levantaram mais de US$ 4 bilhões nos últimos 12 meses com ofertas de ações. Um levantamento da Emerging Markets Private Equity Association (Empea), com sede em Washington, mostra que isso é uma tendência entre todos os países emergentes. A entidade estima que os IPOs renderam US$ 21,2 bilhões para os private equity em 2005, o triplo do ano anterior. Além disso, os agentes do mercado conseguiram mais recentemente maturar a nova legislação. Apesar de existirem sob a forma de estruturas "offshore" ou como fundos de empresas emergentes ou mesmo fundos de ações tradicionais, os investimentos em "private equity" no Brasil só ganharam sua formatação própria por meio da Instrução 391, editada por Luiz Leonardo Cantidiano, então presidente da CVM, em julho de 2003. "Houve um período de discussão e preparação nos últimos anos, alguns fundos que estão sendo registrados já vinham sendo discutidos há algum tempo e agora se concretizam", lembra o próprio Cantidiano, agora à frente do escritório Motta, Fernandes Rocha Advogados. "Temos recebido consultas. Muitas empresas perceberam que os concorrentes estão indo a mercado ou a investidores de private equity e estão conseguindo captar e crescer, então isso gera um interesse maior por esses mecanismos", diz. O advogado Antonio Felix de Araujo Cintra, sócio do Tozzini, Freire, Teixeira e Silva Advogados concorda. Ele acredita inclusive, que a volatilidade e a turbulência que se instalaram no mercado desde maio, atrapalhando as novas ofertas de ações, favorecem, de certa forma, o novo ciclo dos fundos de participação. "Antes, o mercado estava tão propício, que as empresas, independentemente do perfil e de já ter passado antes por um investidor de private equity, já iam direto para o Novo Mercado abrir capital", disse Felix, lembrando que o ciclo mais eficiente para acessar o mercado de capitais é a empresa passar por uma transição preparatória num fundo de participações antes da listagem em bolsa. Neste contexto, a atual queda das bolsas vai ajudar os fundos de private equity, avalia Alvaro Gonçalves, sócio da gestora Stratus Banco de Negócios e ex-presidente da ABVCap. "As empresas vão ter consciência de que precisam se preparar mais e melhor para ir para ao mercado", afirma. E nada melhor que um fundo de private equity para ajudar nessa preparação. "O mercado vai ficar mais seletivo e só empresas bem preparadas terão sucesso", completa. Para Felix, do Tozzini, a turbulência recente não prejudica tanto os FIPs porque o investimento destes fundos é de longo prazo, de 5 a 10 anos. "O importante foi ter a confiança de que há janela de saída, as turbulências são normais, porque janelas de mercado abrem e fecham, o problema do Brasil é que ela fechava demais." De acordo com Luiz Eugênio Figueiredo, diretor da Rio Bravo, um novo ciclo realmente pode estar se desenhando no segmento no Brasil. Ele lembra que antes havia dúvidas sobre o momento do desinvestimento e também houve um período de adaptação à legislação. "Entre montar o fundo, iniciar a captação e adequar os regulamentos era um processo que em muitos casos durou mais de dois anos", observa Figueiredo. As coisas já começam a mudar, avalia. A superintendente de registros em exercício da CVM, Flávia Mouta Fernandes, diz que há mais FIPs chegando à autarquia e que cada vez menos são solicitadas modificações nos regulamentos das carteiras. Para Figueiredo, da Rio Bravo, a tendência é que daqui para frente o processo fique mais ágil. "Há mais disposição dos investidores e já se encontraram caminhos para fazer os regulamentos", diz o executivo, que está montando também um FIP na Rio Bravo voltado para a área de infra-estrutura e logística, que deve captar R$ 250 milhões.
Setores de biotecnologia, varejo e infra-estrutura devem atrair recursos
De São Paulo e do Rio
26/06/2006
A nova rodada de investimentos dos fundos de private equity será mais diversificada que a primeira, avalia Álvaro Gonçalves, sócio do Stratus Banco de Negócios e conselheiro da Associação Brasileira de Private Equity (ABVCap). "O ciclo anterior ficou muito concentrado em internet e privatizações", diz. Para este novo ciclo, setores como biotecnologia e varejo, além do agronegócio e infraestrutura devem ganhar mais atenção dos gestores que avaliam oportunidades de investimentos. A estimativa é que a infra-estrutura (incluindo a área de logística) fique com a maior parte dos aportes. O Stratus, por exemplo, está lançando um fundo só para o setor de biotecnologia. No agronegócio, a gigante AIG Capital, comprou recentemente uma participação no frigorífico gaúcho Mercosul.
Outra preocupação do setor é mostrar boas empresas brasileiras para os investidores estrangeiros. A ABVCap fará em setembro apresentações para grandes investidores dos Estados Unidos para mostrar oportunidades de investimento no Brasil. Segundo Marcus Regueira, o presidente da ABVCap, apesar do crescimento pífio do PIB brasileiro, há setores da economia e regiões do país com desempenho muito melhor e que são desconhecidos dos estrangeiros. Entre eles, ele cita o setor exportador, tecnológico e o varejo. "Temos setores com crescimento semelhante a China e Índia", afirma. As apresentações nos EUA estão orçadas em R$ 1,8 milhão, dos quais cerca de 40% virão do governo federal. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também está aprimorando suas estatísticas para o setor. A partir do fim deste mês, os FIPs informados à CVM passam a ter todos os dados consolidados e publicados no site da autarquia. Com isso, será possível saber qual o montante total que está hoje alocado nesses fundos. Por enquanto, já se pode ver no site da CVM que há 33 fundos em operação, mas os valores totais ainda não estão consolidados. "Agora, os gestores estão começando a enviar essas informações periódicas e acredito que até o fim do mês isso já estará consolidado e disponível", disse Flavia Fernandes, superintendente de registro em exercício. (ASJ e CV)
Wednesday, June 21, 2006
Neo
Notícia que saiu hoje na Gazeta Mercantil sobre um novo fundo da Neo.
Neo Investimentos lança multimercado
São Paulo, 21 de Junho de 2006 - A Neo Investimentos abre para captação um fundo multimercado com estratégia macro, ou seja, que busca antecipar movimentos do mercado, nos segmentos de juros, câmbio, Bolsa, títulos de dívida externa, entre outros. Com aplicação mínima de R$ 25 mil, a carteira, que já reúne patrimônio de R$ 3,5 milhões, tem como meta uma rentabilidade de 140% a 150% do CDI (o juro interbancário). Marcelo Cabral, sócio da gestora independente, reconhece que o momento é ruim para lançar uma carteira direcional - a volatilidade dos ativos dificulta projeções de cenários -, mas afirma que o objetivo da Neo é ampliar sua linha de produtos e firmar-se também como uma casa de gestão com enfoque macroeconômico. Esse é o terceiro fundo da Neo, criada em julho de 2003. O Neo Multi Estratégia, criado em agosto do mesmo ano, é um fundo que busca distorções de preços em operações de arbitragem nos mercados locais de juros, câmbio e Bolsa, tanto no mercado à vista quanto nos seus derivativos. Com patrimônio líquido de R$ 400 milhões, acumulava no ano até o dia 19 rentabilidade de 8,08%, contra 7,23% do CDI. Já o Neo Long Short, aberto para captação em novembro de 2004, adota estratégias de arbitragem no mercado de ações e tem baixa correlação com a Bolsa, Com volume de R$ 250 milhões, o fundo está com um retorno de 7,89% no ano. O fundo macro, segundo Cabral, adota duas estratégias direcionais, uma que busca ganhos em operações de curto prazo, e outra que olha os movimentos de mais longo prazo. Para lançar o produto, a Neo reforçou sua estrutura. Passou a contar com a consultoria do economista Márcio Garcia e contratou mais um economista. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Alessandra Bellotto)
Notícia que saiu hoje na Gazeta Mercantil sobre um novo fundo da Neo.
Neo Investimentos lança multimercado
São Paulo, 21 de Junho de 2006 - A Neo Investimentos abre para captação um fundo multimercado com estratégia macro, ou seja, que busca antecipar movimentos do mercado, nos segmentos de juros, câmbio, Bolsa, títulos de dívida externa, entre outros. Com aplicação mínima de R$ 25 mil, a carteira, que já reúne patrimônio de R$ 3,5 milhões, tem como meta uma rentabilidade de 140% a 150% do CDI (o juro interbancário). Marcelo Cabral, sócio da gestora independente, reconhece que o momento é ruim para lançar uma carteira direcional - a volatilidade dos ativos dificulta projeções de cenários -, mas afirma que o objetivo da Neo é ampliar sua linha de produtos e firmar-se também como uma casa de gestão com enfoque macroeconômico. Esse é o terceiro fundo da Neo, criada em julho de 2003. O Neo Multi Estratégia, criado em agosto do mesmo ano, é um fundo que busca distorções de preços em operações de arbitragem nos mercados locais de juros, câmbio e Bolsa, tanto no mercado à vista quanto nos seus derivativos. Com patrimônio líquido de R$ 400 milhões, acumulava no ano até o dia 19 rentabilidade de 8,08%, contra 7,23% do CDI. Já o Neo Long Short, aberto para captação em novembro de 2004, adota estratégias de arbitragem no mercado de ações e tem baixa correlação com a Bolsa, Com volume de R$ 250 milhões, o fundo está com um retorno de 7,89% no ano. O fundo macro, segundo Cabral, adota duas estratégias direcionais, uma que busca ganhos em operações de curto prazo, e outra que olha os movimentos de mais longo prazo. Para lançar o produto, a Neo reforçou sua estrutura. Passou a contar com a consultoria do economista Márcio Garcia e contratou mais um economista. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Alessandra Bellotto)
Tuesday, June 20, 2006
Polo
Foi publicada hoje a posição consolidada dos fundos Polo Norte e Polo FIA. É interessante notar como há uma tendência de redução da exposição líquida (ativos - passivos) dos dois fundos. No Polo Norte a exposição líquida saiu de 12,3% em Março para 8,5% em Junho. No Polo FIA, a exposição líquida caiu de 25,6% em Março para 21,8% em Junho.
Foi publicada hoje a posição consolidada dos fundos Polo Norte e Polo FIA. É interessante notar como há uma tendência de redução da exposição líquida (ativos - passivos) dos dois fundos. No Polo Norte a exposição líquida saiu de 12,3% em Março para 8,5% em Junho. No Polo FIA, a exposição líquida caiu de 25,6% em Março para 21,8% em Junho.
Wednesday, June 14, 2006
Nitor
Saiu hoje uma matéria no Valor Econômico sobre a entrada de Reinaldo Le Grazie (ex-Lloyds Bank) parea reforçar a equipe na área macroeconômica. A Nitor está lançando o Total 30, que além de ações (especialidade da casa) também terá estratégias em juros e câmbio.
Saiu hoje uma matéria no Valor Econômico sobre a entrada de Reinaldo Le Grazie (ex-Lloyds Bank) parea reforçar a equipe na área macroeconômica. A Nitor está lançando o Total 30, que além de ações (especialidade da casa) também terá estratégias em juros e câmbio.
Performances de Junho
As performances neste começo de mês têm sido bastante diversificadas. A Quest decidiu reduzir a posição em Bolsa e isso parece que está beneficiando a sua rentabilidade. Os fundos da GP, por outro lado, estão rodando abaixo do CDI (Petrópolis e Araras). A Gap também (Multiportfólio = 0,29%, Hedge = 0,38% e Long Short = 0,24%). Na Fides, o Long Short Plus (0,79%) está melhor que o Long Short (0,40%). O Principia Hedge Plus está acima do CDI (0,55%), mas todos os fundos da ARX estão com rentabilidade abaixo do CDI. Os fundos da Fator estão tendo uma recuperação, depois de alguns meses de decepção (Arbitragem = 0,56%). O Pátria Hedge parece ter encontrado o seu caminho, em um mercado bastante turbulento e está rendendo 0,71%. O JGP está baixo do CDI (0,27%) e o Claritas continua sofrendo, com seus fundos apresentando rentabilidade negativa (Hedge = -0,27%, Hedge 30 = -0,28% e Long Short = -0,45%). As performances referem-se a quotas até o dia 13/06, sendo que o CDI usado para comparação é de 0,51%.
As performances neste começo de mês têm sido bastante diversificadas. A Quest decidiu reduzir a posição em Bolsa e isso parece que está beneficiando a sua rentabilidade. Os fundos da GP, por outro lado, estão rodando abaixo do CDI (Petrópolis e Araras). A Gap também (Multiportfólio = 0,29%, Hedge = 0,38% e Long Short = 0,24%). Na Fides, o Long Short Plus (0,79%) está melhor que o Long Short (0,40%). O Principia Hedge Plus está acima do CDI (0,55%), mas todos os fundos da ARX estão com rentabilidade abaixo do CDI. Os fundos da Fator estão tendo uma recuperação, depois de alguns meses de decepção (Arbitragem = 0,56%). O Pátria Hedge parece ter encontrado o seu caminho, em um mercado bastante turbulento e está rendendo 0,71%. O JGP está baixo do CDI (0,27%) e o Claritas continua sofrendo, com seus fundos apresentando rentabilidade negativa (Hedge = -0,27%, Hedge 30 = -0,28% e Long Short = -0,45%). As performances referem-se a quotas até o dia 13/06, sendo que o CDI usado para comparação é de 0,51%.
Monday, June 12, 2006
Outra mudança no Gávea
Depois da saída de Luiz Fernando Figueiredo, agora é a vez de Ilan Goldfajn. Veja a abaixo a nota que saiu no Valor Econômico do dia 9 de Junho.
Ilan Goldfajn deixa a Gávea
Sócio do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, na Gávea Investimento, o ex-diretor do BC Ilan Goldfajn, comunicou ontem sua saída da administradora de fundos. Ambos tiveram o maior cuidado de anunciar a separação, que, conforme garantiram, foi totalmente amigável. Fraga explicou que mesmo antes de Ilan entrar na sociedade, eles discutiram a possibilidade de que essa fosse uma experiência temporária, já que tanto um quanto o outro têm experiências similares e são do tipo que "põe a mão na massa" e esse perfil poderia acabar prejudicando o trabalho. "Mas na época decidimos que valeria a pena ainda que fosse por um tempo". Antes que ocorresse algum tipo de tensão, eles decidiram que já era a hora da separação, "o que ocorreu de forma aberta e leal", disse Fraga.
Ilan assegurou que "não chegou a haver qualquer tipo de tensão porque o cuidado foi primeiro com a amizade". Os dois prosseguirão dividindo o curso de macroeconomia III do mestrado da PUC-Rio. Ilan ainda não definiu o que vai fazer e diz que está avaliando as opções. Por enquanto, continuará com suas atividades acadêmicas e com a diretoria da Casa das Garças.
É o segundo ex-diretor do Banco Central que deixa a Gávea. No ano passado, Luiz Fernando Figueiredo saiu e fundou sua própria administradora, a Mauá Investimentos. "É a vida", comentou o ex-presidente do BC. "Não tenho dúvida de que do mesmo jeito que Luiz Fernando se deu muito bem, desenvolveu um trabalho de primeira, o Ilan vai fazer a mesma coisa. Eu não tenho vocação para 'chairman'. Gosto de arregaçar as mangas e fazer as coisas. O Ilan também. E é isso".
Depois da saída de Luiz Fernando Figueiredo, agora é a vez de Ilan Goldfajn. Veja a abaixo a nota que saiu no Valor Econômico do dia 9 de Junho.
Ilan Goldfajn deixa a Gávea
Sócio do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, na Gávea Investimento, o ex-diretor do BC Ilan Goldfajn, comunicou ontem sua saída da administradora de fundos. Ambos tiveram o maior cuidado de anunciar a separação, que, conforme garantiram, foi totalmente amigável. Fraga explicou que mesmo antes de Ilan entrar na sociedade, eles discutiram a possibilidade de que essa fosse uma experiência temporária, já que tanto um quanto o outro têm experiências similares e são do tipo que "põe a mão na massa" e esse perfil poderia acabar prejudicando o trabalho. "Mas na época decidimos que valeria a pena ainda que fosse por um tempo". Antes que ocorresse algum tipo de tensão, eles decidiram que já era a hora da separação, "o que ocorreu de forma aberta e leal", disse Fraga.
Ilan assegurou que "não chegou a haver qualquer tipo de tensão porque o cuidado foi primeiro com a amizade". Os dois prosseguirão dividindo o curso de macroeconomia III do mestrado da PUC-Rio. Ilan ainda não definiu o que vai fazer e diz que está avaliando as opções. Por enquanto, continuará com suas atividades acadêmicas e com a diretoria da Casa das Garças.
É o segundo ex-diretor do Banco Central que deixa a Gávea. No ano passado, Luiz Fernando Figueiredo saiu e fundou sua própria administradora, a Mauá Investimentos. "É a vida", comentou o ex-presidente do BC. "Não tenho dúvida de que do mesmo jeito que Luiz Fernando se deu muito bem, desenvolveu um trabalho de primeira, o Ilan vai fazer a mesma coisa. Eu não tenho vocação para 'chairman'. Gosto de arregaçar as mangas e fazer as coisas. O Ilan também. E é isso".
Thursday, June 01, 2006
Maio, ainda
O stress de Maio confirmou que tanto o Direcional quanto o Hedging-Griffo Verde são fundos que tradicionalmente vão bem quando o mercado vai mal, como se pode ver no ranking do post anterior. O Direcional foi o único fundo Macro que conseguiu ficar acima do CDI no mês. A decepção ficou por conta do JGP Hedge, que caiu -1,16%.
O stress de Maio confirmou que tanto o Direcional quanto o Hedging-Griffo Verde são fundos que tradicionalmente vão bem quando o mercado vai mal, como se pode ver no ranking do post anterior. O Direcional foi o único fundo Macro que conseguiu ficar acima do CDI no mês. A decepção ficou por conta do JGP Hedge, que caiu -1,16%.
Stress
O mês de Maio foi bastante nervoso para o mercado devido ao comunicado do Fed após a decisão de aumentar a taxa de juros americana em 0,25%. Os mercados externos entenderam que as taxas de juros poderiam subir acima do esperado, levando a Bolsa a cair e os Treasuries a subir. Os mercados aqui sentiram muito com a saída dos estrangeiros pois houve um "flight to quality". Não só a Bolsa sentiu (caiu 9,50%), mas ta,bém o Real (desvalorizou-se em 10%) e os juros dos títulos em IPCA, que subiram.
Fundos com pior desempenho no mês de Maio foram:
- Claritas Hedge30: -8,11%
- Claritas Hedge: -7,74%
- Hedging Griffo Strategy Long Short: -3,40%
- Claritas Long Short: -1,71%
- Polo Norte: -1,45%
- JGP Hedge: -1,16%
- Mauá Hedge: -1,16%
- Fidúcia Emerald: -1,09%
- Quest I: -1,09%
- ARX Plus: -0,76%
- Fides Long Short: -0,44%
- ARX Extra: -0,26%
- Fator Arbitragem: -0,10%
Fundos com desempenho positivo, mas abaixo do CDI:
- IP Equities Hedge: 0,21%
- Gap Multiportfolio: 0,24%
- Pactual Hedge: 0,60%
- Schroders Multistrategy: 0,96%
- Pactual High Yield: 0,99%
- CSAM Portfolio Plus: 1,05%
- Fama Sniper: 1,10%
- Hedging-Griffo Verde: 1,27%
Fundos com melhor desempenho (acima do CDI):
- Neo Multiestrategy: 1,34%
- Pátria Hedge: 1,42%
- ARX Long Short: 1,44%
- CSAM Long Short: 2,14%
- Neo Long Short: 2,27%
- Gap Long Short: 2,31%
- Direcional: 4,25%
O mês de Maio foi bastante nervoso para o mercado devido ao comunicado do Fed após a decisão de aumentar a taxa de juros americana em 0,25%. Os mercados externos entenderam que as taxas de juros poderiam subir acima do esperado, levando a Bolsa a cair e os Treasuries a subir. Os mercados aqui sentiram muito com a saída dos estrangeiros pois houve um "flight to quality". Não só a Bolsa sentiu (caiu 9,50%), mas ta,bém o Real (desvalorizou-se em 10%) e os juros dos títulos em IPCA, que subiram.
Fundos com pior desempenho no mês de Maio foram:
- Claritas Hedge30: -8,11%
- Claritas Hedge: -7,74%
- Hedging Griffo Strategy Long Short: -3,40%
- Claritas Long Short: -1,71%
- Polo Norte: -1,45%
- JGP Hedge: -1,16%
- Mauá Hedge: -1,16%
- Fidúcia Emerald: -1,09%
- Quest I: -1,09%
- ARX Plus: -0,76%
- Fides Long Short: -0,44%
- ARX Extra: -0,26%
- Fator Arbitragem: -0,10%
Fundos com desempenho positivo, mas abaixo do CDI:
- IP Equities Hedge: 0,21%
- Gap Multiportfolio: 0,24%
- Pactual Hedge: 0,60%
- Schroders Multistrategy: 0,96%
- Pactual High Yield: 0,99%
- CSAM Portfolio Plus: 1,05%
- Fama Sniper: 1,10%
- Hedging-Griffo Verde: 1,27%
Fundos com melhor desempenho (acima do CDI):
- Neo Multiestrategy: 1,34%
- Pátria Hedge: 1,42%
- ARX Long Short: 1,44%
- CSAM Long Short: 2,14%
- Neo Long Short: 2,27%
- Gap Long Short: 2,31%
- Direcional: 4,25%
Thursday, March 16, 2006
Bear Fund
Matéria do jornal Valor Econômico de 16 de Março.
Saga cria fundo contrário ao Ibovespa
Por Catherine Vieira Do Rio
A gestora independente Saga Investimentos montou um fundo com estratégia bastante diferente dos demais do mercado brasileiro. O Saga Bear tem como objetivo constante ter uma correlação exatamente oposta à do índice Bovespa, ou seja, toda vez que o índice cai o fundo sobe e vice-versa. A idéia parece estranha à primeira vista, principalmente num momento após sucessivas altas. Mas o objetivo é tornar o fundo uma proteção, especialmente para carteiras de ações que atuam só comprando papéis e que temem sofrer perdas fortes caso a bolsa tenha uma virada repentina e passe a viver momentos de sobe-e-desce acentuados.
"Em janeiro quando a bolsa chacoalhou, percebemos que boa parte do mercado estava atuando na mesma ponta e decidimos ter um mecanismo de proteção (hedge) maior, além dos que estão disponíveis no mercado", diz Carlos de Carvalho Jr., sócio da Saga. Segundo ele, a estrutura do fundo é montada com lastro em títulos públicos, mas usa operações de derivativos para ficar toda vendida em Índice Bovespa (Ibovespa). "Com isso, o objetivo é fazer com que, quando o índice subir x, por exemplo, o fundo caia x menos o CDI e se o Ibovespa cair x ele suba x mais o CDI ", explica o gestor.
O objetivo é ter uma carteira que funcione somente como a ponta vendida (short) de um fundo do tipo comprado/vendido (long/short). Assim, um fundo de ações comum, que é comprado em bolsa, se combinado com o Saga Bear dentro de um fundo de fundos ou de uma carteira administrada, por exemplo, pode formar uma estratégia comprada/vendida, com o objetivo de neutralizar efeitos de eventuais turbulências na bolsa.
"Há fundos de cotas que não podem fazer determinadas operações, como fazem os fundos de long and short", diz Carvalho. "Então decidimos ter essa experiência do Bear, pois ele pode servir como instrumento para esses fundos de cotas e também como proteção para o nosso próprio fundo."
Ele diz, no entanto, que num mercado de baixa ou com mais instabilidade, o fundo pode acabar se tornando não só uma opção para compor proteção, mas também como investimento especulativo para quem projetar um cenário mais difícil para o mercado de ações.
A administração e a custódia do Saga Bear Hedge ficam a cargo do Pactual e o patrimônio está em cerca de R$ 1 milhão, só com recursos próprios da Saga. A taxa de administração é de 1,5% ao ano e não é cobrada taxa de performance por se tratar de um fundo passivo. O patrimônio total gerido pela Saga é de cerca de R$ 35 milhões.
Matéria do jornal Valor Econômico de 16 de Março.
Saga cria fundo contrário ao Ibovespa
Por Catherine Vieira Do Rio
A gestora independente Saga Investimentos montou um fundo com estratégia bastante diferente dos demais do mercado brasileiro. O Saga Bear tem como objetivo constante ter uma correlação exatamente oposta à do índice Bovespa, ou seja, toda vez que o índice cai o fundo sobe e vice-versa. A idéia parece estranha à primeira vista, principalmente num momento após sucessivas altas. Mas o objetivo é tornar o fundo uma proteção, especialmente para carteiras de ações que atuam só comprando papéis e que temem sofrer perdas fortes caso a bolsa tenha uma virada repentina e passe a viver momentos de sobe-e-desce acentuados.
"Em janeiro quando a bolsa chacoalhou, percebemos que boa parte do mercado estava atuando na mesma ponta e decidimos ter um mecanismo de proteção (hedge) maior, além dos que estão disponíveis no mercado", diz Carlos de Carvalho Jr., sócio da Saga. Segundo ele, a estrutura do fundo é montada com lastro em títulos públicos, mas usa operações de derivativos para ficar toda vendida em Índice Bovespa (Ibovespa). "Com isso, o objetivo é fazer com que, quando o índice subir x, por exemplo, o fundo caia x menos o CDI e se o Ibovespa cair x ele suba x mais o CDI ", explica o gestor.
O objetivo é ter uma carteira que funcione somente como a ponta vendida (short) de um fundo do tipo comprado/vendido (long/short). Assim, um fundo de ações comum, que é comprado em bolsa, se combinado com o Saga Bear dentro de um fundo de fundos ou de uma carteira administrada, por exemplo, pode formar uma estratégia comprada/vendida, com o objetivo de neutralizar efeitos de eventuais turbulências na bolsa.
"Há fundos de cotas que não podem fazer determinadas operações, como fazem os fundos de long and short", diz Carvalho. "Então decidimos ter essa experiência do Bear, pois ele pode servir como instrumento para esses fundos de cotas e também como proteção para o nosso próprio fundo."
Ele diz, no entanto, que num mercado de baixa ou com mais instabilidade, o fundo pode acabar se tornando não só uma opção para compor proteção, mas também como investimento especulativo para quem projetar um cenário mais difícil para o mercado de ações.
A administração e a custódia do Saga Bear Hedge ficam a cargo do Pactual e o patrimônio está em cerca de R$ 1 milhão, só com recursos próprios da Saga. A taxa de administração é de 1,5% ao ano e não é cobrada taxa de performance por se tratar de um fundo passivo. O patrimônio total gerido pela Saga é de cerca de R$ 35 milhões.
Monday, March 13, 2006
BankBoston investe no Private Banking
BankBoston quer ampliar private no Brasil
Por Angelo Pavini De São Paulo
O BankBoston quer aumentar sua presença no milionário segmento de alta renda no Brasil e, para isso, reforçou a estrutura de seu private bank local. A estratégia incluiu a contratação no fim do ano passado de Dilson Oliveira, executivo com mais de dez anos de experiência no segmento e passagens pelo Lloyds Bank e pela presidência do Itaú Luxemburgo. Oliveira vai comandar um processo de ampliação do foco do private do BankBoston para além da gestão de recursos, abrangendo as várias necessidades do cliente.
Além disso, o banco vai dobrar o valor mínimo de ativos para a entrada de novos clientes, de US$ 1 milhão (R$ 2,150 milhões) para US$ 2 milhões (R$ 4,3 milhões). "Não vamos expulsar quem tem valores menores, mas vamos buscar os novos nessa faixa maior", diz. A faixa de US$ 1 milhão a US$ 2 milhões responde por 25% do total de clientes hoje do BankBoston Private. O objetivo de Oliveira é, em três anos, dobrar o total sob administração do private, de R$ 4 bilhões para R$ 8 bilhões.
O ajuste da faixa de renda acompanha uma tendência do mercado, que é diferenciar o cliente private daqueles do varejo de alta renda. O varejo seletivo ganhou importância nos bancos e já conta hoje com a maioria dos produtos antes oferecidos pelos private banks há dez anos, diz Oliveira. Por isso os privates têm de buscar maior sofisticação, o que só é possível com clientes de maior porte. Alguns bancos já começaram esse ajuste, mas muitos ainda aceitam investidores com R$ 1 milhão a R$ 2 milhões.
A venda de empresas é um dos fatores que deve aumentar os volumes dos private banks no Brasil, diz Oliveira. Ele acredita em uma segunda onda de compras de empresa familiares brasileiras - a primeira foi na época das privatizações, no segundo governo Fernando Henrique Cardoso -, com o país voltando ao radar dos investidores externos. "O Brasil é um dos países com o maior número de empresas familiares e isso cria oportunidades, não apenas para venda, mas para parcerias ou para projetos que usem os serviços do banco e do private bank." Ele dá o exemplo da Parmalat, que chegou a ter 34 fábricas no Brasil, todas adquiridas de pequenos grupos familiares.
Essa segunda onda de fusões deve fazer com que o mercado brasileiro de private cresça mais que os 7% ao ano da média mundial. "Podemos crescer a uma média de 15%, 16% ao ano, nos próximos três anos", acredita Oliveira.
Esse movimento de vendas de empresas e ofertas públicas vai colocar dinheiro novo no mercado de private. As ofertas públicas de ações do ano passado e deste ano já são um sinal disso. "Para criar valor para sua empresa, o acionista precisa abrir mão de parte do capital e aí fica com um volume de recursos para aplicar", diz. "A proposta é não ficar no rouba-monte, mas aumentar o monte geral", diz.
Oliveira chama a atenção também para o fato de que hoje os privates brasileiros estão muito concentrados na gestão de ativos financeiros. "Isso é o coração do serviço, mas com o modelo de arquitetura aberta, todos têm acesso aos mesmos produtos e é difícil se diferenciar", afirma. Com a gestão tornando-se uma commodity, o diferencial fica apenas na taxa de administração, o que transforma a disputa pelos clientes numa guerra de preços.
Na busca pela diferenciação, os privates precisam mudar a visão do banco em relação ao cliente, afirma Oliveira. "Precisamos ter uma visão holística do cliente, ou seja, de todas suas necessidades, não só de investimentos, mas com relação à empresa, à família, e a um grande número de necessidades do lado legal, tributário, societário, de sucessões, que demandam a orientação de um especialista", afirma.
Hoje o BankBoston já tem uma estrutura para prestar grande número de serviços, diretamente no private ou na estrutura de "wealth management" (gestão de patrimônio). O cliente tem um estrategista dedicado, o economista Odair Abate. Na área tributária, o banco tem a advogada tributarista Natália Zimmermann. "Isso faz diferença em relação a alguns privates que usam o economista do banco ou apenas indicam um escritório de advocacia", diz.
Ele lembra do caso dos bancos suíços, que perderam espaço ao dar atenção somente à proteção e gestão das aplicações financeiras, enquanto os bancos americanos partiam para oferecer alternativas para criar valor e aumentar o patrimônio dos clientes. "Por isso, o private precisa ter essa estrutura mais ampla de atendimento", diz.
Nesse ponto, o BankBoston quer usar seus diferenciais, como um forte banco de investimentos que pode prestar assessoria, da gestão à venda de uma empresa, com uma oferta pública que valorize o patrimônio do investidor e torne viável a sucessão ou a profissionalização da empresa. "Podemos ainda servir de ponte para o empresário que está querendo vender a empresa com outros clientes nossos que estariam interessados em comprá-la", diz.
A estratégia por trás disso é que, ao prestar essa ajuda ao cliente, ele provavelmente deixará uma parcela dos recursos aplicados no private do banco.
Oliveira critica também o uso indiscriminado do termo wealth management pelo mercado. "Muitos bancos estão levando para a rede o conceito de diversificação, ou asset alocation, e chamando isso de wealth management, o que não é correto." O processo é semelhante ao que aconteceu com o conceito de private bank nos anos 90, quando desembarcou no Brasil. Clientes de US$ 100 mil já eram considerados private. "Isso acabou por prejudicar a imagem do serviço, uma vez que você não consegue manter um padrão de qualidade diferenciado com essa massificação", diz Oliveira.
O BankBoston quer também usar seu diferencial em relação aos privates de outros bancos estrangeiros que é a firme presença no mercado brasileiro, o conhecimento desse mercado e o acesso aos empresários brasileiros.
BankBoston quer ampliar private no Brasil
Por Angelo Pavini De São Paulo
O BankBoston quer aumentar sua presença no milionário segmento de alta renda no Brasil e, para isso, reforçou a estrutura de seu private bank local. A estratégia incluiu a contratação no fim do ano passado de Dilson Oliveira, executivo com mais de dez anos de experiência no segmento e passagens pelo Lloyds Bank e pela presidência do Itaú Luxemburgo. Oliveira vai comandar um processo de ampliação do foco do private do BankBoston para além da gestão de recursos, abrangendo as várias necessidades do cliente.
Além disso, o banco vai dobrar o valor mínimo de ativos para a entrada de novos clientes, de US$ 1 milhão (R$ 2,150 milhões) para US$ 2 milhões (R$ 4,3 milhões). "Não vamos expulsar quem tem valores menores, mas vamos buscar os novos nessa faixa maior", diz. A faixa de US$ 1 milhão a US$ 2 milhões responde por 25% do total de clientes hoje do BankBoston Private. O objetivo de Oliveira é, em três anos, dobrar o total sob administração do private, de R$ 4 bilhões para R$ 8 bilhões.
O ajuste da faixa de renda acompanha uma tendência do mercado, que é diferenciar o cliente private daqueles do varejo de alta renda. O varejo seletivo ganhou importância nos bancos e já conta hoje com a maioria dos produtos antes oferecidos pelos private banks há dez anos, diz Oliveira. Por isso os privates têm de buscar maior sofisticação, o que só é possível com clientes de maior porte. Alguns bancos já começaram esse ajuste, mas muitos ainda aceitam investidores com R$ 1 milhão a R$ 2 milhões.
A venda de empresas é um dos fatores que deve aumentar os volumes dos private banks no Brasil, diz Oliveira. Ele acredita em uma segunda onda de compras de empresa familiares brasileiras - a primeira foi na época das privatizações, no segundo governo Fernando Henrique Cardoso -, com o país voltando ao radar dos investidores externos. "O Brasil é um dos países com o maior número de empresas familiares e isso cria oportunidades, não apenas para venda, mas para parcerias ou para projetos que usem os serviços do banco e do private bank." Ele dá o exemplo da Parmalat, que chegou a ter 34 fábricas no Brasil, todas adquiridas de pequenos grupos familiares.
Essa segunda onda de fusões deve fazer com que o mercado brasileiro de private cresça mais que os 7% ao ano da média mundial. "Podemos crescer a uma média de 15%, 16% ao ano, nos próximos três anos", acredita Oliveira.
Esse movimento de vendas de empresas e ofertas públicas vai colocar dinheiro novo no mercado de private. As ofertas públicas de ações do ano passado e deste ano já são um sinal disso. "Para criar valor para sua empresa, o acionista precisa abrir mão de parte do capital e aí fica com um volume de recursos para aplicar", diz. "A proposta é não ficar no rouba-monte, mas aumentar o monte geral", diz.
Oliveira chama a atenção também para o fato de que hoje os privates brasileiros estão muito concentrados na gestão de ativos financeiros. "Isso é o coração do serviço, mas com o modelo de arquitetura aberta, todos têm acesso aos mesmos produtos e é difícil se diferenciar", afirma. Com a gestão tornando-se uma commodity, o diferencial fica apenas na taxa de administração, o que transforma a disputa pelos clientes numa guerra de preços.
Na busca pela diferenciação, os privates precisam mudar a visão do banco em relação ao cliente, afirma Oliveira. "Precisamos ter uma visão holística do cliente, ou seja, de todas suas necessidades, não só de investimentos, mas com relação à empresa, à família, e a um grande número de necessidades do lado legal, tributário, societário, de sucessões, que demandam a orientação de um especialista", afirma.
Hoje o BankBoston já tem uma estrutura para prestar grande número de serviços, diretamente no private ou na estrutura de "wealth management" (gestão de patrimônio). O cliente tem um estrategista dedicado, o economista Odair Abate. Na área tributária, o banco tem a advogada tributarista Natália Zimmermann. "Isso faz diferença em relação a alguns privates que usam o economista do banco ou apenas indicam um escritório de advocacia", diz.
Ele lembra do caso dos bancos suíços, que perderam espaço ao dar atenção somente à proteção e gestão das aplicações financeiras, enquanto os bancos americanos partiam para oferecer alternativas para criar valor e aumentar o patrimônio dos clientes. "Por isso, o private precisa ter essa estrutura mais ampla de atendimento", diz.
Nesse ponto, o BankBoston quer usar seus diferenciais, como um forte banco de investimentos que pode prestar assessoria, da gestão à venda de uma empresa, com uma oferta pública que valorize o patrimônio do investidor e torne viável a sucessão ou a profissionalização da empresa. "Podemos ainda servir de ponte para o empresário que está querendo vender a empresa com outros clientes nossos que estariam interessados em comprá-la", diz.
A estratégia por trás disso é que, ao prestar essa ajuda ao cliente, ele provavelmente deixará uma parcela dos recursos aplicados no private do banco.
Oliveira critica também o uso indiscriminado do termo wealth management pelo mercado. "Muitos bancos estão levando para a rede o conceito de diversificação, ou asset alocation, e chamando isso de wealth management, o que não é correto." O processo é semelhante ao que aconteceu com o conceito de private bank nos anos 90, quando desembarcou no Brasil. Clientes de US$ 100 mil já eram considerados private. "Isso acabou por prejudicar a imagem do serviço, uma vez que você não consegue manter um padrão de qualidade diferenciado com essa massificação", diz Oliveira.
O BankBoston quer também usar seu diferencial em relação aos privates de outros bancos estrangeiros que é a firme presença no mercado brasileiro, o conhecimento desse mercado e o acesso aos empresários brasileiros.
Hedging - Griffo
Matéria de 13 de Março do Valor Econômico.
Hedging-Griffo abre fundo que seguirá o legendário Verde
Mara Luquet
Hoje, o fundo HG Verde, da Hedging-Griffo, um dos mais antigos e bem sucedidos "hedge funds" brasileiros, abre para captação. Na verdade, trata-se do HG Verde 90, uma carteira que replicará a original, mas os resgates serão feitos em D+90, ou seja, três meses depois do pedido.
Desde 2002, o Verde não aceitava novas aplicações. Na ocasião, o sócio da Hedging-Griffo Luis Stuhlberger explicou que o mercado brasileiro não tinha liquidez e ativos suficientes para comportar fundos hedge com patrimônios muito grandes. "Mas o Brasil melhorou, o volume da bolsa dobrou e aumentou a liquidez das opções", diz ele. Assim, foi possível criar mais uma carteira dentro da família Verde, que hoje já soma R$ 4 bilhões em patrimônio.
De qualquer forma, o espaço para crescimento é limitado. Assim, Stuhlberger explica que o fundo ficará aberto até o dia 21 e apenas para uma captação limitada a R$ 300 milhões. Deste volume, R$ 100 milhões serão destinados aos parceiros da Griffo que distribuem o Verde e os outros R$ 200 milhões para os clientes da corretora. Se a demanda superar essa tranche, haverá um rateio.
O Verde é um caso de sucesso, com ganho acumulado de 2.130% desde seu início, há pouco mais de nove anos. No mesmo período, o ganho do CDI foi de 473,39%. O fundo teve início em 1997, num momento em que gestores independentes começavam a aparecer no Brasil. No entanto, naquele mesmo ano, esse movimento foi freado pela crise devastadora que assolou os mercados emergentes entre o fim de 1997 e início de 1999. Poucos fundos de independentes conseguiram sobreviver.
O Verde atravessou o período com um desempenho espetacular. Não apenas sobreviveu como exibiu uma performance que construiu sua fama. A filosofia do seu gestor, que permanece até hoje, é: buscar oportunidades na contramão do mercado. Um exemplo pode ser visto este ano, em que a carteira acumula ganho de 9,04%, para um CDI de 2,58%.
Uma das razões desse ganho, Stuhlberger credita à operação com bônus do Banco do Brasil.
"Entre 1999 e 2004 fui colecionando os bônus do banco", conta Stuhlberger. Esses bônus foram emitidos quando as ações do Banco do Brasil valiam em mercado cerca de R$ 6 e os papéis traziam um preço de subscrição de R$ 9. Ou seja, quem pagaria mais para comprar ações que em mercado valiam bem menos? Stuhlberger pagou. Ele comprou os bônus a R$ 2. Agora, valem R$ 27. E as ações do BB eram negociadas na sexta-feira a R$ 56,19.
O Verde chamou a atenção do mercado pela primeira vez em outubro de 1997. O fundo ainda não tinha sequer completado seu primeiro ano de vida e experimentou naquele mês um ganho de 5%. Mas o que mais despertou o interesse do mercado foi que essa performance excepcional ocorreu num momento em que a maior parte das carteiras sofria horrores com o auge da crise iniciada na Tailândia.
A operação que gerou tal ganho foi no mercado de juros e começou a ser montada no dia 24 daquele mês. "Lembro perfeitamente porque era o dia do meu aniversário", conta Stuhlberger. Durante um almoço com os sócios, no restaurante Charlô, em São Paulo, ele conta que passava por telefone as ordens de compra para o pessoal da mesa de operações na Hedging-Griffo.
Stuhlberger montou a operação com contratos de derivativos de juros que simulavam um financiamento. Ele tomou dinheiro a 19% ao ano. Ocorre que, quatro dias depois, o governo, por conta da crise, puxou a taxa de juro básica da economia para 40%. Ou seja, o Verde tinha um dinheiro extremamente barato que passara a valer muito no mercado e ele poderia emprestar a taxas bem mais altas.
Stuhlberger tem muitas outras histórias para contar. Em agosto de 2002, por exemplo, o fundo chegou a perder 2,17%. Ele conta que a carteira tinha um "hedge" com contratos de câmbio que não funcionou naquele momento, quando o dólar chegou a ser cotado a R$ 3,4 no mercado à vista. "Não tinha muito o que fazer porque eu não queria vender as ações, então era só esperar", conta.
Mas o mais importante, diz, é que, durante esse tempo, ele construiu uma relação de confiança com os cotistas que o permite manter a calma mesmo em momentos de adversidades.
Matéria de 13 de Março do Valor Econômico.
Hedging-Griffo abre fundo que seguirá o legendário Verde
Mara Luquet
Hoje, o fundo HG Verde, da Hedging-Griffo, um dos mais antigos e bem sucedidos "hedge funds" brasileiros, abre para captação. Na verdade, trata-se do HG Verde 90, uma carteira que replicará a original, mas os resgates serão feitos em D+90, ou seja, três meses depois do pedido.
Desde 2002, o Verde não aceitava novas aplicações. Na ocasião, o sócio da Hedging-Griffo Luis Stuhlberger explicou que o mercado brasileiro não tinha liquidez e ativos suficientes para comportar fundos hedge com patrimônios muito grandes. "Mas o Brasil melhorou, o volume da bolsa dobrou e aumentou a liquidez das opções", diz ele. Assim, foi possível criar mais uma carteira dentro da família Verde, que hoje já soma R$ 4 bilhões em patrimônio.
De qualquer forma, o espaço para crescimento é limitado. Assim, Stuhlberger explica que o fundo ficará aberto até o dia 21 e apenas para uma captação limitada a R$ 300 milhões. Deste volume, R$ 100 milhões serão destinados aos parceiros da Griffo que distribuem o Verde e os outros R$ 200 milhões para os clientes da corretora. Se a demanda superar essa tranche, haverá um rateio.
O Verde é um caso de sucesso, com ganho acumulado de 2.130% desde seu início, há pouco mais de nove anos. No mesmo período, o ganho do CDI foi de 473,39%. O fundo teve início em 1997, num momento em que gestores independentes começavam a aparecer no Brasil. No entanto, naquele mesmo ano, esse movimento foi freado pela crise devastadora que assolou os mercados emergentes entre o fim de 1997 e início de 1999. Poucos fundos de independentes conseguiram sobreviver.
O Verde atravessou o período com um desempenho espetacular. Não apenas sobreviveu como exibiu uma performance que construiu sua fama. A filosofia do seu gestor, que permanece até hoje, é: buscar oportunidades na contramão do mercado. Um exemplo pode ser visto este ano, em que a carteira acumula ganho de 9,04%, para um CDI de 2,58%.
Uma das razões desse ganho, Stuhlberger credita à operação com bônus do Banco do Brasil.
"Entre 1999 e 2004 fui colecionando os bônus do banco", conta Stuhlberger. Esses bônus foram emitidos quando as ações do Banco do Brasil valiam em mercado cerca de R$ 6 e os papéis traziam um preço de subscrição de R$ 9. Ou seja, quem pagaria mais para comprar ações que em mercado valiam bem menos? Stuhlberger pagou. Ele comprou os bônus a R$ 2. Agora, valem R$ 27. E as ações do BB eram negociadas na sexta-feira a R$ 56,19.
O Verde chamou a atenção do mercado pela primeira vez em outubro de 1997. O fundo ainda não tinha sequer completado seu primeiro ano de vida e experimentou naquele mês um ganho de 5%. Mas o que mais despertou o interesse do mercado foi que essa performance excepcional ocorreu num momento em que a maior parte das carteiras sofria horrores com o auge da crise iniciada na Tailândia.
A operação que gerou tal ganho foi no mercado de juros e começou a ser montada no dia 24 daquele mês. "Lembro perfeitamente porque era o dia do meu aniversário", conta Stuhlberger. Durante um almoço com os sócios, no restaurante Charlô, em São Paulo, ele conta que passava por telefone as ordens de compra para o pessoal da mesa de operações na Hedging-Griffo.
Stuhlberger montou a operação com contratos de derivativos de juros que simulavam um financiamento. Ele tomou dinheiro a 19% ao ano. Ocorre que, quatro dias depois, o governo, por conta da crise, puxou a taxa de juro básica da economia para 40%. Ou seja, o Verde tinha um dinheiro extremamente barato que passara a valer muito no mercado e ele poderia emprestar a taxas bem mais altas.
Stuhlberger tem muitas outras histórias para contar. Em agosto de 2002, por exemplo, o fundo chegou a perder 2,17%. Ele conta que a carteira tinha um "hedge" com contratos de câmbio que não funcionou naquele momento, quando o dólar chegou a ser cotado a R$ 3,4 no mercado à vista. "Não tinha muito o que fazer porque eu não queria vender as ações, então era só esperar", conta.
Mas o mais importante, diz, é que, durante esse tempo, ele construiu uma relação de confiança com os cotistas que o permite manter a calma mesmo em momentos de adversidades.
Monday, January 23, 2006
BankBoston: Fundo Quantitativo
Matéria publicada no Valor Econômico de 23 de Janeiro de 2006.
BankBoston leva modelo quantitativo para o varejo
Angelo Pavini
De São Paulo
A onda dos fundos quantitativos, que usam modelos matemáticos para decidir as aplicações, contagiou a BankBoston Asset Management. A partir de hoje, a gestora passa a oferecer para os clientes de varejo do banco o Boston Expert, uma carteira que buscará ganhos nos mercados de ações e nos futuros de índice, dólar, juros e dívida externa com vários modelos estatísticos. O banco já havia lançado no ano passado um long/short, fundo de arbitragem em ações, outra estratégia que virou mania entre os multimercados em 2005.
Segundo Edinardo Figueiredo, superintendente executivo de produtos de investimentos e seguros do BankBoston, o novo fundo, o terceiro multimercado da casa para o varejo, vai servir para que os investidores diversifiquem melhor suas aplicações. "Notamos que, com o juro caindo e a bolsa subindo, há uma grande procura por diversificação e realocação dos recursos, e maior apetite por risco."
O Expert será um fundo de cotas que aplicará no Boston Eagle Quant, destinado aos clientes de alta renda do private do banco. A gestora criou em setembro uma equipe apenas para cuidar dessa estratégia, com um diretor, dois analistas e dois estagiários. "É a maior equipe quantitativa do mercado", diz Charles Ferraz, superintendente executivo da asset. A aplicação mínima do Expert é de R$ 10 mil e a taxa de administração é de 1% ao ano mais 40% sobre o que superar o CDI - o objetivo do fundo é render 110% do referencial. Hoje, o BankBoston oferece para os clientes de varejo e private um multimercado tradicional, com patrimônio de R$ 1,6 bilhão, um long/short, que já está prestes a fechar para captação, com R$ 200 milhões, e agora um quantitativo, com R$ 130 milhões só no private.
Ferraz explica que o Expert vai ser um fundo quantitativo puro, diferentemente de outros que usam a estratégia apenas como ferramenta de apoio a decisões tomadas com base em análises macroeconômicas ou fundamentalista. O segredo, diz, é a qualidade do modelo matemático, desenvolvido pelo gestor para encontrar as oportunidades em cada mercado. "Testamos as estratégias à exaustão e estamos confiantes que o fundo será um sucesso", diz Ferraz, lembrando que o fundo Eagle superou o CDI nos últimos dois anos.
O Expert terá várias estratégias, como "trend following" - que segue tendências de cada mercado. Outra estuda o comportamento dos mercados em cada período do ano para definir momentos de aplicação. Apesar da sofisticação, o fundo deve ter baixa volatilidade, em torno de 1% ao ano.
Matéria publicada no Valor Econômico de 23 de Janeiro de 2006.
BankBoston leva modelo quantitativo para o varejo
Angelo Pavini
De São Paulo
A onda dos fundos quantitativos, que usam modelos matemáticos para decidir as aplicações, contagiou a BankBoston Asset Management. A partir de hoje, a gestora passa a oferecer para os clientes de varejo do banco o Boston Expert, uma carteira que buscará ganhos nos mercados de ações e nos futuros de índice, dólar, juros e dívida externa com vários modelos estatísticos. O banco já havia lançado no ano passado um long/short, fundo de arbitragem em ações, outra estratégia que virou mania entre os multimercados em 2005.
Segundo Edinardo Figueiredo, superintendente executivo de produtos de investimentos e seguros do BankBoston, o novo fundo, o terceiro multimercado da casa para o varejo, vai servir para que os investidores diversifiquem melhor suas aplicações. "Notamos que, com o juro caindo e a bolsa subindo, há uma grande procura por diversificação e realocação dos recursos, e maior apetite por risco."
O Expert será um fundo de cotas que aplicará no Boston Eagle Quant, destinado aos clientes de alta renda do private do banco. A gestora criou em setembro uma equipe apenas para cuidar dessa estratégia, com um diretor, dois analistas e dois estagiários. "É a maior equipe quantitativa do mercado", diz Charles Ferraz, superintendente executivo da asset. A aplicação mínima do Expert é de R$ 10 mil e a taxa de administração é de 1% ao ano mais 40% sobre o que superar o CDI - o objetivo do fundo é render 110% do referencial. Hoje, o BankBoston oferece para os clientes de varejo e private um multimercado tradicional, com patrimônio de R$ 1,6 bilhão, um long/short, que já está prestes a fechar para captação, com R$ 200 milhões, e agora um quantitativo, com R$ 130 milhões só no private.
Ferraz explica que o Expert vai ser um fundo quantitativo puro, diferentemente de outros que usam a estratégia apenas como ferramenta de apoio a decisões tomadas com base em análises macroeconômicas ou fundamentalista. O segredo, diz, é a qualidade do modelo matemático, desenvolvido pelo gestor para encontrar as oportunidades em cada mercado. "Testamos as estratégias à exaustão e estamos confiantes que o fundo será um sucesso", diz Ferraz, lembrando que o fundo Eagle superou o CDI nos últimos dois anos.
O Expert terá várias estratégias, como "trend following" - que segue tendências de cada mercado. Outra estuda o comportamento dos mercados em cada período do ano para definir momentos de aplicação. Apesar da sofisticação, o fundo deve ter baixa volatilidade, em torno de 1% ao ano.
Link em Private Banking
Matéria publicada no Valor Econômico de 23 de Janeiro de 2006.
Link cria área para atender os clientes de alta renda
Por Daniele Camba
De São Paulo
A Link, corretora que tem como sócios Daniel e Marcelo Mendonça de Barros - filhos do ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES Luiz Carlos Mendonça de Barros -, está colocando um pé no segmento de pessoas físicas de alta renda na Bovespa. Para isso, acaba de criar uma área private, que vai atender investidores abonados, com patrimônio a partir de R$ 1 milhão.
O objetivo é oferecer assessoria de investimento a esses clientes que, apesar de abastados, ainda estão num nível de riqueza considerado baixo pelos grandes bancos, por isso são mal atendidos pelas áreas private, diz Marcos Elias, um dos sócios da corretora.
"Os clientes com R$ 20 milhões, por exemplo, são o foco dos bancos, enquanto os menores são relegados a segundo plano", diz Elias. O projeto, segundo Daniel Mendonça de Barros, é atender também o investidor de menor porte, mas antes a corretora terá de investir pesado em tecnologia, condição primordial para crescer em escala, que é a fórmula do sucesso no atendimento à pessoa física.
Na parte de gestão de recursos, num primeiro momento, a corretora deve oferecer os fundos da Quest Investimentos, que é a gestora ligada ao grupo e tem como principal sócio e estrategista o próprio Luiz Carlos Mendonça de Barros. O projeto, no entanto, é oferecer fundos também de outras assets, assim que a nova área tiver massa crítica de clientes.
A corretora começou a atender pessoas físicas há dois meses e já conta com 50 clientes. Até então, a Link atendia de forma informal apenas os clientes pessoa física que estão por trás dos seus investidores institucionais na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). A meta inicial é ter uma carteira com pelo menos 500 clientes.
A participação desses negócios com o investidor pessoa física na receita da corretora pulou de 2% para 5%. E isso é só o começo. Para Norberto Giangrande sócio da Link, com o interesse crescente dos brasileiros em investir em bolsa e a carência que possuem de um atendimento personalizado, essa área tem potencial para representar até mais da metade da receita da corretora. "A nossa área private pode se tornar conhecida por ser uma das únicas especializada em bolsa", diz Giangrande.
Apesar da criação de uma área private, a grande aposta da corretora ainda são os clientes institucionais da BM&F. Apesar de nova, se comparada a algumas que estão no mercado há décadas, a Link está entre as mais ativas. Ela estreou na BM&F em 1998 e, desde 2002, é líder do ranking em termos de volume de negócios.
Na Bovespa, a entrada é mais recente. Primeiro comprou um título da Bolsa de Santos, o que lhe permitia operar na Bovespa via outra corretora. No entanto, percebendo a recuperação no volume de negócios, em junho de 2004 comprou os títulos da bolsa paulista e passou a operar sozinha. Em 2005, montou uma área de análise de renda variável.
Matéria publicada no Valor Econômico de 23 de Janeiro de 2006.
Link cria área para atender os clientes de alta renda
Por Daniele Camba
De São Paulo
A Link, corretora que tem como sócios Daniel e Marcelo Mendonça de Barros - filhos do ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES Luiz Carlos Mendonça de Barros -, está colocando um pé no segmento de pessoas físicas de alta renda na Bovespa. Para isso, acaba de criar uma área private, que vai atender investidores abonados, com patrimônio a partir de R$ 1 milhão.
O objetivo é oferecer assessoria de investimento a esses clientes que, apesar de abastados, ainda estão num nível de riqueza considerado baixo pelos grandes bancos, por isso são mal atendidos pelas áreas private, diz Marcos Elias, um dos sócios da corretora.
"Os clientes com R$ 20 milhões, por exemplo, são o foco dos bancos, enquanto os menores são relegados a segundo plano", diz Elias. O projeto, segundo Daniel Mendonça de Barros, é atender também o investidor de menor porte, mas antes a corretora terá de investir pesado em tecnologia, condição primordial para crescer em escala, que é a fórmula do sucesso no atendimento à pessoa física.
Na parte de gestão de recursos, num primeiro momento, a corretora deve oferecer os fundos da Quest Investimentos, que é a gestora ligada ao grupo e tem como principal sócio e estrategista o próprio Luiz Carlos Mendonça de Barros. O projeto, no entanto, é oferecer fundos também de outras assets, assim que a nova área tiver massa crítica de clientes.
A corretora começou a atender pessoas físicas há dois meses e já conta com 50 clientes. Até então, a Link atendia de forma informal apenas os clientes pessoa física que estão por trás dos seus investidores institucionais na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). A meta inicial é ter uma carteira com pelo menos 500 clientes.
A participação desses negócios com o investidor pessoa física na receita da corretora pulou de 2% para 5%. E isso é só o começo. Para Norberto Giangrande sócio da Link, com o interesse crescente dos brasileiros em investir em bolsa e a carência que possuem de um atendimento personalizado, essa área tem potencial para representar até mais da metade da receita da corretora. "A nossa área private pode se tornar conhecida por ser uma das únicas especializada em bolsa", diz Giangrande.
Apesar da criação de uma área private, a grande aposta da corretora ainda são os clientes institucionais da BM&F. Apesar de nova, se comparada a algumas que estão no mercado há décadas, a Link está entre as mais ativas. Ela estreou na BM&F em 1998 e, desde 2002, é líder do ranking em termos de volume de negócios.
Na Bovespa, a entrada é mais recente. Primeiro comprou um título da Bolsa de Santos, o que lhe permitia operar na Bovespa via outra corretora. No entanto, percebendo a recuperação no volume de negócios, em junho de 2004 comprou os títulos da bolsa paulista e passou a operar sozinha. Em 2005, montou uma área de análise de renda variável.
Indústria de Fundos : Crescimento?
Matéria publicada no Valor Econômico de 23 de Janeiro de 2006.
Crescimento ilusório
Por Danilo Fariello e Daniele Camba
De São Paulo
Quem olha o tamanho do setor de fundos de investimentos no Brasil, hoje com cerca de R$ 700 bilhões, acha que ele vai de vento em popa. Mas, observando com cuidado, a história é bem diferente. Excluídos os fundos de previdência, o setor registrou mais saques do que aportes de 2001 até o ano passado. Levantamento feito pelo site financeiro Fortuna a pedido do Valor mostra que, nos últimos cinco anos, os fundos tiveram perda líquida (resgates menos aplicações) média de 1,8% do patrimônio total ao ano. Em 2001, o segmento tinha R$ 268 bilhões de patrimônio e fechou 2005 com R$ 583 bilhões. Esse crescimento é resultado principalmente da rentabilidade. Se dependesse unicamente das aplicações novas, o patrimônio chegaria em 2005 com R$ 20 bilhões a menos do que tinha no começo. O levantamento exclui fundos de previdência, que trilharam caminho contrário.
Em apenas dois dos últimos cinco anos houve captação líquida nos fundos de investimento. E o maior avanço, em 2003 - com captação de 16,1% -, foi mais uma recuperação do tombo que o setor tomou em 2002, com a crise da marcação a mercado. No ano passado, o segmento cresceu apenas 2,8%, graças principalmente aos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). "Se não fosse isso, provavelmente os saques continuariam a superar os depósitos ou, no máximo, o setor ficaria no zero a zero", diz Marcelo D'Agosto, sócio do Fortuna.
Para D'Agosto, os fundos ainda não atingiram camadas mais populares de investidores, que temem a complexa estrutura do mercado. Ele diz, ainda, que o acesso aos fundos é muito restrito, principalmente pela falta de informações disponíveis.
Marcelo Bonini, Diretor de Ativos de Terceiros da Caixa Econômica Federal, diz que o setor está perfeitamente estruturado, mas questões culturais ainda impedem a expansão das aplicações. Para ele, os gestores são altamente qualificados, os produtos são diversificados e a regulação adequada. "Porém, investidores ainda têm dificuldades em escolher fundos, e gerentes muitas vezes têm medo em oferecer algo que não compreendem totalmente." A recente mudança da tributação das carteiras, por exemplo, lançou mais uma incógnita nessa complexa equação, diz.
Maria Cecilia Rossi, sócia da Inter-link Consultoria de Mercado de Capitais e ex-diretora da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) diz que seria preciso oferecer mais educação financeira aos investidores para que entendam as vantagens dos fundos. Sérgio de Oliveira, diretor-executivo do Bradesco e vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), reconhece que falta ainda melhor capacitação dos profissionais que distribuem os fundos para apresentar os produtos de maneira mais eficiente aos investidores. "Mas isso tem melhorado."
No topo da pirâmide, ou seja, entre os investidores de maior renda, houve também motivos para os fundos perderem atratividade. Maria Cecília, da Inter-link, diz que a criação da conta-investimento, que isenta da CPMF movimentações entre diferentes aplicações, diminuiu a importância dos fundos exclusivos, que eram procurados principalmente para esse fim.
Um fator regulatório também diminuiu o apetite dos gestores para buscar cotistas. Maria Cecilia diz que o maior rigor da CVM na regulação dos fundos, apesar de oferecer mais transparência, acabou implicando custos mais elevados para administradores. "O preço de manter um fundo subiu e reduziu a competição no mercado."
Em 2002, a perda líquida foi a mais dramática, chegando a 21,1%. O motivo foi a marcação a mercado, uma regra do Banco Central que determinou que todos os fundos registrassem os papéis que possuíam pelo valor corrente, como se fossem vendê-los naquele dia. Uma parte dos gestores não fazia isso. Naquele momento, com a eleição presidencial conturbada, os papéis apresentavam forte volatilidade e a mudança acabou por provocar perdas nas cotas de fundos. Muitas carteiras de renda fixa e DI registraram perdas surpreendentes para seus cotistas.
Esse evento mostrou ao investidor que ele pode perder dinheiro até nos fundos mais conservadores. A volatilidade das cotas provocou uma onda de saques. Para André Luiz Oda, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) muitos investidores migraram dos fundos para a caderneta de poupança ou para os CDBs e não voltaram mais.
O recolhimento do imposto de renda (IR) sobre os ganhos semestralmente, (conhecido como "come-cotas") também garfa um bom pedaço dos recursos, aparecendo como saques na conta da captação líquida. A tributação teria tirado dos fundos cerca de R$ 50 bilhões nesses cinco anos, estima o também vice-presidente da Anbid, Marcelo Giufrida. "Se olharmos por esse prisma, o setor teve captação líquida de R$ 30 bilhões e não perdas de R$ 20 bilhões." Mas ele reconhece que houve recuo nas aplicações em relação aos anos 90. Nos últimos cinco anos, além da previdência, Giufrida lembra que houve a concorrência dos CDBs, que deixaram de pagar CPMF na reaplicação, com a conta-investimento, não têm come-cotas nem taxa de administração.
Oliveira, do Bradesco, diz que, apesar de ter a captação reduzida, a importância dos fundos cresceu nos últimos anos para 40% do Produto Interno Bruto (PIB). "Além disso, os fundos abrigam mais de 60% das aplicações financeiras."
Gestores acreditam que a queda dos juros trará um futuro melhor, já que o investidor deverá ter um apetite maior por risco em busca de ganhos melhores do que em CDBs ou fundos de renda fixa. "Veremos uma onda de aplicações em carteiras como multimercados e fundos de ações", diz o professor do IBMEC-SP e sócio da ForeSee Investimentos, João Luiz Mascolo.
Previdência privada rouba recursos das demais carteiras
De São Paulo
O desenvolvimento da previdência privada, que ganhou força ao longo dos últimos cinco anos, fez com que muitos investidores transferissem recursos dos fundos regulares para carteiras voltadas à aposentadoria do tipo PGBL, VGBL e Fapi. A análise do site Fortuna, que leva em conta esses planos de previdência, indica que, nesse período, a captação líquida do segmento foi de R$ 32 bilhões, enquanto os demais tipos de fundos perderam R$ 20 bilhões nessa mesma conta.
Entre 2001 e 2002, os planos de previdência praticamente dobraram de tamanho, impulsionados por novos aportes. Nos últimos dois anos, entretanto, esse crescimento no volume de recursos captados caiu, mas em 2005 as contribuições no segmento ainda avançaram, proporcionalmente, dez vezes mais do que os depósitos dos fundos em geral.
A arrancada na captação da previdência privada em relação ao seu patrimônio justifica-se principalmente por se tratar de um mercado recente, que começou a se formar em 1998 e suas regras evoluíram bastante ao longo dos anos. Novidades trazidas como benefícios tributários - ampliados no ano passado com a criação da tabela regressiva, que pode reduzir o imposto para 10% independente do valor aplicado - e possibilidade de aquisição de renda mensal no futuro encantaram investidores que visam retorno em prazos mais longos.
Maria Cecilia Rossi, sócia da Inter-link Consultoria de Mercado de Capitais e ex-diretora da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acredita que a previdência privada roubou recursos dos demais fundos. São produtos mais adequados a muitos que antes ficavam em fundos regulares por falta de opção melhor. A tributação na previdência beneficia o investimento de longo prazo. "A possibilidade de abatimento do imposto de renda também é uma vantagem que atraiu muitos investidores", diz Maria Cecilia.
Além disso, ela diz que, no período, houve maior esforço dos bancos e seguradoras em treinar pessoas para distribuir produtos de previdência do que normalmente ocorre com os fundos de investimento. O diretor-executivo do Bradesco, Sérgio de Oliveira, afirma que muitos aplicadores transferiram investimentos de longo prazo para a previdência. O Bradesco é o segundo maior gestor de recursos do país e sua seguradora é líder no setor de previdência privada.
E esse crescimento estaria apenas no começo. As perspectivas de uma expansão econômica maior nos próximos anos e a possível reforma da previdência são dois fatores que devem impulsionar ainda mais a captação da previdência privada, avalia o vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Marcelo Giufrida.
Ele lembra que esse crescimento das carteiras de previdência é natural de um mercado iniciante. O mesmo aconteceu no setor de fundos de investimento na década de 90 com os DI, renda fixa, multimercados. Agora, esses fundos encontram-se numa fase de consolidação.
O crescimento da previdência privada é um resultado da situação econômica, na visão do professor do IBMEC-SP e sócio da ForeSee Investimentos, João Luiz Mascolo. "Num país em que 40% dos brasileiros vivem do trabalho informal, não poderia ser diferente", avalia. "Essas pessoas precisam sozinhas garantir sua aposentadoria, já que não poderão contar com o governo."(DF e DC)
Matéria publicada no Valor Econômico de 23 de Janeiro de 2006.
Crescimento ilusório
Por Danilo Fariello e Daniele Camba
De São Paulo
Quem olha o tamanho do setor de fundos de investimentos no Brasil, hoje com cerca de R$ 700 bilhões, acha que ele vai de vento em popa. Mas, observando com cuidado, a história é bem diferente. Excluídos os fundos de previdência, o setor registrou mais saques do que aportes de 2001 até o ano passado. Levantamento feito pelo site financeiro Fortuna a pedido do Valor mostra que, nos últimos cinco anos, os fundos tiveram perda líquida (resgates menos aplicações) média de 1,8% do patrimônio total ao ano. Em 2001, o segmento tinha R$ 268 bilhões de patrimônio e fechou 2005 com R$ 583 bilhões. Esse crescimento é resultado principalmente da rentabilidade. Se dependesse unicamente das aplicações novas, o patrimônio chegaria em 2005 com R$ 20 bilhões a menos do que tinha no começo. O levantamento exclui fundos de previdência, que trilharam caminho contrário.
Em apenas dois dos últimos cinco anos houve captação líquida nos fundos de investimento. E o maior avanço, em 2003 - com captação de 16,1% -, foi mais uma recuperação do tombo que o setor tomou em 2002, com a crise da marcação a mercado. No ano passado, o segmento cresceu apenas 2,8%, graças principalmente aos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). "Se não fosse isso, provavelmente os saques continuariam a superar os depósitos ou, no máximo, o setor ficaria no zero a zero", diz Marcelo D'Agosto, sócio do Fortuna.
Para D'Agosto, os fundos ainda não atingiram camadas mais populares de investidores, que temem a complexa estrutura do mercado. Ele diz, ainda, que o acesso aos fundos é muito restrito, principalmente pela falta de informações disponíveis.
Marcelo Bonini, Diretor de Ativos de Terceiros da Caixa Econômica Federal, diz que o setor está perfeitamente estruturado, mas questões culturais ainda impedem a expansão das aplicações. Para ele, os gestores são altamente qualificados, os produtos são diversificados e a regulação adequada. "Porém, investidores ainda têm dificuldades em escolher fundos, e gerentes muitas vezes têm medo em oferecer algo que não compreendem totalmente." A recente mudança da tributação das carteiras, por exemplo, lançou mais uma incógnita nessa complexa equação, diz.
Maria Cecilia Rossi, sócia da Inter-link Consultoria de Mercado de Capitais e ex-diretora da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) diz que seria preciso oferecer mais educação financeira aos investidores para que entendam as vantagens dos fundos. Sérgio de Oliveira, diretor-executivo do Bradesco e vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), reconhece que falta ainda melhor capacitação dos profissionais que distribuem os fundos para apresentar os produtos de maneira mais eficiente aos investidores. "Mas isso tem melhorado."
No topo da pirâmide, ou seja, entre os investidores de maior renda, houve também motivos para os fundos perderem atratividade. Maria Cecília, da Inter-link, diz que a criação da conta-investimento, que isenta da CPMF movimentações entre diferentes aplicações, diminuiu a importância dos fundos exclusivos, que eram procurados principalmente para esse fim.
Um fator regulatório também diminuiu o apetite dos gestores para buscar cotistas. Maria Cecilia diz que o maior rigor da CVM na regulação dos fundos, apesar de oferecer mais transparência, acabou implicando custos mais elevados para administradores. "O preço de manter um fundo subiu e reduziu a competição no mercado."
Em 2002, a perda líquida foi a mais dramática, chegando a 21,1%. O motivo foi a marcação a mercado, uma regra do Banco Central que determinou que todos os fundos registrassem os papéis que possuíam pelo valor corrente, como se fossem vendê-los naquele dia. Uma parte dos gestores não fazia isso. Naquele momento, com a eleição presidencial conturbada, os papéis apresentavam forte volatilidade e a mudança acabou por provocar perdas nas cotas de fundos. Muitas carteiras de renda fixa e DI registraram perdas surpreendentes para seus cotistas.
Esse evento mostrou ao investidor que ele pode perder dinheiro até nos fundos mais conservadores. A volatilidade das cotas provocou uma onda de saques. Para André Luiz Oda, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) muitos investidores migraram dos fundos para a caderneta de poupança ou para os CDBs e não voltaram mais.
O recolhimento do imposto de renda (IR) sobre os ganhos semestralmente, (conhecido como "come-cotas") também garfa um bom pedaço dos recursos, aparecendo como saques na conta da captação líquida. A tributação teria tirado dos fundos cerca de R$ 50 bilhões nesses cinco anos, estima o também vice-presidente da Anbid, Marcelo Giufrida. "Se olharmos por esse prisma, o setor teve captação líquida de R$ 30 bilhões e não perdas de R$ 20 bilhões." Mas ele reconhece que houve recuo nas aplicações em relação aos anos 90. Nos últimos cinco anos, além da previdência, Giufrida lembra que houve a concorrência dos CDBs, que deixaram de pagar CPMF na reaplicação, com a conta-investimento, não têm come-cotas nem taxa de administração.
Oliveira, do Bradesco, diz que, apesar de ter a captação reduzida, a importância dos fundos cresceu nos últimos anos para 40% do Produto Interno Bruto (PIB). "Além disso, os fundos abrigam mais de 60% das aplicações financeiras."
Gestores acreditam que a queda dos juros trará um futuro melhor, já que o investidor deverá ter um apetite maior por risco em busca de ganhos melhores do que em CDBs ou fundos de renda fixa. "Veremos uma onda de aplicações em carteiras como multimercados e fundos de ações", diz o professor do IBMEC-SP e sócio da ForeSee Investimentos, João Luiz Mascolo.
Previdência privada rouba recursos das demais carteiras
De São Paulo
O desenvolvimento da previdência privada, que ganhou força ao longo dos últimos cinco anos, fez com que muitos investidores transferissem recursos dos fundos regulares para carteiras voltadas à aposentadoria do tipo PGBL, VGBL e Fapi. A análise do site Fortuna, que leva em conta esses planos de previdência, indica que, nesse período, a captação líquida do segmento foi de R$ 32 bilhões, enquanto os demais tipos de fundos perderam R$ 20 bilhões nessa mesma conta.
Entre 2001 e 2002, os planos de previdência praticamente dobraram de tamanho, impulsionados por novos aportes. Nos últimos dois anos, entretanto, esse crescimento no volume de recursos captados caiu, mas em 2005 as contribuições no segmento ainda avançaram, proporcionalmente, dez vezes mais do que os depósitos dos fundos em geral.
A arrancada na captação da previdência privada em relação ao seu patrimônio justifica-se principalmente por se tratar de um mercado recente, que começou a se formar em 1998 e suas regras evoluíram bastante ao longo dos anos. Novidades trazidas como benefícios tributários - ampliados no ano passado com a criação da tabela regressiva, que pode reduzir o imposto para 10% independente do valor aplicado - e possibilidade de aquisição de renda mensal no futuro encantaram investidores que visam retorno em prazos mais longos.
Maria Cecilia Rossi, sócia da Inter-link Consultoria de Mercado de Capitais e ex-diretora da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acredita que a previdência privada roubou recursos dos demais fundos. São produtos mais adequados a muitos que antes ficavam em fundos regulares por falta de opção melhor. A tributação na previdência beneficia o investimento de longo prazo. "A possibilidade de abatimento do imposto de renda também é uma vantagem que atraiu muitos investidores", diz Maria Cecilia.
Além disso, ela diz que, no período, houve maior esforço dos bancos e seguradoras em treinar pessoas para distribuir produtos de previdência do que normalmente ocorre com os fundos de investimento. O diretor-executivo do Bradesco, Sérgio de Oliveira, afirma que muitos aplicadores transferiram investimentos de longo prazo para a previdência. O Bradesco é o segundo maior gestor de recursos do país e sua seguradora é líder no setor de previdência privada.
E esse crescimento estaria apenas no começo. As perspectivas de uma expansão econômica maior nos próximos anos e a possível reforma da previdência são dois fatores que devem impulsionar ainda mais a captação da previdência privada, avalia o vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Marcelo Giufrida.
Ele lembra que esse crescimento das carteiras de previdência é natural de um mercado iniciante. O mesmo aconteceu no setor de fundos de investimento na década de 90 com os DI, renda fixa, multimercados. Agora, esses fundos encontram-se numa fase de consolidação.
O crescimento da previdência privada é um resultado da situação econômica, na visão do professor do IBMEC-SP e sócio da ForeSee Investimentos, João Luiz Mascolo. "Num país em que 40% dos brasileiros vivem do trabalho informal, não poderia ser diferente", avalia. "Essas pessoas precisam sozinhas garantir sua aposentadoria, já que não poderão contar com o governo."(DF e DC)
Wednesday, January 18, 2006
Entrevista com ABN Amro Asset
Matéria publicada no Valor Econômico de 18/01/06.
ABN promete incomodar os concorrentes
Por Daniele Camba De São Paulo
Foto: Fabiano Cerchiari/Valor
Juros em queda, inflação controlada, aceleração do crescimento e fluxo de capital estrangeiro são ingredientes que devem fazer o Índice Bovespa chegar ao fim do ano em 45 mil pontos. Para Paulo Werneck, da ABN Amro Asset Management, esta pode ser a hora certa dos bancos, aos poucos, começarem a oferecer fundos de ações aos clientes de varejo, o que hoje acontece de forma incipiente.
Werneck é hoje o principal executivo da ABN Asset, no lugar de Luiz Maia, que passa a ser consultor para assuntos de sustentabilidade do banco. Com novos tipos de fundos, o executivo promete incomodar os concorrentes e quer transformar a gestora do ABN, hoje na 8ª posição, com R$ 31,7 bilhões, na 5ª maior administradora de recursos do país, atrás apenas da BB DTVM, Itaú, Bradesco e CEF.
Werneck tem uma grande responsabilidade, já que a asset brasileira foi considerada pelo grupo holandês a mais importante entre todos os emergentes neste ano. Hoje, a gestora representa 6% dos 173 bilhões de euros administrados pelo banco no mundo.
Com 22 anos de mercado, o executivo passou pelo Citibank, Rabobank e os últimos sete como executivo do ABN. Também teve uma rápida passagem pelo governo federal, trabalhando na equipe econômica do Ministério da Fazenda entre 1998 e 1999. A seguir, os principais trechos da entrevista que Werneck concedeu com exclusividade ao Valor.
Valor: Há um consenso de que a bolsa será um bom investimento este ano. O que o senhor acha?
Paulo Werneck: Temos projeção do Ibovespa em 45 mil pontos para o fim do ano, calcada em redução de taxa de juros, inflação sob controle e crescimento maior. O cenário é bastante bom. O crescimento mundial será o mesmo do ano passado. Os Estados Unidos aceleram um pouco e Europa fica igual, além da China, que já vem puxando a economia. Isso beneficia as commodities.
Valor: Quais os melhores setores da bolsa neste ano?
Werneck: Comprando Brasil com outros países, tem alguns setores muito bons, como petroquímico, mineração e siderurgia.
Valor: O estrangeiro vem impulsionando a alta da bolsa. Esse fluxo deve continuar?
Werneck: Sim. Em termos de taxa de retorno, o Brasil continua sendo muito atraente. Comparando com Turquia, Leste Europeu e Polônia, o Brasil é o que dá mais tranqüilidade de investir, com um arcabouço institucional que funciona, com um processo democrático tranqüilo. Além disso, onde o estrangeiro vai buscar retornos tão altos? O Brasil tem a melhor relação custo/benefício. O fluxo do câmbio financeiro está explodindo. Se não fosse o Banco Central comprando, o dólar estaria abaixo de R$ 2,00.
Valor: A eleição presidencial deve trazer volatilidade?
Werneck: Num primeiro instante, não teremos volatilidade grande, mas ela deve se acentuar quando tivermos uma definição de quem são os candidatos a presidente e quais os seus planos. Eles começam a ficar mais incisivos em seus discursos, isso acirra a disputa e, por isso, aumenta a volatilidade. Provavelmente não teremos mais um discurso radical destoando dos outros, algo que já aconteceu.
Valor: Com essas projeções tão otimistas para bolsa, o senhor acha que já é momento de oferecer fundos de ações aos clientes de varejo?
Werneck: A Bovespa está fazendo um trabalho interessante, levando informação sobre ações para as pessoas. Isso é importante porque o investidor precisa ter a cultura de investir em bolsa, principalmente o cliente do varejo. A taxa de juros sempre foi alta no Brasil, continua alta, mas à medida que ela for caindo, o apetite por risco aumenta. E não é só isso. Com a queda dos juros, o horizonte de aplicação fica mais longo e a bolsa entra no radar. Mas o investidor precisa entender que é uma aplicação mais arriscada. Hoje, oferecer fundos com gestão ativa de bolsa no varejo é um pouco prematuro.
Valor: Por quê?
Werneck: Porque esse cliente ainda não tem a cultura de bolsa. Um fundo ativo significa que ele pode ter um desempenho diferente do Ibovespa, por exemplo, e o grande público ainda não consegue entender isso. O investidor vê no jornal que Ibovespa subiu 5% e o seu fundo caiu 1%. Ele não consegue entender que o fundo pode ter composição diferente do índice.
Valor: E os fundos passivos, já daria para vendê-los no varejo? A venda não é muito tímida hoje?
Werneck: Para fundos passivos já tem espaço sim. E você tem razão, essa venda no varejo é muito tímida comparada com outros países. Isso vai mudar, mas leva algum tempo. Tem de criar a cultura de bolsa primeiro. É passo a passo. Primeiro o investidor entende o risco de bolsa. Num segundo momento, aplica em fundos passivos e depois entra em carteiras ativas. Para a grande maioria, bolsa ainda é algo muito especulativo. E não é. É baseado em análises fundamentalistas, de longo prazo e eles não têm essa visão.
Valor: E quando o investidor estará pronto para entrar em bolsa?
Werneck: Quando a taxa de juros chegar num nível mais baixo. Esse é o grande empurrão para o cliente entrar em bolsa. Horizonte de mais longo de investimento e taxa de juros caindo é o caminho para desenvolvimento do mercado de capitais. O apetite por risco já está começando. Primeiro vem do investidor mais qualificado - o institucional, o do private -, depois bate no varejo.
Valor: Quanto do patrimônio da ABN Asset está em renda variável?
Werneck: Em torno de 8% do patrimônio total. Muito menos que os 47% que representa dentro dos 173 bilhões de euros administrados pelo ABN no mundo.
Valor: Até onde o senhor acha que esse percentual pode subir?
Werneck: Isso é difícil de saber. Nos EUA e na Europa, por exemplo, a representatividade do mercado de ações é muito maior que o de renda fixa. É o contrário do que ocorre no Brasil. A proporção não é igual (90% ações e 10% renda fixa). O mercado acionário é bem maior. No Brasil, há uma série de melhorias estruturais para serem feitas, mas muita coisa já evoluiu, estamos no caminho certo.
Valor: Além da bolsa, que outros ativos são atrativos?
Werneck: O momento ainda é bom para aplicar em juros, mas teremos uma redução expressiva na taxa, vendo a Selic chegar no fim do ano em 15%. Isso representa juros reais de 10%. O mínimo que o Brasil teve foi 8,5%. Atingindo esse nível ou mais baixo, será ainda mais atraente estar em bolsa, porque teremos mais crescimento econômico. Neste momento, não vejo nada melhor que a bolsa.
Valor: O dólar deve continuar depreciado frente ao real?
Werneck: Estamos vendo o dólar estável este ano fechando em algo como R$ 2,25 ou R$ 2,30. Com a produção destinada ao mercado interno subindo, sustentada pelo consumo local, as exportações caem e o BC pode tirar um pouco o pé das compras de dólar, mas a oscilação será pequena. Não vale a pena como investimento, principalmente comparado com o custo de oportunidade da taxa de juros.
Valor: Os fundos para investidores institucionais possuem taxas de administração bastante baixas, enquanto que no varejo as taxas ainda são altas. Por que isso acontece?
Werneck: Não concordo. Alguns produtos de renda fixa padronizados já estão com taxas bem baixas. Existem fundos DI com taxas entre 0,60% e 1% ao ano. O conceito de alta ou baixa depende do tipo de fundo. Se a finalidade é apenas comprar títulos públicos dá para ser mais condescendente na taxa. Já os fundos que compram títulos de dívida privada, que estão crescendo, exigem uma análise de crédito.
Valor: Com base no ranking global de administradores de recursos da Anbid, de novembro, o ABN está em oitavo lugar com R$ 31,7 bilhões sob administração. Quais os planos do senhor para subir no ranking?
Werneck: Eu divido o ranking em três grandes pedaços: o primeiro, o segundo e o terceiro lugares (BB DTVM, Itaú e Bradesco) são difíceis de competir. Só é possível alcançá-los via uma aquisição. O segundo grupo é o das assets entre R$ 30 bilhões, no qual estamos, e as outras abaixo disso. Estamos brigando nesse bolo dos R$ 30 bilhões. Nesse grupo, a diferença entre as assets é entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão. É nisso que o cliente institucional faz a diferença. O crescimento no varejo é no longo prazo. Já no institucional, um cliente a mais pode representar mais R$ 1 bilhão. Queremos incomodar nossos concorrentes, sem sombra de dúvida.
Valor: Como?
Werneck: Com novos produtos, tanto para o varejo quando para os institucionais. Estamos apostando bastante nisso. A minha idéia é encabeçar essa lista dos R$ 30 bilhões, estando logo em seguida da CEF, que está em quarto lugar. Com a presença do ABN no mundo, temos a possibilidade de transferência de conhecimentos. Pretendemos usar a experiência de países desenvolvidos para vermos como se aplica aqui.
Valor: Existe demanda para novos tipos de investimentos?
Werneck: Sim. O setor ainda está muito concentrado em DI pela própria característica do mercado. Com a queda dos juros, o investidor certamente terá mais interesse por outros fundos. A asset que largar na frente vai ganhar mercado.
Valor: Também há espaço para outros tipos de ativos dentro das carteiras dos fundos?
Werneck: Há espaço para usar mais commodities, por exemplo. Os fundos brasileiros usam só câmbio, juros e bolsa. Mesmo nos multimercados, ganha aquele gestor que tem a melhor capacidade apenas de negociar melhor os três mercados. Ninguém entra em outros ativos. A necessidade de oferecer bons retornos vai forçar os gestores a buscar alternativas. Estamos vendo o crescimento no número de fundos imobiliários, os CRIs, até mesmo títulos de dívida corporativa e os seus derivativos.
Valor: O principal executivo da asset no mundo, Frank Kusse, disse ao Valor recentemente que o Brasil era o principal país emergente na área de administração de recursos do ABN. No entanto, o país não tem dado o retorno esperado. Como isso pode mudar?
Werneck: Quando ele disse isso, tinha acabado de assumir o Brasil sem entender bem que a dinâmica do mercado brasileiro é muito diferente dos mercados desenvolvidos em que a arquitetura aberta, por exemplo, já é algo estabelecido. Enquanto no Brasil isso existe apenas para o private. Também há uma grande diferença entre o peso da renda variável no Brasil e em outros países. Hoje, a opinião dele já é diferente. O Brasil tem uma participação expressiva no resultado global da asset. Todas as metas dos últimos anos foram cumpridas. Em termos de receita/despesa, o Brasil tem uma relação compatível com a dos melhores países.
Matéria publicada no Valor Econômico de 18/01/06.
ABN promete incomodar os concorrentes
Por Daniele Camba De São Paulo
Foto: Fabiano Cerchiari/Valor
Juros em queda, inflação controlada, aceleração do crescimento e fluxo de capital estrangeiro são ingredientes que devem fazer o Índice Bovespa chegar ao fim do ano em 45 mil pontos. Para Paulo Werneck, da ABN Amro Asset Management, esta pode ser a hora certa dos bancos, aos poucos, começarem a oferecer fundos de ações aos clientes de varejo, o que hoje acontece de forma incipiente.
Werneck é hoje o principal executivo da ABN Asset, no lugar de Luiz Maia, que passa a ser consultor para assuntos de sustentabilidade do banco. Com novos tipos de fundos, o executivo promete incomodar os concorrentes e quer transformar a gestora do ABN, hoje na 8ª posição, com R$ 31,7 bilhões, na 5ª maior administradora de recursos do país, atrás apenas da BB DTVM, Itaú, Bradesco e CEF.
Werneck tem uma grande responsabilidade, já que a asset brasileira foi considerada pelo grupo holandês a mais importante entre todos os emergentes neste ano. Hoje, a gestora representa 6% dos 173 bilhões de euros administrados pelo banco no mundo.
Com 22 anos de mercado, o executivo passou pelo Citibank, Rabobank e os últimos sete como executivo do ABN. Também teve uma rápida passagem pelo governo federal, trabalhando na equipe econômica do Ministério da Fazenda entre 1998 e 1999. A seguir, os principais trechos da entrevista que Werneck concedeu com exclusividade ao Valor.
Valor: Há um consenso de que a bolsa será um bom investimento este ano. O que o senhor acha?
Paulo Werneck: Temos projeção do Ibovespa em 45 mil pontos para o fim do ano, calcada em redução de taxa de juros, inflação sob controle e crescimento maior. O cenário é bastante bom. O crescimento mundial será o mesmo do ano passado. Os Estados Unidos aceleram um pouco e Europa fica igual, além da China, que já vem puxando a economia. Isso beneficia as commodities.
Valor: Quais os melhores setores da bolsa neste ano?
Werneck: Comprando Brasil com outros países, tem alguns setores muito bons, como petroquímico, mineração e siderurgia.
Valor: O estrangeiro vem impulsionando a alta da bolsa. Esse fluxo deve continuar?
Werneck: Sim. Em termos de taxa de retorno, o Brasil continua sendo muito atraente. Comparando com Turquia, Leste Europeu e Polônia, o Brasil é o que dá mais tranqüilidade de investir, com um arcabouço institucional que funciona, com um processo democrático tranqüilo. Além disso, onde o estrangeiro vai buscar retornos tão altos? O Brasil tem a melhor relação custo/benefício. O fluxo do câmbio financeiro está explodindo. Se não fosse o Banco Central comprando, o dólar estaria abaixo de R$ 2,00.
Valor: A eleição presidencial deve trazer volatilidade?
Werneck: Num primeiro instante, não teremos volatilidade grande, mas ela deve se acentuar quando tivermos uma definição de quem são os candidatos a presidente e quais os seus planos. Eles começam a ficar mais incisivos em seus discursos, isso acirra a disputa e, por isso, aumenta a volatilidade. Provavelmente não teremos mais um discurso radical destoando dos outros, algo que já aconteceu.
Valor: Com essas projeções tão otimistas para bolsa, o senhor acha que já é momento de oferecer fundos de ações aos clientes de varejo?
Werneck: A Bovespa está fazendo um trabalho interessante, levando informação sobre ações para as pessoas. Isso é importante porque o investidor precisa ter a cultura de investir em bolsa, principalmente o cliente do varejo. A taxa de juros sempre foi alta no Brasil, continua alta, mas à medida que ela for caindo, o apetite por risco aumenta. E não é só isso. Com a queda dos juros, o horizonte de aplicação fica mais longo e a bolsa entra no radar. Mas o investidor precisa entender que é uma aplicação mais arriscada. Hoje, oferecer fundos com gestão ativa de bolsa no varejo é um pouco prematuro.
Valor: Por quê?
Werneck: Porque esse cliente ainda não tem a cultura de bolsa. Um fundo ativo significa que ele pode ter um desempenho diferente do Ibovespa, por exemplo, e o grande público ainda não consegue entender isso. O investidor vê no jornal que Ibovespa subiu 5% e o seu fundo caiu 1%. Ele não consegue entender que o fundo pode ter composição diferente do índice.
Valor: E os fundos passivos, já daria para vendê-los no varejo? A venda não é muito tímida hoje?
Werneck: Para fundos passivos já tem espaço sim. E você tem razão, essa venda no varejo é muito tímida comparada com outros países. Isso vai mudar, mas leva algum tempo. Tem de criar a cultura de bolsa primeiro. É passo a passo. Primeiro o investidor entende o risco de bolsa. Num segundo momento, aplica em fundos passivos e depois entra em carteiras ativas. Para a grande maioria, bolsa ainda é algo muito especulativo. E não é. É baseado em análises fundamentalistas, de longo prazo e eles não têm essa visão.
Valor: E quando o investidor estará pronto para entrar em bolsa?
Werneck: Quando a taxa de juros chegar num nível mais baixo. Esse é o grande empurrão para o cliente entrar em bolsa. Horizonte de mais longo de investimento e taxa de juros caindo é o caminho para desenvolvimento do mercado de capitais. O apetite por risco já está começando. Primeiro vem do investidor mais qualificado - o institucional, o do private -, depois bate no varejo.
Valor: Quanto do patrimônio da ABN Asset está em renda variável?
Werneck: Em torno de 8% do patrimônio total. Muito menos que os 47% que representa dentro dos 173 bilhões de euros administrados pelo ABN no mundo.
Valor: Até onde o senhor acha que esse percentual pode subir?
Werneck: Isso é difícil de saber. Nos EUA e na Europa, por exemplo, a representatividade do mercado de ações é muito maior que o de renda fixa. É o contrário do que ocorre no Brasil. A proporção não é igual (90% ações e 10% renda fixa). O mercado acionário é bem maior. No Brasil, há uma série de melhorias estruturais para serem feitas, mas muita coisa já evoluiu, estamos no caminho certo.
Valor: Além da bolsa, que outros ativos são atrativos?
Werneck: O momento ainda é bom para aplicar em juros, mas teremos uma redução expressiva na taxa, vendo a Selic chegar no fim do ano em 15%. Isso representa juros reais de 10%. O mínimo que o Brasil teve foi 8,5%. Atingindo esse nível ou mais baixo, será ainda mais atraente estar em bolsa, porque teremos mais crescimento econômico. Neste momento, não vejo nada melhor que a bolsa.
Valor: O dólar deve continuar depreciado frente ao real?
Werneck: Estamos vendo o dólar estável este ano fechando em algo como R$ 2,25 ou R$ 2,30. Com a produção destinada ao mercado interno subindo, sustentada pelo consumo local, as exportações caem e o BC pode tirar um pouco o pé das compras de dólar, mas a oscilação será pequena. Não vale a pena como investimento, principalmente comparado com o custo de oportunidade da taxa de juros.
Valor: Os fundos para investidores institucionais possuem taxas de administração bastante baixas, enquanto que no varejo as taxas ainda são altas. Por que isso acontece?
Werneck: Não concordo. Alguns produtos de renda fixa padronizados já estão com taxas bem baixas. Existem fundos DI com taxas entre 0,60% e 1% ao ano. O conceito de alta ou baixa depende do tipo de fundo. Se a finalidade é apenas comprar títulos públicos dá para ser mais condescendente na taxa. Já os fundos que compram títulos de dívida privada, que estão crescendo, exigem uma análise de crédito.
Valor: Com base no ranking global de administradores de recursos da Anbid, de novembro, o ABN está em oitavo lugar com R$ 31,7 bilhões sob administração. Quais os planos do senhor para subir no ranking?
Werneck: Eu divido o ranking em três grandes pedaços: o primeiro, o segundo e o terceiro lugares (BB DTVM, Itaú e Bradesco) são difíceis de competir. Só é possível alcançá-los via uma aquisição. O segundo grupo é o das assets entre R$ 30 bilhões, no qual estamos, e as outras abaixo disso. Estamos brigando nesse bolo dos R$ 30 bilhões. Nesse grupo, a diferença entre as assets é entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão. É nisso que o cliente institucional faz a diferença. O crescimento no varejo é no longo prazo. Já no institucional, um cliente a mais pode representar mais R$ 1 bilhão. Queremos incomodar nossos concorrentes, sem sombra de dúvida.
Valor: Como?
Werneck: Com novos produtos, tanto para o varejo quando para os institucionais. Estamos apostando bastante nisso. A minha idéia é encabeçar essa lista dos R$ 30 bilhões, estando logo em seguida da CEF, que está em quarto lugar. Com a presença do ABN no mundo, temos a possibilidade de transferência de conhecimentos. Pretendemos usar a experiência de países desenvolvidos para vermos como se aplica aqui.
Valor: Existe demanda para novos tipos de investimentos?
Werneck: Sim. O setor ainda está muito concentrado em DI pela própria característica do mercado. Com a queda dos juros, o investidor certamente terá mais interesse por outros fundos. A asset que largar na frente vai ganhar mercado.
Valor: Também há espaço para outros tipos de ativos dentro das carteiras dos fundos?
Werneck: Há espaço para usar mais commodities, por exemplo. Os fundos brasileiros usam só câmbio, juros e bolsa. Mesmo nos multimercados, ganha aquele gestor que tem a melhor capacidade apenas de negociar melhor os três mercados. Ninguém entra em outros ativos. A necessidade de oferecer bons retornos vai forçar os gestores a buscar alternativas. Estamos vendo o crescimento no número de fundos imobiliários, os CRIs, até mesmo títulos de dívida corporativa e os seus derivativos.
Valor: O principal executivo da asset no mundo, Frank Kusse, disse ao Valor recentemente que o Brasil era o principal país emergente na área de administração de recursos do ABN. No entanto, o país não tem dado o retorno esperado. Como isso pode mudar?
Werneck: Quando ele disse isso, tinha acabado de assumir o Brasil sem entender bem que a dinâmica do mercado brasileiro é muito diferente dos mercados desenvolvidos em que a arquitetura aberta, por exemplo, já é algo estabelecido. Enquanto no Brasil isso existe apenas para o private. Também há uma grande diferença entre o peso da renda variável no Brasil e em outros países. Hoje, a opinião dele já é diferente. O Brasil tem uma participação expressiva no resultado global da asset. Todas as metas dos últimos anos foram cumpridas. Em termos de receita/despesa, o Brasil tem uma relação compatível com a dos melhores países.
Monday, January 16, 2006
BBM Asset Management
Artigo publicado no Valor Econômico de 16/01/06.
Ex-diretor do BC assume gestora do Banco BBM
Por Catherine Vieira Do Rio
Foto: Leo Pinheiro/Valor
Mais uma gestora de recursos passa a ter um ex-diretor do Banco Central (BC) no comando. Beny Parnes, também professor da PUC-Rio, está no BBM desde 1991, mas pela primeira vez assume a área de administração de recursos do banco, que tem um volume administrado de cerca de R$ 2 bilhões. Nos anos de 2002 e 2003, Parnes se afastou do banco carioca para assumir a diretoria internacional do BC.
Durante o ano passado, o BBM promoveu uma reestruturação no seu segmento de administração de recursos, que foi reincorporado ao banco. Durante um período de quase dois anos, a gestora transformou-se numa sociedade à parte do banco, ainda que tocada por Bruno Mariani, da família Mariani, donos do BBM.
Com o ex-diretor do BC no comando, o BBM passa a ter também Júlio Fernandes como gestor de renda fixa, André Spolidoro na renda variável e Tomás Brisola chefiando a área de análise. "Nós investimos muito em capital humano, em pessoal qualificado", diz Parnes. "Além disso meu perfil sempre foi da área de pesquisa, análise, então é inevitável que esse aspecto passe a ser cada vez mais forte aqui no asset". Ele ressalta que manterá a filosofia do banco, que é a da preservação do capital, da permanência, do longo prazo. "O BBM é uma instituição que vai fazer 150 anos", completou o economista.
Nos números, as mudanças já trazem reflexos positivos. Depois de sofrer, como a maioria dos gestores que focam em fundos diferenciados e multimercados, o BBM começou a recuperar a rentabilidade no segundo semestre de 2002. O BBM High Yield foi um dos fundos mais rentáveis da categoria no segundo semestre do ano passado, com ganhos de 17,16% no período, o equivalente a 185% do CDI. O mais jovem fundo da carteira, o BBM Valuation, bateu também o Ibovespa e fechou o ano passado com ganho de 34%. Um novo fundo deve ser lançado, com perfil mais agressivo e carência para os resgates, uma nova tendência do segmento de multimercados.
Apesar de continuar bastante concentrado no segmento de pessoas físicas com perfil de private banking e de manter a filosofia de clientes com perfil de longo prazo, o BBM também já possui na carteira investidores institucionais e pessoas jurídicas.
O plano agora é expandir as fronteiras, aproveitando os novos escritórios abertos pelo banco em outras praças, como Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Campinas. "Vamos aproveitar esses escritórios para fazer um esforço de captação também nessas praças, por isso estamos recrutando cerca de sete pessoas para atuar nesse segmento de private banking", explica Patrícia Carvalho, que comanda a área comercial da gestora de recursos do BBM. Os fundos são administrados pela própria equipe de gestores do BBM e exigem aplicação mínima de R$ 50 mil.
Para Parnes, que sempre atuou mais na análise ou na área internacional (diretoria que ocupou no Banco Central), o cenário para a economia brasileira neste ano é muito bom e o país reúne várias condições positivas como em poucos momentos ocorreu. "Reduzimos nossa vulnerabilidade, há um movimento de corte de juro em curso", diz Parnes. "Mas, olhando o longo prazo, precisamos retomar as reformas com seriedade se quisermos ter um crescimento sustentado em níveis mais elevados", concluiu.
Artigo publicado no Valor Econômico de 16/01/06.
Ex-diretor do BC assume gestora do Banco BBM
Por Catherine Vieira Do Rio
Foto: Leo Pinheiro/Valor
Mais uma gestora de recursos passa a ter um ex-diretor do Banco Central (BC) no comando. Beny Parnes, também professor da PUC-Rio, está no BBM desde 1991, mas pela primeira vez assume a área de administração de recursos do banco, que tem um volume administrado de cerca de R$ 2 bilhões. Nos anos de 2002 e 2003, Parnes se afastou do banco carioca para assumir a diretoria internacional do BC.
Durante o ano passado, o BBM promoveu uma reestruturação no seu segmento de administração de recursos, que foi reincorporado ao banco. Durante um período de quase dois anos, a gestora transformou-se numa sociedade à parte do banco, ainda que tocada por Bruno Mariani, da família Mariani, donos do BBM.
Com o ex-diretor do BC no comando, o BBM passa a ter também Júlio Fernandes como gestor de renda fixa, André Spolidoro na renda variável e Tomás Brisola chefiando a área de análise. "Nós investimos muito em capital humano, em pessoal qualificado", diz Parnes. "Além disso meu perfil sempre foi da área de pesquisa, análise, então é inevitável que esse aspecto passe a ser cada vez mais forte aqui no asset". Ele ressalta que manterá a filosofia do banco, que é a da preservação do capital, da permanência, do longo prazo. "O BBM é uma instituição que vai fazer 150 anos", completou o economista.
Nos números, as mudanças já trazem reflexos positivos. Depois de sofrer, como a maioria dos gestores que focam em fundos diferenciados e multimercados, o BBM começou a recuperar a rentabilidade no segundo semestre de 2002. O BBM High Yield foi um dos fundos mais rentáveis da categoria no segundo semestre do ano passado, com ganhos de 17,16% no período, o equivalente a 185% do CDI. O mais jovem fundo da carteira, o BBM Valuation, bateu também o Ibovespa e fechou o ano passado com ganho de 34%. Um novo fundo deve ser lançado, com perfil mais agressivo e carência para os resgates, uma nova tendência do segmento de multimercados.
Apesar de continuar bastante concentrado no segmento de pessoas físicas com perfil de private banking e de manter a filosofia de clientes com perfil de longo prazo, o BBM também já possui na carteira investidores institucionais e pessoas jurídicas.
O plano agora é expandir as fronteiras, aproveitando os novos escritórios abertos pelo banco em outras praças, como Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Campinas. "Vamos aproveitar esses escritórios para fazer um esforço de captação também nessas praças, por isso estamos recrutando cerca de sete pessoas para atuar nesse segmento de private banking", explica Patrícia Carvalho, que comanda a área comercial da gestora de recursos do BBM. Os fundos são administrados pela própria equipe de gestores do BBM e exigem aplicação mínima de R$ 50 mil.
Para Parnes, que sempre atuou mais na análise ou na área internacional (diretoria que ocupou no Banco Central), o cenário para a economia brasileira neste ano é muito bom e o país reúne várias condições positivas como em poucos momentos ocorreu. "Reduzimos nossa vulnerabilidade, há um movimento de corte de juro em curso", diz Parnes. "Mas, olhando o longo prazo, precisamos retomar as reformas com seriedade se quisermos ter um crescimento sustentado em níveis mais elevados", concluiu.
Wednesday, January 11, 2006
Saga
Matéria publicada no Valor Econômico de 11 de Janeiro.
Saga abre carteira de olho na recuperação de multimercado
Catherine Vieira Do Rio
Depois de alguns anos difíceis para os multimercados - que registraram fortes resgates nos últimos três anos -, a expectativa de aumento de volatilidade, costumeira em anos eleitorais, já anima novos gestores a abrir as portas para a captação de recursos de terceiros. É o que vem acontecendo com a Saga Investimentos. O multimercado, que já vinha operando recursos próprios para montar um histórico de cotas e desde o fim do ano passado, já aceita novos cotistas em seu fundo multimercado tradicional, o Saga AGC e no fundo de fundos Saga Albatroz.
Instalada na Barra da Tijuca, para onde muitos gestores têm migrado nos últimos tempos, a Saga é liderada por Carlos Carvalho Júnior, ex-Bankers Trust e Icatu, e que já está na estrada independente há algum tempo, desde que montou a Macro Asset Management (que hoje se chama Questus). Junto com os sócios Rafael Icaza (ex-UBS) e Luiz Felipe Urquiza (ex-BofA e Mellon), Carvalho investe num modelo de multimercado mais focado no mercado de ações, sua especialidade desde os tempos de Icatu.
Apesar de não ter fugido à regra de 2005, quando os multimercados atravessaram um período de ganhos menores, o Saga AGC apresenta ganhos de 132% do CDI desde seu início, em setembro de 2003. "Este ano começou bem para os multimercados e acredito que vai haver um aumento de volatilidade, que deve beneficiar mais esse segmento", disse Carvalho.
Segundo ele, os fundos multimercados podem acabar se tornando mais interessantes porque neste tipo de carteira o gestor pode sair mais rápido de determinados investimentos no caso de uma reversão de tendência. "A bolsa já não está mais tão barata quanto era e, se ocorrer uma mudança de rumo, o multimercado sofre menos que os fundos de ações, mas ao mesmo tempo pode aproveitar oportunidades na renda variável", diz.
Carvalho explica que o fundo Saga AGC está agora com uma volatilidade em torno de 2%, mas que a previsão é que essa média seja maior em períodos mais longos. "A idéia é ficar com oscilação em torno de 5% no ano", diz. "Usamos uma estratégia de multimercado convencional, com foco grande em renda variável, mas sem correlação com nenhum mercado específico".
A administração e a custódia dos fundos ficam a cargo do Pactual e a taxa de administração do multimercado é de 2%, mais a performance de 25% sobre o que exceder o CDI. A aplicação mínima é de R$ 50 mil. Já no fundo de fundos, a taxa de administração é de 1%, mais 20% de taxa de performance sobre o que exceder o CDI e a aplicação mínima é mais elevada, de R$ 100 mil.
Matéria publicada no Valor Econômico de 11 de Janeiro.
Saga abre carteira de olho na recuperação de multimercado
Catherine Vieira Do Rio
Depois de alguns anos difíceis para os multimercados - que registraram fortes resgates nos últimos três anos -, a expectativa de aumento de volatilidade, costumeira em anos eleitorais, já anima novos gestores a abrir as portas para a captação de recursos de terceiros. É o que vem acontecendo com a Saga Investimentos. O multimercado, que já vinha operando recursos próprios para montar um histórico de cotas e desde o fim do ano passado, já aceita novos cotistas em seu fundo multimercado tradicional, o Saga AGC e no fundo de fundos Saga Albatroz.
Instalada na Barra da Tijuca, para onde muitos gestores têm migrado nos últimos tempos, a Saga é liderada por Carlos Carvalho Júnior, ex-Bankers Trust e Icatu, e que já está na estrada independente há algum tempo, desde que montou a Macro Asset Management (que hoje se chama Questus). Junto com os sócios Rafael Icaza (ex-UBS) e Luiz Felipe Urquiza (ex-BofA e Mellon), Carvalho investe num modelo de multimercado mais focado no mercado de ações, sua especialidade desde os tempos de Icatu.
Apesar de não ter fugido à regra de 2005, quando os multimercados atravessaram um período de ganhos menores, o Saga AGC apresenta ganhos de 132% do CDI desde seu início, em setembro de 2003. "Este ano começou bem para os multimercados e acredito que vai haver um aumento de volatilidade, que deve beneficiar mais esse segmento", disse Carvalho.
Segundo ele, os fundos multimercados podem acabar se tornando mais interessantes porque neste tipo de carteira o gestor pode sair mais rápido de determinados investimentos no caso de uma reversão de tendência. "A bolsa já não está mais tão barata quanto era e, se ocorrer uma mudança de rumo, o multimercado sofre menos que os fundos de ações, mas ao mesmo tempo pode aproveitar oportunidades na renda variável", diz.
Carvalho explica que o fundo Saga AGC está agora com uma volatilidade em torno de 2%, mas que a previsão é que essa média seja maior em períodos mais longos. "A idéia é ficar com oscilação em torno de 5% no ano", diz. "Usamos uma estratégia de multimercado convencional, com foco grande em renda variável, mas sem correlação com nenhum mercado específico".
A administração e a custódia dos fundos ficam a cargo do Pactual e a taxa de administração do multimercado é de 2%, mais a performance de 25% sobre o que exceder o CDI. A aplicação mínima é de R$ 50 mil. Já no fundo de fundos, a taxa de administração é de 1%, mais 20% de taxa de performance sobre o que exceder o CDI e a aplicação mínima é mais elevada, de R$ 100 mil.
Explosão dos Long/Short
Segue matéria publicada no Valor Econômico de 11 de Janeiro sobre o aumento dos fundos Long/Short.
Correção de rota
Por Daniele Camba e Angelo Pavini
De São Paulo
O bom desempenho da bolsa está levando as administradoras de recursos independentes a mudarem suas estratégias, aumentando o foco em renda variável. A conseqüência é uma verdadeira proliferação no número de fundos multimercados dedicados a fazer arbitragens de ações, conhecidos como long/short. Essa tendência também vem causando mudanças na própria estrutura das assets, que estão criando áreas específicas de bolsa e times de analistas de ações.
Um dos motivos está no desempenho dos fundos de arbitragem. Estudo com os gestores independentes com patrimônio acima de R$ 10 milhões feito pelo Valor com dados do site Fortuna indicam resultados em 2005 bem acima dos 19% do CDI. Já nos fundos multimercados em geral, a média está mais perto dos 20%. Isso se reflete também na captação, onde, com algumas exceções como Claritas, Mauá e Opus, os multimercados tradicionais perderam recursos enquanto os long/shorts ganharam.
A decisão de trilhar um novo caminho veio principalmente depois da rentabilidade abaixo do CDI que os multimercados com estratégias macroeconômicas (que tenta acertar os movimentos dos mercados e da economia) registraram e dos resgates que se seguiram nos últimos dois anos. Entre as que mudaram está a Fides Asset Management, uma gestora carioca que desde a sua criação, em 2002, tinha como carro-chefe um multimercado macroeconômico. Após a saída de um dos sócios (Cesar Trotte), que montou uma nova asset - a Mandarim - e levou junto o multimercado, a Fides resolveu concentrar esforços em novas carteiras de bolsa e em long/short.
Alguns dias depois foi a vez da Quest Investimentos anunciar a montagem de uma área de bolsa e o lançamento também de uma aplicação do tipo. Em junho passado, ela já tinha lançado um fundo de ações. Esta semana, a Modal Asset Management tornou público os planos de aumentar a participação da renda variável dentro do seu portfólio, começando com uma carteira de arbitragem.
Um dos fatores que levaram as assets independentes a mudar suas estratégias de fundos multimercados direcionais para carteiras com maior concentração em bolsa é a ausência de uma tendência definida nos principais mercados nos últimos dois anos. Os anos de 2001, 2002 e 2003 foram um período de ouro para os multimercados, que conseguiram ganhos fáceis com a taxa de juros, lembra o sócio da "family office" Tag Investimentos, Thiago de Castro. "Os fundos fizeram grandes investimentos em renda fixa e só esperaram a taxa de juros cair", diz. Já em 2004 e 2005, apesar do início do processo de queda da Selic, as possibilidades de ganhos ficaram escassas.
Foi nesse cenário sem prêmios em outros ativos e sem um norte definido que os fundos long/short acabaram despontando, já que ganham com a arbitragem de preços entre as ações. Independente do mercado ter ou não uma tendência, sempre há distorções entre papéis da bolsa, que podem representar bons ganhos para quem descobri-las.
Um fundo long/short procura ganhar com as distorções de preços entre as ações. Por exemplo, entre ordinárias e preferenciais de uma mesma empresa (comprando a descontada e vendendo a que já se valorizou), entre holding e operadora, entre companhias do mesmo setor ou de setores diferentes.
Para fechar o quadro à favor dessas carteiras, a bolsa subiu nos últimos três anos e tem fortes motivos para entrar para a história com este sendo o quarto ano de valorização. Para o diretor da Modal Asset, Alexandre Póvoa, os long/short são a maneira ideal do investidor aproveitar o bom momento da bolsa, mas ainda ter um pé na renda fixa, já que, diferente dos fundos de ações, os multimercados não precisam ficar o tempo todo com posições em renda variável. Enquanto o juro real (descontado a inflação) estiver acima de 8% ao ano, o investidor preferirá um fundo que não fique 100% exposto à bolsa.
Os analistas alertam, no entanto, para a qualidade do crescimento dos fundos de arbitragem, que exigem uma boa área de análise. "De todas as gestoras de long/short, cerca de 20% atendem a esse requisito", diz Castro, da Tag. "Muito gestor que não entende de ações lançou esse tipo de fundo porque virou moda." Outro alerta é com relação ao tamanho dos fundos que, exatamente por lidarem com arbitragem, precisam ter agilidade para comprar e vender ações rapidamente. O investidor precisa estar consciente que, como esse tipo de fundo fica vendido em ações (aluga os papéis para vendê-las), ele sofre mais que um fundo comum quando a bolsa cai.
O ano passado foi bom para esse tipo de estratégia pois havia setores na bolsa indo bem e outros não, o que tornou relativamente fácil obter retornos na arbitragem de ações, diz Dany Rappaport, da Investport Consultoria de Gestão. Ele chama a atenção, porém, que no segundo semestre, os resultados dos fundos macroeconômicos melhoraram e isso deve significar aumento de captação neste início de ano. Mas, no geral, o ano não foi bom para os multimercados e isso levou às mudanças dos gestores, que devem continuar.
No tiroteio de 2005, algumas casas se destacaram, com bom desempenho, como a Polo, a Neo Investimentos, a Mauá Asset Management (do ex-diretor do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo, que captou mais de R$ 700 milhões em um ano) e Claritas Investimentos, que teve fortes perdas de patrimônio em 2004 e deu a volta por cima em 2005, fechando com uma das melhores rentabilidades.
Outros gestores respeitados, porém, sofreram com os saques, caso da GAP, da Fidúcia Asset Management, do Pátria e da GP Investimentos - esta última terminou por fechar um dos fundos, o Petrópolis, mantendo apenas o Petrópolis Plus. Rappaport considera esse movimento de crescimento e redução natural. "É um mercado que incha e desincha, no mundo inteiro é assim", afirma. Ele reconhece que aqui esse movimento é ampliado pela concentração grande de distribuidores em private banks, que quando resgatam desequilibram as carteiras, além da liquidez diária dos fundos e de clientes pouco acostumados à volatilidade. Mas no fim, o que pesa, aqui e no resto do mundo é a capacidade do gestor de fazer o fundo render mais. "O que é uma pena pois o investidor acaba olhando mais para o passado e achando que vai ser o mesmo no futuro."
Estratégias de arbitragem foram as grandes vencedoras
De São Paulo
Um dos principais destaques do ano entre os independentes foi o resultado dos fundos de arbitragem da Polo Capital. O Polo HG FIA, classificado como long/short, acumulou no ano passado alta de 45,79% e o Polo Norte, de 28,09% - ambos bem acima do CDI, de 19% no período. Marcos Duarte, sócio da gestora, explica que o Polo HG é um fundo long/short diferenciado. Ele reúne a maioria das estratégias de arbitragem, com apostas em ações do mesmo setor ou de setores diferentes, de papéis ordinários com preferenciais de uma mesma empresa ou da holding contra a subsidiária. Mas uma estratégia que fez a carteira render mais no ano passado foi a de buscar eventos que mexessem com os papéis ("event driven"). "Ganhamos muito com operações envolvendo a reestruturação da operadora de telefonia celular Vivo", diz Duarte. O fundo aproveitou que papéis das subsidiárias da Telesp Celular estavam sendo negociadas com desconto e, quando a reestruturação saiu, o fundo teve um forte retorno.
Duarte diz que grande parte das apostas do Polo FIA é em torno de eventos que envolvam as empresas. E são operações longas, de seis meses a um ano, que vêm garantindo um retorno nos últimos três anos de cerca de 200% do CDI. Duarte deixa claro, porém, que o investidor que aplica nos fundos da Polo deve estar preparado para uma volatilidade maior. No caso do Polo HG, essa volatilidade é de 12% a 15% ao ano, enquanto no Polo Norte, que segue a carteira do HG, é de 4%.
A moda dos long/short, porém, pode criar problemas no futuro. Muitas assets se reestruturaram para se concentrar em ações e perderam o pessoal de macroeconomia, o que pode ser prejudicial, avalia Dany Rappaport, da Investport. "Neste ano, bons analistas de câmbio e juros devem ser muito importantes", afirma. Rappaport acha que os fundos macroeconômicos devem voltar a ter importância e retornos neste ano, tanto que o fundo de fundos da Investport ampliou a parcela nessas carteiras, para 55%, deixando 38% para os long/short. Em setembro, a carteira tinha 50% long/short e 30% em fundos DI.
"Os mercados este ano tendem a apresentar tendência mais clara, beneficiando os fundos macro", diz Fernando Ganme, sócio da consultoria Capital . Prova disso é o desempenho médio positivo dos fundos macro nos últimos três meses. Isso deve ocorrer exatamente pela definição de um cenário de crescimento econômico. (AP)
Segue matéria publicada no Valor Econômico de 11 de Janeiro sobre o aumento dos fundos Long/Short.
Correção de rota
Por Daniele Camba e Angelo Pavini
De São Paulo
O bom desempenho da bolsa está levando as administradoras de recursos independentes a mudarem suas estratégias, aumentando o foco em renda variável. A conseqüência é uma verdadeira proliferação no número de fundos multimercados dedicados a fazer arbitragens de ações, conhecidos como long/short. Essa tendência também vem causando mudanças na própria estrutura das assets, que estão criando áreas específicas de bolsa e times de analistas de ações.
Um dos motivos está no desempenho dos fundos de arbitragem. Estudo com os gestores independentes com patrimônio acima de R$ 10 milhões feito pelo Valor com dados do site Fortuna indicam resultados em 2005 bem acima dos 19% do CDI. Já nos fundos multimercados em geral, a média está mais perto dos 20%. Isso se reflete também na captação, onde, com algumas exceções como Claritas, Mauá e Opus, os multimercados tradicionais perderam recursos enquanto os long/shorts ganharam.
A decisão de trilhar um novo caminho veio principalmente depois da rentabilidade abaixo do CDI que os multimercados com estratégias macroeconômicas (que tenta acertar os movimentos dos mercados e da economia) registraram e dos resgates que se seguiram nos últimos dois anos. Entre as que mudaram está a Fides Asset Management, uma gestora carioca que desde a sua criação, em 2002, tinha como carro-chefe um multimercado macroeconômico. Após a saída de um dos sócios (Cesar Trotte), que montou uma nova asset - a Mandarim - e levou junto o multimercado, a Fides resolveu concentrar esforços em novas carteiras de bolsa e em long/short.
Alguns dias depois foi a vez da Quest Investimentos anunciar a montagem de uma área de bolsa e o lançamento também de uma aplicação do tipo. Em junho passado, ela já tinha lançado um fundo de ações. Esta semana, a Modal Asset Management tornou público os planos de aumentar a participação da renda variável dentro do seu portfólio, começando com uma carteira de arbitragem.
Um dos fatores que levaram as assets independentes a mudar suas estratégias de fundos multimercados direcionais para carteiras com maior concentração em bolsa é a ausência de uma tendência definida nos principais mercados nos últimos dois anos. Os anos de 2001, 2002 e 2003 foram um período de ouro para os multimercados, que conseguiram ganhos fáceis com a taxa de juros, lembra o sócio da "family office" Tag Investimentos, Thiago de Castro. "Os fundos fizeram grandes investimentos em renda fixa e só esperaram a taxa de juros cair", diz. Já em 2004 e 2005, apesar do início do processo de queda da Selic, as possibilidades de ganhos ficaram escassas.
Foi nesse cenário sem prêmios em outros ativos e sem um norte definido que os fundos long/short acabaram despontando, já que ganham com a arbitragem de preços entre as ações. Independente do mercado ter ou não uma tendência, sempre há distorções entre papéis da bolsa, que podem representar bons ganhos para quem descobri-las.
Um fundo long/short procura ganhar com as distorções de preços entre as ações. Por exemplo, entre ordinárias e preferenciais de uma mesma empresa (comprando a descontada e vendendo a que já se valorizou), entre holding e operadora, entre companhias do mesmo setor ou de setores diferentes.
Para fechar o quadro à favor dessas carteiras, a bolsa subiu nos últimos três anos e tem fortes motivos para entrar para a história com este sendo o quarto ano de valorização. Para o diretor da Modal Asset, Alexandre Póvoa, os long/short são a maneira ideal do investidor aproveitar o bom momento da bolsa, mas ainda ter um pé na renda fixa, já que, diferente dos fundos de ações, os multimercados não precisam ficar o tempo todo com posições em renda variável. Enquanto o juro real (descontado a inflação) estiver acima de 8% ao ano, o investidor preferirá um fundo que não fique 100% exposto à bolsa.
Os analistas alertam, no entanto, para a qualidade do crescimento dos fundos de arbitragem, que exigem uma boa área de análise. "De todas as gestoras de long/short, cerca de 20% atendem a esse requisito", diz Castro, da Tag. "Muito gestor que não entende de ações lançou esse tipo de fundo porque virou moda." Outro alerta é com relação ao tamanho dos fundos que, exatamente por lidarem com arbitragem, precisam ter agilidade para comprar e vender ações rapidamente. O investidor precisa estar consciente que, como esse tipo de fundo fica vendido em ações (aluga os papéis para vendê-las), ele sofre mais que um fundo comum quando a bolsa cai.
O ano passado foi bom para esse tipo de estratégia pois havia setores na bolsa indo bem e outros não, o que tornou relativamente fácil obter retornos na arbitragem de ações, diz Dany Rappaport, da Investport Consultoria de Gestão. Ele chama a atenção, porém, que no segundo semestre, os resultados dos fundos macroeconômicos melhoraram e isso deve significar aumento de captação neste início de ano. Mas, no geral, o ano não foi bom para os multimercados e isso levou às mudanças dos gestores, que devem continuar.
No tiroteio de 2005, algumas casas se destacaram, com bom desempenho, como a Polo, a Neo Investimentos, a Mauá Asset Management (do ex-diretor do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo, que captou mais de R$ 700 milhões em um ano) e Claritas Investimentos, que teve fortes perdas de patrimônio em 2004 e deu a volta por cima em 2005, fechando com uma das melhores rentabilidades.
Outros gestores respeitados, porém, sofreram com os saques, caso da GAP, da Fidúcia Asset Management, do Pátria e da GP Investimentos - esta última terminou por fechar um dos fundos, o Petrópolis, mantendo apenas o Petrópolis Plus. Rappaport considera esse movimento de crescimento e redução natural. "É um mercado que incha e desincha, no mundo inteiro é assim", afirma. Ele reconhece que aqui esse movimento é ampliado pela concentração grande de distribuidores em private banks, que quando resgatam desequilibram as carteiras, além da liquidez diária dos fundos e de clientes pouco acostumados à volatilidade. Mas no fim, o que pesa, aqui e no resto do mundo é a capacidade do gestor de fazer o fundo render mais. "O que é uma pena pois o investidor acaba olhando mais para o passado e achando que vai ser o mesmo no futuro."
Estratégias de arbitragem foram as grandes vencedoras
De São Paulo
Um dos principais destaques do ano entre os independentes foi o resultado dos fundos de arbitragem da Polo Capital. O Polo HG FIA, classificado como long/short, acumulou no ano passado alta de 45,79% e o Polo Norte, de 28,09% - ambos bem acima do CDI, de 19% no período. Marcos Duarte, sócio da gestora, explica que o Polo HG é um fundo long/short diferenciado. Ele reúne a maioria das estratégias de arbitragem, com apostas em ações do mesmo setor ou de setores diferentes, de papéis ordinários com preferenciais de uma mesma empresa ou da holding contra a subsidiária. Mas uma estratégia que fez a carteira render mais no ano passado foi a de buscar eventos que mexessem com os papéis ("event driven"). "Ganhamos muito com operações envolvendo a reestruturação da operadora de telefonia celular Vivo", diz Duarte. O fundo aproveitou que papéis das subsidiárias da Telesp Celular estavam sendo negociadas com desconto e, quando a reestruturação saiu, o fundo teve um forte retorno.
Duarte diz que grande parte das apostas do Polo FIA é em torno de eventos que envolvam as empresas. E são operações longas, de seis meses a um ano, que vêm garantindo um retorno nos últimos três anos de cerca de 200% do CDI. Duarte deixa claro, porém, que o investidor que aplica nos fundos da Polo deve estar preparado para uma volatilidade maior. No caso do Polo HG, essa volatilidade é de 12% a 15% ao ano, enquanto no Polo Norte, que segue a carteira do HG, é de 4%.
A moda dos long/short, porém, pode criar problemas no futuro. Muitas assets se reestruturaram para se concentrar em ações e perderam o pessoal de macroeconomia, o que pode ser prejudicial, avalia Dany Rappaport, da Investport. "Neste ano, bons analistas de câmbio e juros devem ser muito importantes", afirma. Rappaport acha que os fundos macroeconômicos devem voltar a ter importância e retornos neste ano, tanto que o fundo de fundos da Investport ampliou a parcela nessas carteiras, para 55%, deixando 38% para os long/short. Em setembro, a carteira tinha 50% long/short e 30% em fundos DI.
"Os mercados este ano tendem a apresentar tendência mais clara, beneficiando os fundos macro", diz Fernando Ganme, sócio da consultoria Capital . Prova disso é o desempenho médio positivo dos fundos macro nos últimos três meses. Isso deve ocorrer exatamente pela definição de um cenário de crescimento econômico. (AP)
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